Um turbilhão de ideias!

O mundo

Paixão pela Geografia.

Mapa múndi antigo

Mapa do Mundo de I. Evans - 1799.

Globos terrestres

Decorativos e lindos.

Geografia física

Estudar o físico para entender o humano.

Geopolítica

A arte de entender o mundo.

RETROSPECTIVA BRASIL!!!!

Sei, sei. Vou quebrar um jejum que já durava desde...o começo do blog. Eu nunca fiz uma retrospectiva nesse blog, mas como passei metade do ano dizendo que esse era um ano de exceção... lá vai a primeira. Mas só com fatos realmente importantes do Brasil e da minha vida, é claro.

Em Janeiro, ir para grandes igrejas ficou mais perigoso. A queda do teto da igreja-monstro da renascer no centro de São Paulo fez com que fosse feita uma constatação simples: grandes prédios, quando são usados para abrigar muitas pessoas, devem ser reformados de verdade. Esqueçam-se as propinas para fiscais e uso de materiais mais baratos nas construções e reformas. Mas parece que não há essa preocupação nem mesmo nas igrejas. Resultado: nove saíram de casa para ir à igreja e chegaram ao paraíso.

Em Fevereiro, a favela Paraisópolis virou palco de luta entre policiais e moradores depois da morte de um morador, suspeito de roubo segundo a polícia. Os confrontos foram televisionados e geraram muita audiência para canais menores de TV, como a Bandeirantes e a Record, que torcem para essas desgraças acontecerem, afinal as pessoas adoram assistir violência pela televisão. Enquanto isso, em Pernambuco um homem estuprou e engravidou uma menina de 9 anos. Autorizado pela justiça, o aborto foi realizado. A reação da igreja católica? Excomunhão da equipe médica e da família da menina pela realização do aborto. O nome do palhaço? Dom José Cardoso Sobrinho, o arcebispo de Olinda e Recife.
Nota mental: começa um ano letivo que seria difícil de esquecer.

Em Março, o destaque é a violência. No Rio de Janeiro Olímpico, um casal foi jogado pelos assaltantes nas pedras da encosta de uma importante avenida. Deve ser alguma nova categoria olímpica, arremesso de vítimas, talvez. Em Goiânia, um pai acusado de estuprar uma menina de 13 anos, bateu na mulher com um extintor de incêndio e colocou a própria filha de 5 anos em um avião roubado, que caiu no estacionamento de um shopping. Ambos morreram. Em São Paulo, um ex-jogador de futebol matou a ex-mulher de 18 anos e fugiu com a filha do casal. Felizmente o imbecil foi preso três dias depois, possibilitando que a criança tenha uma criação normal longe do monstro que a pôs no mundo.

Em Abril, mais uma vez destaque para o Rio Olímpico. Funcionários da concessionária que administra o transporte ferroviário foram filmados agredindo os passageiros com socos e, pasmem, chicotadas para que eles entrassem nos vagões. Parece que esse negócio de transporte vai dar um pouquinho de trabalho até 2011, início das atividades preparatórias para a copa e a olimpíada.
Nota mental: troco de emprego e tem início meu inferno profissional.

Em Maio, duas tragédias bem diferentes. No Piauí, uma barragem se rompeu e formou uma onda de mais de dez metros de altura. Em um estado em que mais se morre por falta de água, essa onda destruiu casas, desabrigou 2000 pessoas e matou oito. Impensável, não? No dia anterior a barragem foi vistoriada por um engenheiro e liberada por não haver riscos. Risco mesmo é termos engenheiros assim atuando por aí. No último dia do mês, o vôo AF 447 decolou do Rio de Janeiro em direção a Paris. Caiu no meio do Atlântico e até hoje parentes de vítimas e sociedade esperam uma explicação convincente sobre as causas do acidente e a inexplicável incapacidade de se encontrar a caixa preta da aeronave. Será que é porque nela estão as respostas?

