Um turbilhão de ideias!

O mundo

Paixão pela Geografia.

Mapa múndi antigo

Mapa do Mundo de I. Evans - 1799.

Globos terrestres

Decorativos e lindos.

Geografia física

Estudar o físico para entender o humano.

Geopolítica

A arte de entender o mundo.

Momentos históricos.

Não é à toa que deixei para escrever sobre esse tema muito depois do acontecido, ainda mais num dia 29/02, ano bissexto. Fato raro. Queria ver, ouvir opiniões e principalmente saber quem substituiria o ditador Fidel Castro no comando de Cuba, depois de sua renúncia, após quase 50 anos de poder. Queria também saber como seriam os primeiros dias desse novo governo.
Fidel Castro foi, junto com Che Guevara, um dos líderes da Revolução Cubana, que derrubou o então ditador Fulgêncio Batista. A vitória, conquistada em 1959, prenunciava uma mudança radical na política, na economia e principalmente nas relações internacionais. Afinal de contas, os guerrilheiros que chegaram ao poder discordavam da forma como Fulgêncio governava o país. Pela proximidade com os EUA, Cuba era um paraíso para os estadunidenses. Cassinos e prostíbulos eram a grande fonte de renda do país, tudo construído para esses estrangeiros.
As mudanças prometidas vieram. Implantação do sistema socialista, aproximação com a URSS e fim das relações internacionais com Washington foram apenas algumas delas.
Cuba tornou-se importante geopoliticamente, já que era o único país reconhecidamente socialista na América Latina. Moscou passou a comprar seu açúcar, pagando valores acima do mercado para compensar a perda de arrecadação com o turismo na ilha. Dessa forma, tornou-se um inconveniente para os EUA, que tentou um ataque com refugiados cubanos na Baía dos Porcos, em 1961, para derrubar o regime de Fidel.
Depois da tentativa fracassada dos EUA, Cubanos e Soviéticos concordaram em colocar na ilha mísseis capazes de defendê-la de novos ataques. Quando Nikita Krushev, primeiro ministro russo, enviou os mísseis ficou clara a sua intenção: responder à colocação de mísseis nucleares estadunidenses na Turquia, mirando em grandes cidades soviéticas. Durante treze dias, a vinda dos cerca de quarenta mísseis nucleares russos provocou pânico e histeria nos dois países. Nunca o mundo esteve tão perto de uma guerra nuclear. Depois de um acordo, os navios com as bombas nucleares voltaram para a URSS. E as bombas dos EUA saíram da Turquia.
O sistema socialista cubano investiu pesadamente o dinheiro russo em escolas e faculdades, na saúde e nos esportes. Pode-se dizer que enquanto a URSS existiu, Cuba conseguiu sobreviver e até prosperar. Mas com o fim da URSS, Cuba ficou abandonada e sua situação apenas piorou. O agravamento da situação econômica obrigou Fidel a aceitar os dólares que vinham dos refugiados nos EUA como forma de movimentar a economia. E investiu novamente em turismo.
No fim das contas, Fidel, como todo socialista, jamais teve a intenção de levar seu país ao comunismo. Se prolongou no poder além do que devia, usou a força para repelir seus opositores, julgou e fuzilou muitos deles. Fez muitas das coisas que criticava no governo de Fulgêncio Batista.
Mas também enfrentou longas décadas de embargo econômico, imposto pelos EUA. Nos últimos quinze anos, esse embargo fez com que a população cubana sofresse como poucas no mundo. O país está dividido entre a Cuba para cubanos e Cuba para estrangeiros. O acesso à produtos básicos, como sabonetes, papel higiênico ou pães é restrito, há cotas para tudo. Apenas para
cubanos, é claro.
Cuba elegeu o irmão de Fidel, Raúl, para o seu lugar. Para entrar para a história, ele terá de fazer algo diferente do que fez até hoje seu irmão. Senão passará e será esquecido, como o insignificante irmão de Fidel. A esperança de melhora reside na discórdia entre eles.
Os EUA já disseram que não retirarão o embargo enquanto Cuba não for um país democrático, então as dificuldades continuarão. Nas aulas, por um bom tempo ainda me referirei à Cuba como o maior museu a céu aberto da história da humanidade. Espero sinceramente que a situação mude um pouco e que as pessoas parem de ser penalizadas pelas ações dos dois ditadores que se sucederam no poder.
Espero que se faça uma transição gradual, lenta e eficiente. E que a economia não "evolua" a ponto de levar para a ilha, de uma vez, todos os problemas dos países subdesenvolvidos como o Brasil. Analfabetismo, caos na saúde pública e abandono do social definitivamente não são as melhores lições para se aprender com o capitalismo que circula hoje no mundo.

