Um turbilhão de ideias!

Um outro 11 de setembro!

Essa é uma data sempre lembrada e comentada desde o ano de 2001, quando supostamente um atentado terrorista atingiu o país mais poderoso do mundo, matando cerca de três mil pessoas. Esse tema não será discutido aqui hoje. Ao invés disso lembraremos de um outro 11 de setembro, o do ano de 1973.

O Chile em 1973 era governado por um presidente eleito pelo povo, Salvador Allende. Parte de seu projeto de governo era tornar o Chile o primeiro país socialista na América Latina sem passar por uma revolução, ou seja, de forma pacífica. Como sempre, este tipo de política não foi muito bem vista pela elite que controlava o país antes da Unidade Popular chegar ao poder com Allende. O mais perigoso dessa via chilena ao socialismo era justamente o respeito às instituições e à constituição do país, mas tentando implantar melhorias na vida social dos habitantes, como a reforma agrária. Muitas empresas estadunidenses foram nacionalizadas, o que afetou os interesses econômicos nesse país. Essas empresas começaram e exigir de Nixon, presidente dos EUA à época, uma resposta a altura.

Antes que tal "abominação" ganhasse corpo e novos adeptos, o governo dos EUA tratou de providenciar a queda do governo democrático chileno. Um bloqueio comercial informal foi erguido pelos estadunidenses para sufocar a economia chilena, dificultando as importações necessárias ao país, principalmente de alimentos, e impondo quedas bruscas nos preços do cobre, principal produto de exportação do país na época. 

Um plano de desobediência civil foi arquitetado pela burguesia com apoio dos EUA, criando uma instabilidade no governo que culminou em uma primeira tentativa de golpe de estado, fracassada por causa do apoio recebido de partes das forças armadas. O General Prats, defensor do presidente, perde apoio dentro das forças armadas e perde o cargo. Em seu lugar é colocado como comandante chefe das forças armadas o General Augusto Pinochet. Apenas dezoito dias depois de tomar posse, Pinochet organiza o ataque ao Palacio de la Moneda, depois de saber que Allende pretendia realizar um plebiscito popular para saber se ficava no poder ou passava o cargo ao presidente do senado.

No dia 11 de setembro de 1973 os tanques do exército chileno cercaram o  Palacio de la Moneda. Allende não aceita a oferta de Pinochet para deixar o país e afirma que só deixa o palácio morto. A força aérea chilena bombardeia o próprio palácio presidencial, que logo depois é invadido pelos soldados. O presidente se suicida com um tiro de fuzil na cabeça e assim se inicia a ditadura mais sangrenta da América Latina, o "governo" Pinochet, que só terminaria em 1990. 

Calcula-se que durante o governo Pinochet mais de três mil pessoas foram executadas e mais de quarenta mil foram presas e torturadas enquanto o novo governo seguia a agenda estadunidense para a América Latina, ou seja, criar meros fornecedores de matérias primas alinhados politicamente aos EUA.

Quando as pessoas hoje se lembram dos "ataques" ao World Trade Center sempre dizem que a liberdade e a democracia foram atacadas naquele dia. Mas não se pode esquecer que os EUA normalmente atacam a liberdade e a democracia em vários lugares do mundo, matam, torturam e interferem na vida das pessoas, tudo em benefício próprio, como no caso chileno. Não estou dizendo que as mortes nos EUA não foram lastimáveis, inocentes mortos sempre o são. Mas daí a posar de vítimas já é um pouquinho demais. Abaixo, parte do último discurso de Allende antes de sua morte. 

“Colocado em uma transição histórica, pagarei com minha vida a lealdade do povo. E os digo que tenho a certeza de que a semente que entregaremos à consciência de milhares e milhares de chilenos não poderar ser cegada definitivamente. Trabalhadores de minha Pátria! Tenho fé no Chile e em seu destino. Superarão outros homens nesse momento cinza e amargo onde a traição pretende se impor. Sigam vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão de novo as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.” 

Viva Allende!
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W. Brumon

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Sou apenas um brasileiro, professor de Geografia, crítico da Política e das "politicalhas" que vejo todos os dias por aí. Sou um cara simpático com meus alunos e amigos, totalmente antipático com e que não acredita mais em política, que gosta muito de dar aula, principalmente pela liberdade de expressar minhas opiniões e discutí-las com os alunos. Gosto de viajar, gosto do bom e velho Rock'n'Roll. Gosto muito de Geografia e de estudar os "matos" desse país. Acho mesmo que nasci no país errado: prefiro campo a praia, vinho a cerveja, frio a calor, morenas a loiras, honestidade ao famoso "jeitinho brasileiro". Enfim isso tudo. Quem quiser saber mais pergunte para meus amigos e alunos.

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Estamos caminhando por um mundo globalizado que não enxerga diferenças mais do que econômicas, por isso esse é um dos focos dos atuais estudos geográficos. Como amante, seguidor e professor dessa velha matéria, me sinto na responsabilidade de passar as idéias e atualidades desse contexto para os meus alunos e amigos, como quaisquer outros seguidores que vierem.

A visão é de uma pessoa que passou por diversas dificuldades e ainda passa, vivendo na periferia e tentando, a partir dela, criar certa resistência ao processo de desmonte da educação como um todo que acontece hoje no nosso país. Portanto, continuem se sentindo em casa, e não se esqueçam de comentar e dar suas opiniões sobre cada postagem. Como sempre, respondo aos comentários o mais breve possível.



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