Em Junho, trânsito recorde em São Paulo, que foi batido várias vezes depois disso. Hoje não é mais novidade. E chega ao Brasil a notícia da primeira morte por Gripe Suína, que desencadeou uma reação histérica por parte de governo e sociedade há muito tempo não vista. Mas foi muito bom para os acionistas do laboratório Roche, proprietário do "único" antiviral capaz de combater essa gripe. Ficaram muito mais ricos do que já eram.

Em Julho, o destaque é para a proibição de ônibus fretados pela prefeitura de São Paulo, o que gerou uma série de protestos no já caótico trânsito da cidade. No final, se acertaram e o trânsito continua uma droga.
Nota mental: Férias escolares, ou seja, um mês longe do inferno.

Em Agosto, entra em vigor a lei antifumo em São Paulo, logo copiada por outras cidades importantes. A lei não diminuiu a venda de cigarros, afinal eles são muito baratos por que vêm do Paraguai. Bares e restaurantes reclamam da queda do número de clientes, mas meus pulmões de não fumante agradecem. E o deputado Carli Filho, aquele filho da p%#@ que matou duas pessoas no Paraná em Maio cortando-as ao meio com seu carro importado renunciou ao cargo para poder se candidatar de novo e não perder direitos políticos. Detalhe: estava a 190km/hora em um carro blindado, bêbado e com a carteira de habilitação suspensa por meros 130 pontos e multas. Resultado? Está comemorando o ano novo em casa a essa hora, enquanto as famílias das vítimas juntam os cacos da vida que restou depois da perda dos parentes.
Nota mental: Mais duas semanas de férias escolares por causa da gripe suína, mais tempo longe do inferno. Mas certamente isso iria atrapalhar muito depois.

Em Setembro, uma loja de fogos de artifícios explodiu em Santo André, São Paulo. A explosão destruiu quatro casas e matou duas pessoas. Moradores denunciavam há 13 anos que o dono fabricava fogos no local, mas como a turma da propina sempre dava uma passadinha por lá, o estabelecimento nunca ficou fechado de verdade. Resultado: mortes, destruição e o dono comemorando o ano novo com a família, em casa (menos o primo, que morreu na explosão). Nesse mês também a imagem do ano: bandido faz refém no Rio Olímpico e ameaça explodí-la com uma granada. Um atirador de elite dispara na cabeça do assaltante, que cai como uma marionete sem cordas. Mais uma vida salva pela polícia, que é paga para isso.
Nota mental: fiquei mais velho...

Em outubro, a prova do ENEM foi adiada pois tinha sido roubada e os ladrões tentaram vendê-la para o jornal O Estado de São Paulo. A prova, usada como acesso para universidades foi aplicada em dezembro e prejudicou uma grande quantidade de estudantes que não poderão usar seus pontos em vestibulares como a FUVEST. Bom para a UNIBAN, que fez uma baita propaganda em todas as mídias por causa de um vestido curto e um monte de virgens que nunca viram um par de pernas, por mais feias que fossem. Depois disseram que estavam defendo a moral e os bons costumes. Se estivéssemos na Finlândia, tudo bem. Mas no Brasil? Me poupem, né?

Em Novembro, chuvas e mais chuvas, em vários estados do país. Dois desabamentos também são destaque, provavelmente por causa da pressa na construção: parte de um viaduto do Rodoanel de São Paulo desabou, assim como partes do teto do shopping SP Market. Mas o máximo, quer dizer, o mínimo foi mesmo o blecaute que atingiu 18 estados do país e deixou às escuras a maioria da população brasileira. Sem explicação técnica para dar, colocaram a culpa nos fenômenos climáticos. Só faltou dizer que foi culpa do aquecimento global.
Nota mental: A ex-ministra de Minas e Energia, responsável por mais essa merda, vai ser a candidata do partido dos trombadinhas à presidência da república.