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Falta pé no chão!

O governo brasileiro, na figura de seu presidente, parece estar insatisfeito com a delicada situação do emprego formal no Brasil. Sabe-se já há muito tempo que a maioria das pessoas que trabalham no Brasil estão no mercado informal, dados os altos custos com os empregados formais.
Para mudar essa situação, o presidente prometeu às centrais sindicais projeto de lei que ratifica a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que dispõe sobre as demissões sem justa causa.
Na prática, a convenção dá ao trabalhador o direito de não ser demitido sem justa causa. O empregador deverá justificar a sua decisão de demitir o funcionário, que poderá recorrer à justiça do trabalho. Esta poderá ordenar readmissão e pagamento de indenização para ambos os lados em caso de aceitar ou não a justificativa.
As centrais sindicais comemoraram a possibilidade dessa legislação voltar a vigorar no Brasil. A primeira vez que isso ocorreu foi em 1992, tendo sido retirada da constituição brasileira em 1997, por Fernando Henrique Cardoso. Nunca funcionou corretamente.
E quais as consequências práticas para o país? Vejamos: com a impossibilidade de mandar os funcionários embora, as empresas não mais os contratarão, aumentando a informalidade; vão manter os que já tiverem apenas enquanto não conseguirem "provocar" uma demissão por justa ou injusta causa, aumentando o desemprego; a justiça do trabalho, já muito eficiente em manter processos decadais, vai ficar ainda mais sobrecarregada.
Para quem não acredita que a prática é diferente da teoria, basta lembrar do período militar, em que a legislação trabalhista da CLT, utilizada nas cidades, foi extendida aos trabalhadores rurais, em uma tentativa de protegê-los dos abusos. Resultado: como os custos com a mão de obra aumentariam consideravelmente, os empregadores acharam mais proveitoso investir em maquinário, modernizaram o campo e mandaram os seus funcionários embora. Êxodo rural, "inchaço" populacional urbano, desemprego, crimes, problemas ambientais, são apenas algumas das consequências de uma legislação feita para proteger os trabalhadores.
Mas para que serve a história, não é mesmo? Mais desemprego, mais informalidade, mais tempo para processos na justiça trabalhista, é o que o governo está querendo para os trabalhadores brasileiros. Parece até que alguém esqueceu de fazer a lição de casa. De novo.

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Justiça e conto de fadas.

Venho falando em sala de aula e escrevendo aqui constantemente sobre uma questão crucial no Brasil: a impunidade. Sabemos que o nosso país não é nenhum primor no cumprimento das leis que cria, mas acredito que tudo deve ter limites.
A imagem que coloquei junto à essa postagem não é bonita. Mostra o carro de uma pessoa completamente embriagada e drogada, que perdeu o controle do carro, invadiu um posto de gasolina, arrancou uma bomba de combustíveis, bateu em outro carro e atropelou um frentista que trabalhava no local. Depois disso e ainda com o frentista embaixo do carro, ele tentou fugir, acelerando o carro. Só não conseguiu devido ao próprio estado lastimável em que se encontrava e porque algumas pessoas o impediram, tirando-o do carro.
O frentista, Carlos Pereira Silva, teve queimaduras e traumatismo craniano. Saiu do hospital no dia 27 de fevereiro, ainda muito debilitado. O seu advogado vai processar o motorista do carro, Caio Meneghetti Fleury Lombardi, o que vai ser uma das suas primeiras lições de direito. Pode até ser que ele aprenda algo com isso e use sua "experiência" na faculdade de direito.
Preso em flagrante, com frascos de lança-perfume no carro e bêbado, o que foi constatado por exames do IML local, o estudante foi autuado e liberado em seguida. Irá responder ao processo em liberdade. A polícia civil pediu a prisão do estudante, o que foi negado pelo justiça. No dia 28 de fevereiro, saiu o indiciamento por tentativa de homicídio com dolo eventual, tráfico de drogas e dano com periclitação de vida. Agora é só esperar.
Entendo que seja difícil cumprir uma legislação que está ultrapassada em alguns casos e que é omissa em outros. Indagado por repórteres, o delegado que atendeu a ocorrência disse em alto e bom tom: "A lei não permite que ele fique preso". É inacreditável que mesmo com flagrante, provas materiais e laudo médico provando embriaguês, o assassino esteja em casa, sem ter sequer passado uma noite na cadeia. Enquanto isso, o frentista que teve sua vida modificada para sempre pagará com dor e sofrimento pelo fato de ter ido trabalhar naquele dia.
Reformas nas leis são aguardadas há décadas e certamente não serão feitas. Nossos governantes sabem que mexer nas leis é perigoso. Torná-las mais justas e eficientes pode fazer com eles mesmos sejam afetados. E como isso não é aceitável, continuaremos a ver todos os dias casos como esse, em que o dragão recebe a mão da princesa em casamento enquanto o príncipe, destruído, volta para casa para juntar os cacos da armadura e, quem sabe, recomeçar a vida. Isso se tiver sorte.

