Questionado sobre a retomada das obras em ano eleitoral, o governador negou que o trabalho tenha caráter eleitoreiro. Segundo o secretário de transportes, a demora para o início das obras se deu porque o estado tentava ratear os custos dos trabalhos com a prefeitura e como não houve acordo o estado vai bancar a obra sozinho."
Estranhou alguma coisa na notícia acima? Sim, caros leitores, há algo errado nessa história. Não há datas precisas nem nomes, o que é de se estranhar no jornalismo. A notícia acima foi montada por mim com excertos de notícias sobre o assunto recolhidas no site* do Metropolitano de São Paulo, responsável pelas obras.
As informações são bem coerentes, mas não são a realidade. Vejamos: na época dessas notícias, o governador do estado era Geraldo Alckmin, pré-candidato à presidência da República pelo PSDB-SP. O secretário de transportes também não é mais o mesmo. Nem mesmo o prefeito é o mesmo (era José Serra, que passou menos de dois anos no cargo, depois foi o candidato eleito ao governo do estado, no lugar de Alckmin).
Segundo o ex-governador, a obra não tinha caráter eleitoreiro. Ainda de acordo com o site do Metrô, em Março de 2006 a galeria pluvial já tinha sido terminada, enquanto em Maio 35% da obra já tinha sido concluída. Em Agosto, 60% da obra já estava pronta e a previsão mais pessimista era de entrega da obra pronta no início de 2007. No entanto, na semana passada tive a oportunidade de andar por grande trecho da avenida Cupecê até Diadema, passando pelo terminal. Percorri grande parte do corredor em obras e pude constatar o seguinte: a galeria realmente ficou pronta; as pistas estão prontas e são usadas pelos carros de passeio; não houve melhorias paisagísticas; a iluminação pública não funciona na avenida inteira; as placas e semáforos não estão completamente prontos; praticamente não houve melhoria na qualidade das calçadas apesar do rebaixamento para uso por deficientes ter sido feito. A obra está abandonada.
Por morar muito próximo à Avenida Cupecê, pude verificar o que o abandono fez por essa região. Como os retornos à esquerda foram retirado e outros retornos construídos, esperava-se uma melhoria no tráfego. Mas como não há fiscalização e os carros trafegam pela via que seria exclusiva dos ônibus, o trânsito virou uma barbárie, inclusive com casos de atropelamentos e mortes. Carros fazem conversões e retornos proibidos, motos usam a guia rebaixada para portadores de deficiência para trocar de via nas avenidas. E nenhum dos dois respeita os faróis.
Essa obra é só um exemplo daquilo que já venho falando há muito tempo: promessas não cumpridas na campanha eleitoral são "requentadas" para a campanha eleitoral seguinte. Faz-se um pouco da obra até as eleições, a obra é paralisada e retomada dali a dois anos, quando novo pleito eleitoral é realizado. Enquanto isso, o povo que seria beneficiado (e que pagou) pela obra espera ansioso o dia em que o gigante adormeça e deixe cair as migalhas que têm nas mãos. Uma obra como essa, que deveria ficar pronta em poucos anos, no Brasil ganha proporções homéricas: ficará pronta em algumas gerações. E esses caras ainda têm coragem de dizer que se preocupam com o povo e pedir meu voto. Pois enquanto o sistema político brasileiro tiver canalhice como pré-requisito para candidatos, continuarei votando nulo. E enquanto os partidos políticos não deixarem de lado seus planos mirabolantes para controlar e se locupletar do dinheiro público, não vejo porque votar em nenhum deles. O gigante na realidade é apenas um boneco, uma marionete. A grande briga é para ver quem será o manipulador do boneco. E quem escolhe esse manipulador? Você, caro eleitor!
* www.metro.sp.gov.br, consultado em 11/02/2008
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