Em Dezembro, o país ficou estarrecido com uma criança no estado da Bahia com mais de 30 agulhas no corpo. O padrasto disse que pretendia matar a criança (não brinca!) e achava que assim ninguém ficaria sabendo (é um gênio!). Bem que a gente podia enforcar a criatura e antecipar a malhação do Judas, não? E até que enfim uma bola dentro do Supremo Tribunal de Justiça: mandaram devolver o menino Sean ao seu pai de verdade, depois de 5 anos de sequestro aqui no Brasil. A mãe brasileira veio passar férias e não voltou mais, se separou judicialmente, casou de novo e morreu no parto da segunda filha. As leis internacionais que o Brasil assina mandavam que qualquer ação fosse julgada em território dos EUA, local de nascimento da criança. A família brasileira hoje fala em desumanidade... mão não é necessário ser humano para receber essa acusação? Vão à merda! Agora, com o pai biológico e em território estadunidense, esse moleque vai até esquecer que um dia morou no Brasil. Não porque eles são melhores que nós, mas porque eles têm uma coisa que nós não temos: sistema judiciário.

Obrigado pela paciência e pela leitura. Espero um ano novo muito melhor do que esse ano que está acabando agora. Bom 2010 para todos!
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Nesse meu olhar

As horas se arrastam
E essa motivação de pressa
Que ora em mim
É para que as horas não mais existam
Para que ausente, pragmática
Me ausente desta sensação encadeada
De ausência presente e grande
Ainda em minha boca
As mesmas palavras mortas
Salivam o amargo ontem
Meus passos, uma somatória de falsos
Bêbados, enfermos, parcos sapatos
Neste meu olhar doente
Moravam os deuses
Haverá alguém no que fiz?
Sei nada sei fingir ser pra ter
Quem em mim acha pó, pus
O que haverá no escuro?
Que me aquece e me apráz
Que não há na luz?

Poema original: "Descalço", de Alexandre Antonio Olimpio
Música: Nesse meu olhar; Letra: Alexandre, Mingau e Clemente; Álbum: Subterrâneos.
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Apressado come cru!

Mais uma vez estamos chegando em época de eleições. Como não poderia deixar de ser, venho aqui falar mal das politicalhas da terra em que se vive sob a lona (sem ofensa aos palhaços) mas vivemos num circo pegando fogo.
Enquanto o governo federal faz de tudo para construir a imagem de uma pessoa insossa para concorrer à presidência da república, o governo do estado de São Paulo faz de tudo para manchar a sua própria imagem e a do outro forte candidato à presidência. Então lá vai a pergunta maldosa: o que tem a ver o lançamento do filme do Lula, o apagão, a queda da estrutura de uma ponte do rodoanel e o desabamento de uma estação do metro em construção? Respondo: TUDO!
É claro que vão dizer que todas essas obras estão interligadas pelo fato de serem obras de governos e que por isso estão sofrendo desvios monstruosos de verbas. Nem comento mais essas coisas, afinal de contas no Brasil se não tem desvio de verbas não há nenhum tipo de serviço ou obra prestado pelo governo, mesmo que isso aconteça mal e porcamente.
O que une PT e PSDB como farinha do mesmo saco é a necessidade de correr com as obras para fazer propagandas políticas no ano que vem para a campanha presidencial. Fazer mal feito não é o problema, o problema mesmo é não fazer completo. Grandes obras são excelentes para pleitos eleitorais, então os dois partidos estão fazendo todas as suas obras a toque de caixa, correndo muito para acabar as obras no ano eleitoral e usá-las como propaganda. É claro que quando se faz essas obras correndo, acaba-se fazendo mal feito. Tenho medo só de pensar no resultado disso tudo, obras que deveriam durar dezenas de anos vão implodir em pouco tempo por causa dessa maldita correria.
O dinheiro que deveria ser investido em infraestrutura pelo governo federal está pagando pelo bolsa-esmola, a chantagem eleitoral preferida pelo Lula e pelo partido dos trombadinhas. E o desenvolvimentismo dos tucanos, feito nas coxas, pode causar acidentes muito mais graves do que o do rodoanel ou do metro que caiu. Tudo isso em nome da manutenção ou obtenção do poder, que como dizia Lord Acton, corrompe. O poder absoluto, que corrompe absolutamente no Brasil, é a presidência da república. Então, marcharão unidos os dois partidos para continuar a obra um do outro, numa dualidade quase rivalidade quase paixão não correspondida. Todos eles são péssimos administradores e infelizmente um deles vai herdar o país e se tornar o sócio maldito de todos os brasileiros: o governo federal.
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Há 20 anos...