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Gigante adormecido (mas de olhos bem abertos)

"Em cerimônia realizada no dia 17 de Janeiro, o governador do Estado de São Paulo retomou as obras de extensão do corredor Diadema-Brooklin, que será interligado ao Corredor São Mateus - Jabaquara. A obra deve ser entregue em outubro. Durante a cerimômia, o governador deu a seguinte declaração: "Estamos hoje retomando uma obra muito importante, que é o Corredor ABD. Ele começa em São Mateus, na zona leste, passa por Santo André, São Bernardo do Campo, Diadema e vai para o Jabaquara. E falta uma perna do ‘Y’ para que esse corredor venha até a Berrini". Este Corredor interligará o Terminal Diadema (EMTU) à Estação Berrini, da Linha “C” da CPTM. A obra, que inclui 620 metros de galeria para águas pluviais e cerca de 11,8 quilômetros de extensão de pista está sendo construída pelo Metrô de São Paulo e terá um custo de R$ 72 milhões. Também estão incluídas na obra melhorias paisagísticas, renovação do sistema de iluminação pública no canteiro central, sinalização de tráfego e comunicação visual, implantação de estações de passageiros e recuperação de calçadas e guias. O concreto das calçadas será corrigido e as guias serão rebaixadas para facilitar o acesso aos portadores de deficiência.
Questionado sobre a retomada das obras em ano eleitoral, o governador negou que o trabalho tenha caráter eleitoreiro. Segundo o secretário de transportes, a demora para o início das obras se deu porque o estado tentava ratear os custos dos trabalhos com a prefeitura e como não houve acordo o estado vai bancar a obra sozinho."