... caía um dos principais símbolos de uma era: O muro de Berlim. Símbolo porque representava uma divisão claro entre dois mundos, o socialista, controlado pela URSS e o capitalista, comandado pelos EUA.
Construído no final da 2ª Guerra Mundial para evitar que as pessoas do lado socialista fugissem para o lado capitalista, o muro que dividia a cidade de Berlim se tornou a marca mais impressionante da divisão ideológica do mundo entre dois países e seus aliados. A sua queda representou não só o fim dessa divisão como também o desmoronamento do sistema socialista, que praticamente deixaria de existir com o desmantelamento da URSS, dois anos depois. Com o fim da URSS, terminava também a Guerra Fria, ao menos a parte ideológica que representava a divisão do mundo.
Se antes da queda o mundo se dividia no sentido leste-oeste, ideologicamente, depois da queda a divisão se tornou mais cruel. Passou a ser uma divisão norte-sul, entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, ou seja, entre explorados e exploradores. Os países do bloco capitalista se desenvolveram mais tecnologicamente falando, enquanto os países do bloco socialista ficaram parados no tempo nesse sentido. Não é hora de discutir se era melhor ou pior viver de cada lado, afinal cada pessoa terá uma visão diferente. Mas é necessário analisar as consequência para o lado socialista da Alemanha, depois da unificação.
A grande maioria das pessoas ficou com a impressão de que o desabastecimento e a decadência econômica era o maior problema da Alemanha Oriental. Mas a meu ver o problema foi a velocidade com que as duas partes da Alemanha progrediram depois do muro. A Alemanha Ocidental, controlada pelos estadunidenses, tinha de servir de exemplo de tudo que existia de bom e por esse motivo foi reconstruída e mantida por generosas quantias de dinheiro que vinham do outro lado do Atlântico. Enquanto isso, o lado socialista entrava em uma progressão de adaptação ao regime soviético, que só previa a socialização do trabalho e de poucos benefícios, enquanto a elite governante comia e bebia do melhor, como sempre.
Com a queda do muro, o que viu foram dois países completamente diferentes, cada qual com suas próprias características e tendo de se adaptar às vicissitudes da situação. Até hoje existe um muro invisível que separa as pessoas que por uma geração não tiveram acesso ao outro lado do muro, seja pelas suas idéias, seja pelas realidades de arquitetura, urbanismo, empregos, entre outros. Ainda hoje pode-se dizer que são países diferentes.
Essa foi apenas uma das consequências de uma guerra que não aconteceu de fato, que poderia ter levado a raça humana à extinção com bombas atômicas explodindo dos dois lados. Apesar disso não ter ocorrido, marcas significativas ficaram e ficarão para sempre na história e na memória de um povo exposto a dois grandes problemas: a separação entre eles e a reunificação que ocorreu depois. Ratificar essa reunificação ainda vai levar alguns anos e custar muito caro à Alemanha.
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Imagens!

Na seção Imagens!, que inauguro agora, uma charge retirada do site HumorBabaca, que mostra como funciona o processo de produção capitalista, o questionamento de quem tem capacidade de entender o que acontece e a reação do capitalista, "dono" desse processo produtivo.



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Inclusp!

Voltando à ativa, vou pagar uma dívida. Prometi a um ex-aluno, Olívio Santos, uma análise de uma matéria que ele me enviou, a respeito da mudança de perfil dos estudantes que entram na USP, com a diminuição do número de ingressantes das classes A e B e o aumento do número de ingressantes das classes mais baixas. Hoje entram mais alunos de classe baixa do que de classe alta na USP, de acordo com a pró-reitoria de graduação da USP.
Durante muito tempo se acreditou que alunos ingressantes na USP, de classes mais baixas e vindos de escolas públicas fariam com que o nível das universidades caísse. Sou obrigado a admitir que, sem dados para dizer o contrário, eu mesmo acreditei nisso. Mas agora, analisando os dados da própria pró-reitoria de graduação, pode-se dizer o contrário. Esses alunos que entram em universidades públicas, com muito esforço e dedicação estão mantendo e, em alguns casos, até elevando o nível do desempenho acadêmico. Então podemos dizer que os alunos provenientes de escolas públicas e de classe mais baixa sabem dar mais valor à USP do que outros alunos, provenientes de escolas particulares e que no geral não valorizam a universidade por não saberem nem o valor nem o custo dela. Os que vem de escolas públicas são alunos que entram na universidade para estudar e que sabem que um futuro com menos incertezas e com melhoria de vida e do seu padrão sócio-econômico dependem do seu esforço e de seus resultados. No geral, não tem tempo de usar a universidade como playground, como eu já citei em postagens anteriores.*
Toda essa mudança é resultado de uma política de inclusão social realizada pela USP, chamada de INCLUSP. É um serviço que visa diminuir as diferenças sociais no acesso à USP. Funciona a partir de um sistema de acréscimo na nota dos alunos que vêm de escolas públicas que tenham bom desempenho na prova. Na revista eletrônica Território Geográfico vocês poderão encontrar um artigo meu que explica o INCLUSP. **
Vale lembrar que esse programa foi criado como uma forma alternativa de inclusão na USP, que tem posição contrária à política de cotas raciais utilizada por universidades federais. Com esses resultados, se eles continuarem, é claro, poderemos um dia nos orgulhar de ser uma país que dá oportunidade de ensino nas melhores universidades para todas as classes socias. E poderemos começar a falar em justiça quando o ensino fundamental e o ensino médio puderem formar alunos com qualidade o suficiente para ingressar nas melhores universidades sem a necessidade de programas desse tipo. Por incrível que pareça, já foi assim um dia. E não há motivo para acreditar que não pode voltar a ser. Basta que consigamos um pouco de respeito, discutamos os problemas reais e não os imaginários e façamos com que os políticos entendam de uma vez por todas que políticas educacionais só funcionam a longo prazo, então eles devem se preocupar menos com mandatos e sim com políticas públicas. Para isso, precisamos de pessoas bem formadas, com capacidade crítica e possibilidade de formar opinião de acordo com a realidade da periferia, não dos donos do poder. Aí sim poderemos pensar em tirar do poder os aproveitadores que usam o governo para ganhar dinheiro com a ignorância alheia. Pelo menos a USP está no caminho certo, incluindo pessoas em seu quadro discente pelo tipo de escola em que estudou e não pela quantidade de melanina que ela tem na pele. Quando conseguirmos melhorar os ensinos fundamental e médio conseguiremos o tão sonhado aumento da parcela de negros nas universidades, sem que para isso criemos um abismo racial, aumentando assim os conflitos por esse motivo. Talvez então, nesse dia, o povo entenda que os políticos trabalham para ele e não o contrário. Grandes mudanças começam com pequenas atitudes. Espero sinceramente que esse seja o começo de uma grande mudança no país que, por hora, está sem rumo e sob controle de gente que precisa de esfomeados e sedentos para se perpetuar no poder. Senão terei de me contentar com a possibilidade de apenas meus netos terem uma vida um pouco mais decente nesse país.

*Ler "Travestis na USP?", de 21/06/2009, nesse blog.
**Ler "Inclusão em discussão", em www.territoriogeograficoonline.com.br, seção Colunistas - Silvio Villar

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Ciclos!