Estranhou alguma coisa na notícia acima? Sim, caros leitores, há algo errado nessa história. Não há datas precisas nem nomes, o que é de se estranhar no jornalismo. A notícia acima foi montada por mim com excertos de notícias sobre o assunto recolhidas no site* do Metropolitano de São Paulo, responsável pelas obras.
As informações são bem coerentes, mas não são a realidade. Vejamos: na época dessas notícias, o governador do estado era Geraldo Alckmin, pré-candidato à presidência da República pelo PSDB-SP. O secretário de transportes também não é mais o mesmo. Nem mesmo o prefeito é o mesmo (era José Serra, que passou menos de dois anos no cargo, depois foi o candidato eleito ao governo do estado, no lugar de Alckmin).
Segundo o ex-governador, a obra não tinha caráter eleitoreiro. Ainda de acordo com o site do Metrô, em Março de 2006 a galeria pluvial já tinha sido terminada, enquanto em Maio 35% da obra já tinha sido concluída. Em Agosto, 60% da obra já estava pronta e a previsão mais pessimista era de entrega da obra pronta no início de 2007. No entanto, na semana passada tive a oportunidade de andar por grande trecho da avenida Cupecê até Diadema, passando pelo terminal. Percorri grande parte do corredor em obras e pude constatar o seguinte: a galeria realmente ficou pronta; as pistas estão prontas e são usadas pelos carros de passeio; não houve melhorias paisagísticas; a iluminação pública não funciona na avenida inteira; as placas e semáforos não estão completamente prontos; praticamente não houve melhoria na qualidade das calçadas apesar do rebaixamento para uso por deficientes ter sido feito. A obra está abandonada.
Por morar muito próximo à Avenida Cupecê, pude verificar o que o abandono fez por essa região. Como os retornos à esquerda foram retirado e outros retornos construídos, esperava-se uma melhoria no tráfego. Mas como não há fiscalização e os carros trafegam pela via que seria exclusiva dos ônibus, o trânsito virou uma barbárie, inclusive com casos de atropelamentos e mortes. Carros fazem conversões e retornos proibidos, motos usam a guia rebaixada para portadores de deficiência para trocar de via nas avenidas. E nenhum dos dois respeita os faróis.
Essa obra é só um exemplo daquilo que já venho falando há muito tempo: promessas não cumpridas na campanha eleitoral são "requentadas" para a campanha eleitoral seguinte. Faz-se um pouco da obra até as eleições, a obra é paralisada e retomada dali a dois anos, quando novo pleito eleitoral é realizado. Enquanto isso, o povo que seria beneficiado (e que pagou) pela obra espera ansioso o dia em que o gigante adormeça e deixe cair as migalhas que têm nas mãos. Uma obra como essa, que deveria ficar pronta em poucos anos, no Brasil ganha proporções homéricas: ficará pronta em algumas gerações. E esses caras ainda têm coragem de dizer que se preocupam com o povo e pedir meu voto. Pois enquanto o sistema político brasileiro tiver canalhice como pré-requisito para candidatos, continuarei votando nulo. E enquanto os partidos políticos não deixarem de lado seus planos mirabolantes para controlar e se locupletar do dinheiro público, não vejo porque votar em nenhum deles. O gigante na realidade é apenas um boneco, uma marionete. A grande briga é para ver quem será o manipulador do boneco. E quem escolhe esse manipulador? Você, caro eleitor!

* www.metro.sp.gov.br, consultado em 11/02/2008


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A pedra e a vidraça!

Durante a abertura dos trabalhos do legislativo de seu estado, o governador do Mato Groso do Sul, André Puccinelli (PMDB), deu uma declaração forte e que, obviamente, foi duramente criticada pela Comissão de Direitos Humanos da OAB-MS. Segue: "Borduna* e repressão. Tolerância menos que zero foi dada! Fez gesto de reação, é ordem do governador: pode disparar a arma em direção ao que fez gesto de reação".
Não, o governador não ficou louco. Ele deu essa resposta aos repórteres quando perguntado sobre o princípio de rebelião ocorrida na colônia penal de Campo Grande no dia 05 de Fevereiro desse ano, onde os presos cumprem pena em regime semi-aberto. Dois policiais militares foram até a colônia para prender um dos internos, suspeito de assalto. Pelo que foi divulgado na imprensa, a viatura foi cercada e, depois da fuga dos policiais, incendiada. A informação de que eles teriam sido espancados, dada no Jornal Nacional de ontem, 07/02/08, não foi confirmada por nenhum outro veículo de informação.
Além do prejuízo material, fica também uma imgem ruim para a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP), pois foi encontrado no dia seguinte um pé de maconha no local. Em uma vistoria no começo do ano foram encontradas bebidas, drogas e garotas de programa. Isso sem contar que a colônia penal tem capacidade para 80 presos e abrigava atualmente cerca de 490, segundo a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen).
É claro que o governador extravasou as emoções naquele momento. Mas não está completamente errado, afinal o policial é treinado para defender as pessoas, inclusive ele mesmo. Se pensarmos em cem detentos tentando agredir dois policiais, já é justificável o uso da arma de fogo como defesa. Mas como era de se esperar, uma rápida reação de repúdio foi dada pela Comissão de Direitos Humanos da OAB-MS, que afirmou que "todos devem ter seus direitos respeitados, inclusive quem está preso". Muito justo, afinal a lei é para todos, certo? Isso inclui os policiais envolvidos.
No site da OAB-MS, o presidente da Seccional Mato Grosso do Sul, Fábio Trad, declarou que o episódio de violência era um fato previsível. Só não entendi uma coisa: se os detentos são tão capazes de atos violentos que chegam a ser previsíveis, porque o regime semi-aberto? Com tantas informações contraditórias sobre o que houve com os policiais, procurei insistentemente no site da OAB-MS sobre notícias dos policiais envolvidos, mas não encontrei nada. Parece mesmo é que policiais não têm os tais direitos humanos.
Não estou dizendo que os presos não devem ter seus direitos respeitados. Mas gostaria realmente de ver a comissão de Direitos Humanos aparecer mais para defender os outros cidadãos, gente de bem, pais e mães de família, famílias inteiras, assaltados, violentados, desrespeitados de todas as formas por bandidos comuns, bandidos políticos e até bandidos advogados (afinal gente ruim tem em todas as profissões). Enquanto só aparecerem para defender direitos de bandidos, fica difícil acreditar e aceitar sua imagem de bem-feitora.
Criticar o sistema prisional agora e dizer que aquilo era previsível é muito cômodo. Mas fazer algo com o conhecimento jurídico, isso não foi feito. Critiquem o governador, eu entendo. Muito fácil ser a pedra. Difícil mesmo é ser a vidraça.