O que constitui uma vida? A função orgânica de ar que entra e sai dos pulmões, brânquios e branquíolos? Ou então o fluxo de sangue que circula livremente em artérias, aurículas e ventrículos? Não creio, pelo menos para nós humanos, que insistimos em tentar entender os processos de vida e morte.
Acredito que a vida de uma pessoa dura enquanto durar suas lembranças na mente e nos sentimentos de uma outra pessoa. Enquanto sua lembrança persistir, sua existência está garantida. E só existe uma forma de se tornar eterno nessa existência terrena, apenas uma: ser bom.
Quando uma pessoa é má e faz coisas ruins para os outros está fadada ao esquecimento rápido, pois gente que atrapalha não faz falta. Pelo contrário, é capaz que algumas pessoas fiquem contentes com sua morte, pensando "Já foi tarde, agora não faz mais mal para ninguém".
É por isso que venho aqui, no dia que fecho mais um ciclo de vida, para afirmar que tenho consciência que sempre ganhamos ou perdemos em cada um desses ciclos de vida. Posso dizer também que nesse último ciclo muitas dificuldades foram enfrentadas, a maioria profissionais, algumas pessoais. Mas duas semanas atrás a pessoa mais legal da minha família nos deixou nesse plano e foi em busca do papai do céu. Para a família é uma perda irreparável, pessoalmente uma tragédia.
Essa pessoa nunca fez mal a ninguém, muito pelo contrário, só trouxe alegria para as nossas vidas. Se a vida é como penso, então sei que ela será para sempre lembrada pois estará por toda a vida em meu coração. Será eterna, então, pois sempre quis o bem de todos. Será eterna, então, pois sempre será parte da vida daqueles que alegrou com seu jeito especial de existir. E continuará existindo para sempre. Pena que agora não poderemos mais conversar e rir juntos, pelo menos por enquanto.
Funções orgânicas não fazem de um corpo uma vida. A existência que se constrói, as coisas boas que fazemos, as pessoas que ajudamos, isso faz um corpo com funções orgânicas perfeitas ganhar vida.
E quando olharmos para trás, para nossa vida, que possamos ver com orgulho o bem que fizemos e as vidas que mudamos para melhor. É só o que quero para a minha vida.

Vai com Deus, vai em paz, prima.

Saudades!
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Viva Stanislaw!

Depois de ver mais uma semana dos mandos e desmandos da politicalha do Brasil, em especial a do partido dos trombadinhas e do presidente da república, lembrei do velho Stanislaw Ponte Preta e do seu Samba do Crioulo Doido. Só isso (e também o FEBEAPÁ - Festival de Besteiras que Assola o País - também do mesmo autor) explicam o irrevogável revogado no dia seguinte, com direito a abrir mão de todo o respeito que um dia o senador Mercadante teve da população de São Paulo, que o elegeu. Mas eu o entendo, afinal a reunião com o presidente da nação para que ele revisse a sua posição durou mais de cinco horas... cinco horas em cima, sem tirar de dentro, não tem c* que aguente! Por mais que o prazer da sacanagem com os idiotas dos eleitores seja grande, uma hora começa a doer por dentro.
Vale a pena lembrar que, assim como eu, muitas pessoas começam a ver que o partido dos trombadinhas não passa de uma grande quadrilha, que tinha por objetivo chegar ao poder para se lambuzar com o dinheiro público, já que sempre tinham sido os preteridos nesse quesito. Chegaram a uma conclusão simples: "se todo político rouba, também tô nessa!" Só nessa semana dois senadores deixaram esse partido, um dizendo que tinha vergonha de pertencer a um partido que manipulou o que pode para salvar a imagem do presidente do senado e a outra abandonou o barco depois e trinta anos de partido e provavelmente será candidata à presidência ano que vem pelo partido verde. E não foram os primeiros nomes importantes a abandonar o partideco por causa do monstro corrupto e inescrupuloso em que ele se tornou. E enquanto o circo pega fogo, nosso Nero, quero dizer, Suplicy, canta no senado. Patético.