* Borduna: arma típica indígena, mais conhecida como clava.

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O Brasil e as eleições Estadunidenses.

Interessante notar como funcionam as coisas. A corrida presidencial nos EUA começou quente, com Democratas (oposição) e Republicanos (situação) criticando duramente o atual presidente, o republicano George W. Bush. "Mas e o Brasil com isso?", me perguntariam. Obviamente, as eleições estadunidenses irão influenciar e muito as políticas internacionais, o que inclui o comércio internacional.
Entre os candidatos, depois da desistência do Senador Mitt Romney, é muito provável que o candidato à presidência pelo partido Republicano seja mesmo o Senador John McCain, grande vencedor da "super terça". Ele ainda não sabe se enfrentará o Senador Barak Obama ou a Senadora Hillary Clinton, pois a disputa pela indicação à candidatura pelo Partida Democrata continua bastante acirrada.
Analisando friamente a sociedade daquele país e como ela se comporta nas eleições (completamente diferentes do Brasil), é bastante provável que se tenha uma disputa ferrenha até as indicações dos partidos, e a partir daí, fim de jogo. Os Democratas concorrerão com "o novo", ou seja, ou um negro ou uma mulher. Ambos são qualificados para o cargo, mas enfrentarão um candidato branco, herói de guerra, muito respeitado, senador há mais tempo que o seu concorrente e, o mais importante, representante de grande parcela da população que se convenciona chamar de " WASP - white anglo-saxon people", ou pessoas brancas de origem anglo-saxônica - os colonizadores. Apesar de achar a novidade interessante, é bem provável que essa acirrada disputa interna para ser "a novidade" nas candidaturas à presidência dos EUA leve os Democratas a uma derrota histórica em uma corrida presidencial que em tese seria fácil de vencer. Bastava convencer Al Gore a se candidatar e se vender como oposição a um dos presidentes com menor aceitação popular em fim de mandato na história daquele país. John McCain e o Partido Republicano agradecem.
Então analisemos: que partido seria melhor para o comércio Brasil X EUA? Por suas ideologias políticas, o Partido Republicano é bem visto por diversos países, especialmente os subdesenvolvidos como o Brasil. Isso porque interfere menos no comércio exterior e dá mais abertura de seu mercado interno aos produtos importados. O Partido Democrata é mais protecionista, o que afetaria negativamente o comércio com aquele país.
Isso é uma constatação até óbvia, mas toma outra direção no Brasil. Por convicções ideológicas do século XIX, o partido governista brasileiro tem orientado a diminuição gradual do comércio internacional com os EUA, o que obviamente demonstra os sinais evidentes da insanidade que se abateu na equipe econômica que cuida do comércio exterior. Não gostar dos EUA por serem eles "o carro chefe do capitalismo" ou qualquer coisa desse tipo é um discurso que serve muito bem para os partidecos de oposição, que aliás vivem disso. Mas reduzir o comércio com a maior potência econômica do mundo e prejudicar a economia nacional, isso já é bem diferente. Típico desses fundamentalistas que dominam o cenário político nacional.
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Glasnost não! Cortina de ferro.