Samba do Crioulo Doido
(Stanislaw Ponte Preta)

Foi em Diamantina
Onde nasceu JK
Que a Princesa Leopoldina
Arresolveu se casá
Mas Chica da Silva
Tinha outros pretendentes
E obrigou a princesa
A se casar com Tiradentes

Lá iá lá iá lá ia
O bode que deu vou te contar
Lá iá lá iá lá iá
O bode que deu vou te contar

Joaquim José
Que também é
Da Silva Xavier
Queria ser dono do mundo
E se elegeu Pedro II
Das estradas de Minas
Seguiu pra São Paulo
E falou com Anchieta
O vigário dos índios
Aliou-se a Dom Pedro
E acabou com a falseta

Da união deles dois
Ficou resolvida a questão
E foi proclamada a escravidão
E foi proclamada a escravidão
Assim se conta essa história
Que é dos dois a maior glória
Da. Leopoldina virou trem
E D. Pedro é uma estação também

O, ô , ô, ô, ô, ô
O trem tá atrasado ou já passou

Imagem: Heitor dos Prazeres, 1964
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Curtas! na América Lat(r)ina!

Volto novamente à sessão Curtas! para falar sobre a América Latina e suas políticas internas e externas desses últimos meses. Nesses países, muito se fala em liberdade e democracia, mas do que entendo da situação, é como diz um velho ditado popular, "o macaco enrola o rabo, senta em cima e fala mal do rabo dos outros". Não é preciso dizer que a maioria das bobagens que se falaram nesses últimos meses veio de ditaduras bolivarianas como a Venezuela ou de países de paus mandados como o Brasil.

Venezuela
Na democracia venezuelana tudo funciona como na Bíblia: "tudo posso naquele que me fortalece", ou seja, o todo-poderoso Hugo Chávez. Quem contradiz o que o deus bolivariano diz é sumariamente condenado sem julgamento. Ele acaba de ordenar o fechamento de 34 rádios que fazem oposição à ele e seu governo e disse que pretende fechar mais 200. A rede de tv Globovisión, também opositora, acaba de ter sua sede invadida por partidários de Chávez e sob o comando de uma das mais influentes deputadas de seu governo. Em um país que se orgulha de dizer que é democrático, vendo essas atuações, posso dizer que não entendo mais o que é democracia.
Além disso, o governo de Caracas está esperneando por causa da cessão de bases colombianas aos EUA, o que seria perfeitamente aceitável se ele próprio não tivesse cedido bases e feito acordo com os Russos para manobras militares em seu território. Quer dizer que se for imperialista, não pode. Mas se for a mesma coisa com a camiseta do Che Guevara pode?

Bolívia
O presidente boliviano está um pouco mais recolhido nesses últimos meses, aparecendo pouco no noticiário internacional. Apenas reclamou publicamente da repercussão negativa que se deu ao fato de que armas compradas pelo governo venezuelano foram parar nas mãos de "guerrilheiros" das FARC, atualmente sequestradores em larga escala e controladores do narcotráfico na América Latina. Disse que o vídeo em que o traficante falava isso era mais uma "montagem para desprestigiar um presidente revolucionário" e que é "uma campanha suja que vem do império". Bom, nessas frases ele disse tudo: ou ele é um grande fã da série de filmes Star Wars ou demonstra mais uma vez seu pensamento avançadíssimo para o século XVIII.

Equador
Falando em pensadores atrasados para a vida, o presidente do Equador também se revoltou com o fato de terem falado sobre o vídeo citado acima, em que um traficante diz que as FARC patrocinaram a sua campanha eleitoral. Patrocinar com dinheiro do narcotráfico para "cercar" a Colômbia com governos ditatoriais bolivarianos pode, o que não pode é divulgar essa informação. Basta dar uma olhada no mapa e ver a situação atual da Colômbia, cercada por governos imprestáveis por todos os lados, com exceção do Peru, seu principal aliado nessas questões de política externa atualmente. Dá para entender porque a Colômbia está cedendo bases militares em seu território para os EUA.

Paraguai
O presidente paraguaio, Fernando Lugo, é um dos que está mais contente. No mês de julho conseguiu cumprir uma de suas principais promessas de campanha, ou seja, arrancar mais dinheiro do Brasil pela energia elétrica de Itaipu. O governo brasileiro comprava cerca de R$ 120 milhões em energia do Paraguai, valor esse que será triplicado pelo novo acordo. De acordo com o governo brasileiro, o valor não será repassado aos consumidores do nosso país. Aí fica a pergunta: o dinheiro que vai pagar isso não vai ser subsidiado pelo governo? Como a resposta é sim, o palácio do planalto só arranjou um jeito de todos os contribuintes brasileiros pagarem pela estabilidade política do seu vizinho, o que era necessário depois que descobriram que o presidente além de ser bispo também era papai, atividades essas, digamos, incompatíveis se realizadas ao mesmo tempo.