Na imagem aí ao lado aparece o objeto de desejo de muitos brasileiros hoje em dia: o cartão corporativo!
Com esse cartão, que deve ser usado apenas para despesas emergenciais (leia-se sem concorrência pública), o portador pode fazer compras em free-shops, loja de material para construção, de instrumentos musicais e esportivos, veterinárias, óticas, choperias e joalherias. Poderá também almoçar em restaurantes caros, comprar vinhos finos, pagar hotéis nas férias, alugar carros e, por último mas não menos importante, sacar dinheiro no caixa, sem se preocupar em justificar os gastos. E o que é mais importante, a conta é encaminhada para o governo, que paga tudo. E se alguém da oposição, digo, de fora do governo quiser realmente discutir, o governo põe panos quentes, pedindo ao "cumpanhero" ou "cumpanhera" investigado que se retire do cargo, como no caso de Matilde Ribeiro, ex-ministra (???) da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da igualdade Racial - SEPPIR (nunca vou entender isso: defender a igualdade entre ratos, lebres, lobos, girafas e humanos, esse governo tem cada uma...). Ou então podemos ter aqueles casos clássicos de "me enganei de cartão", "eu não sabia como usar o cartão" ou "me informaram errado". Ou eles são muito inocentes ou sabem que o povo é burro e acreditará neles. Alguns até devolvem o dinheiro. "Tudo bem", dirão, "é um bom passo". Mas fico pensando no que disse o meu irmão sobre um hipotético roubo a banco, em que os assaltantes, surpreendidos na saída pela polícia, dizem: "OK, acabou a brincadeira, vamos entrar e devolver todo o dinheiro roubado, então não foi cometido crime nenhum, certo?" Será que a lei é assim mesmo ou sou eu que estou cansado dessa palhaçada?
Para fingir de bonzinho e escapar de uma investigação mais séria (ou seja, fora do senado e congresso) o governo agora propôs uma CPI para investigar o uso dos cartões corporativos, desde que se investigue também o período do governo FHC. Isso é para depois poder dizer "tá vendo, não foi só a gente que fez cagada com cartão corporativo". Como se um só fazendo já não bastasse!
Enquanto isso, para evitar que repórteres xeretas fiquem bisbilhotando no Portal da Transparência e expondo os gastos com o dinheiro público, alguns ministros inventaram que a divulgação dos gastos da presidência coloca este e seus familiares em risco. Retiram-se então os dados da internet, forma-se uma "cortina de ferro" que tira do brasileiro o direito de saber o que se faz com seu dinheiro. Assim o Portal da Transparência deve ser rebatizado como Portal Nem Tão Transparente Assim. Afinal de contas, qualquer brasileiro com acesso à internet e um pouco de neurônios ativos poderia ter em mãos números reais, provas do porque a saúde, o transporte, a previdência e a educação no Brasil são relegados ao enfadonho e cômodo esquecimento. Mais uma vez, o governo faz o fácil ao invés de fazer o certo: demite, mente e omite. Tudo para que o dinheiro público continue jorrando (se não for com cartões será de outra forma qualquer, esses caras são criativos!), enquanto os brasileiros continuam a dormir suave e deliciosamente nos lençóis da ignorância.

Imagem: folha online - www.folha.com.br

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O país do futuro!

No dia 23 de janeiro, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o INPE, revelou dados coletados pelo DETER, sistema de detecção de desmatamento em tempo real na Amazônia Brasileira. Esse sistema registrou o corte estimado de 3235 km² de florestas amazônicas nos últimos cinco meses de 2007.
Não que isso seja alguma novidade, afinal de contas o desmatamento na Amazônia é estimulado pelo governo já há muito tempo. E o governo Lula não é diferente dos outros. A grande repercussão nesse caso foi mais por conta do mau estar causado no governo pelo bate-boca entre ministros do que pelo desmatamento em si.
A ministra Marina Silva (meio ambiente) e o ministro Reinhold Stephanes (agricultura) andaram trocando farpas para ver quem ficava com os "louros da vitória", ou seja, quem não levaria a culpa por mais essa.
Já há muitos anos venho falando em sala de aula que a grande discussão quando se trata de Amazônia não é ecológica, é econômica. A região norte do Brasil sempre foi utilizada como válvula de escape. No passado, quando foi necessário acabar com as Ligas Campesinas que lutavam por reforma agrária no nordeste, muitos trabalhadores foram realocados na Amazônia, mesmo sem conhecimento sobre a região, as doenças, produtos e formas de cultivo. Funcionou: as ligas foram desarticuladas. E na Amazônia? Morte e abandono para os agricultores. Hoje, o Brasil se vê como uma grande potência na comercialização de carnes e grãos, que são produzidos em grande quantidade no centro-norte do país. E a floresta é vista sim como um empecilho, uma pedra no sapato do desenvolvimento a qualquer custo, tão característico desse país.
Mais importante do que discutir sobre o assunto seria punir os culpados. Mas qual político brasileiro pode bater no peito e dizer "eu aplicarei a sentença" ou "eu punirei os culpados"? Nenhum. Quando o lobo é quem toma conta das ovelhas, outros lobos se aproveitam. Como são todos da família, todos se aproveitam, alguns mais, outros menos. E moral para punir os infratores ninguém que seja membro desse governo tem. Ou tem o rabo preso mesmo.
Enquanto ministros discutem, a floresta cai. Enquanto punições não são aplicadas, a floresta cai. Enquanto se discute se os dados da devastação são esses, maiores ou menores, a floresta cai. Devíamos logo deixar cair também a máscara, derrubar a floresta amazônica de uma vez e manter o desenvolvimento desenfreado, em que patrimônios ambientais desaparecem, governantes e empresários enriquecem, a população empobrece e o Brasil continua sendo o país do futuro. Um futuro sombrio e aterrador, mas ainda assim, um futuro.

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Aposentadoria!

Muitas vezes fico admirado com as coisas que vejo ou ouço falar no Brasil. Uma dessas que me deixou estarrecido foi a notícia que o INSS vai pagar aposentadoria para invasores de terra no Brasil, alegando que não pode restringir o acesso ao benefício pelo fato de não existir titulação de terras ou irregularidades na ocupação da terra.
Obviamente ficou claro que as leis no Brasil podem não valer nada, desde que isso traga algum benefício nas próximas eleições. A propriedade de terras pode até ser questionada, mas é marca registrada do capitalismo no qual vivemos. Não sou contra pagar tal benefício para os trabalhadores rurais, desde que tenham a sua situação regularizada. Mas regularizar a situação significa fazer a Reforma Agrária, tanto falada na época em que o partido governamental dizia defender o povo. Não será feita, pois seria a solução de muitos problemas. E resolver problemas não é vantajoso para os políticos brasileiros, muito pelo contrário.
Com relação aos problemas da sociedade, este governo será marcado pelo assistencialismo barato, pela inovação na forma de fazer "cabresto político", pela corrupção e por fazer tudo do jeito mais fácil. É mais fácil dar cotas do que resolver o problema da educação, é mais fácil dar aposentadorias ilegais do que fazer a reforma agrária, é mais fácil sacrificar antigo "cumpanheiros" do que admitir a corrupção nas entranhas. Não dá mesmo é para esperar coisa diferente desse pessoal, que passará à história como aqueles que mais fizeram pelos seus. Membros do partido, esposas de membros do partido e "cumpadres", é claro. O nível está tão baixo que tenho vergonha até de comentar. Nada que não possa piorar.

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Ações afirmativas. Ou negativas?

Em 18 de Janeiro desse ano, um juiz de Santa Catarina tomou uma decisão polêmica: suspendeu o programa de cotas para negros e oriundos de escolas públicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e orientou a instituição a conceder as vagas para os candidatos que atingissem a pontuação mínima de cada curso. Isso causou uma grande discussão pelo país, especialmente por parte de organizações que defendem tais cotas.
Mas é interessante notar as justificativas dadas pelo juiz Gustavo Dias de Barcellos, nas quais baseia a sua sentença: impossibilidade de definir precisamente uma etnia no Brasil; a inexistência de "raças humanas"; e a ocorrência de dano irreparável ou de difícil reparação aos estudantes que, mesmo tendo alcançado a nota não terão a sua vaga, destinada a um cotista. No que ele está errado? Talvez esse juiz tenha errado ao citar a constituição brasileira, que em seu Artigo 3º garante que no país "...não haverá preconceitos de origem, cor, idade e quaisquer formas de discriminação" ou o Artigo 7º, que diz que é proibida a diferença de salários, de exercícios de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. É, usar a lei no Brasil para tentar fazer alguma coisa quase sempre não é algo bem visto.
A discussão durou até o dia 31 de Janeiro, data em que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, derrubou a liminar do juiz catarinense. Com tal decisão, está mantido o sistema de cotas da UFSC e as discussões sobre ações afirmativas e como elas influenciam e melhoram a democracia brasileira.
Nas minha contestações fica sempre a mesma afirmação: Não estamos discutindo o problema! Todas as alegações de parte à parte restringem a discussão à sistemas e ações afirmativas. Organizações como o Educafro alegam que "devemos continuar buscando o melhor para pobres e negros". No entanto, todos continuam fingindo que o problema só existe quando os alunos chegam na Universidade, o que não é verdade. Enquanto a sociedade discute cotas para universitários, os ensinos fundamental e médio atingem níveis assombrosamente baixos. Os alunos estão cada vez menos capacitados, tendo vindo do ensino público ou não. E desses, alguns dos que passarem nos vestibulares por méritos próprios não terão direito de estudar, tendo perdido a vaga para um cotista. O quão essa medida é "afirmativa" para esses alunos? Sejamos práticos: o problema existe? Sim! Mas será mesmo que a única alternativa que existe para fazer alguém ter direitos é fazer outro alguém perder direitos?
A verdade é que lutar por educação de verdade, aquela que resolveria os problemas do Brasil, demora, é cansativo, a sociedade não está interessada e o governo muito menos. Porque? Por que esse seria um projeto que levaria pelo menos 20 anos, consumiria grandes quantias de dinheiro público sem trazer benefícios elitoreiros e exigiria uma mobilização que a sociedade brasileira não tem, não sei ainda se por incapacidade ou preguiça. No Brasil, parece haver um acordo velado entre a maioria da população e os políticos: "não tirem o carnaval do calendário que a gente não reclama do resto." Estudar é um porre mesmo! Mobilização então? Dá muito trabalho. O fácil é o certo! Melhor ficar quietinho, comendo ração e vendo desfiles das escolas de samba e futebol na TV. Até já acusaram o futebol de ser o "ópio do povo." Mas os tempos mudaram. O ópio já não é mais necessário.

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Pense!

"Quem não raciocina é fanático, quem não sabe raciocinar é um imbecil e quem não ousa raciocinar é um escravo"
W. Brumon

Sobre o autor!

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Sou apenas um brasileiro, professor de Geografia, crítico da Política e das "politicalhas" que vejo todos os dias por aí. Sou um cara simpático com meus alunos e amigos, totalmente antipático com e que não acredita mais em política, que gosta muito de dar aula, principalmente pela liberdade de expressar minhas opiniões e discutí-las com os alunos. Gosto de viajar, gosto do bom e velho Rock'n'Roll. Gosto muito de Geografia e de estudar os "matos" desse país. Acho mesmo que nasci no país errado: prefiro campo a praia, vinho a cerveja, frio a calor, morenas a loiras, honestidade ao famoso "jeitinho brasileiro". Enfim isso tudo. Quem quiser saber mais pergunte para meus amigos e alunos.

Sobre o Blog!

Olá a todos.


Estamos caminhando por um mundo globalizado que não enxerga diferenças mais do que econômicas, por isso esse é um dos focos dos atuais estudos geográficos. Como amante, seguidor e professor dessa velha matéria, me sinto na responsabilidade de passar as idéias e atualidades desse contexto para os meus alunos e amigos, como quaisquer outros seguidores que vierem.

A visão é de uma pessoa que passou por diversas dificuldades e ainda passa, vivendo na periferia e tentando, a partir dela, criar certa resistência ao processo de desmonte da educação como um todo que acontece hoje no nosso país. Portanto, continuem se sentindo em casa, e não se esqueçam de comentar e dar suas opiniões sobre cada postagem. Como sempre, respondo aos comentários o mais breve possível.



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