Colômbia
Já o pessoal da Colômbia tem de ter muita paciência. O seu presidente, Álvaro Uribe, parece ter sido picado pelo mesmo mosquito do caudilhismo, pois já está se articulando para tentar mudar a constituição e se reeleger. O detalhe é que ele já está no poder há dois mandatos, o que o aproxima de seu arquirrival na política sul americana, o Huguinho. No mais, só diferenças. E ingerências. Não digo que me conforta a situação dele querer ceder bases militares para os EUA, mas me pergunto o motivo de tanto alarde. Não vi nenhum país fazendo alarde quando o caudilho venezuelano cedeu bases em seu território para a Rússia. Vale lembrar que Venezuela e Colômbia fazem fronteira entre si e com o Brasil. Qual o motivo de nossa diplomacia internacional não ter falado nada na época e agora fica com chiliques? Não dá para entender, a não ser que se use outro ditado popular: "dois pesos, duas medidas".

Brasil
Ah, o Brasil! Nosso querido presidente, aí ao lado em participação especial no South Park, gosta mesmo é de defender seus colegas bolivarianos, às custas do nosso dinheiro. Já tinha aceitado pagar mais caro pelo gás da Bolívia, sempre pagou mais caro pelo petróleo venezuelano do que os EUA e agora vai pagar mais caro pela energia de Itaipu. Só falta agora o Evo exigir que os traficantes brasileiros paguem mais caro pelas drogas que vêm de lá também.
Enquanto ele cuida dos problemas dos outros, aqui no Brasil nós ficamos vendo o senado federal virar motivo de piada (70% do conselho de ética do senado tem processos por falta de ética) e o judiciário tentando chegar no mesmo nível, colocando magistrados para realizar julgamentos de seus amigos íntimos, o que só poderia dar em merda mesmo. Em um desses julgamentos, o jornal "O Estado de São Paulo" ficou proibido antecipadamente de divulgar informações sobre uma operação da Polícia Federal que investiga a família Sarney. Traduzindo, voltamos à época da censura, igualzinho na Ditadura Militar da década de 1960. Tudo para esconder as cagadas da família que é dona do Maranhão, da qual o patriarca é dono do senado. E tudo isso com a conivência e a benção do nosso presidente, que pelo menos é coerente no discurso, defendendo oligarquias dentro e fora do país.
Trocando em miúdos, ao analisar a situação política da América Latina, pode-se ver que a democracia que havia sido conquistada está indo descarga abaixo por causa de dispositivos que ela mesma permite, como os plebiscitos, usados de maneira leviana. Muitos países já caíram nesse truque, entrando para a Aliança Bolivariana para a América Latina (ALBA) e discursando pelo "socialismo do século 21". Pelo visto, essa região do planeta está realmente iniciando um movmento histórico: o de retorno às origens de colônia de exploração e ditaduras. Uma pena.
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O imbecil sou eu!

E ignorante também! Hoje fui surpreendido por reportagens nos principais jornais de São Paulo com o Lula falando sobre a minha pessoa. Obviamente não foi uma citação nominal, pois ele está longe de me conhecer pessoalmente (políticos só buscam contato com o povo na época das eleições). Mas ele falou ontem (31/07) sobre as pessoas que criticam o principal cabo eleitoral dele e de Dilma Roussef, o programa Bolsa-Família. Segundo ele, "Alguns dizem assim: o Bolsa Família é uma esmola, é assistencialismo, é demagogia e vai por aí afora. Tem gente tão imbecil, tão ignorante, que ainda fala 'o Bolsa Família é para deixar as pessoas preguiçosas porque quem recebe não quer mais trabalhar'". Eu entendo que ele esteja chateado, afinal de contas para esse tipo de pessoa as críticas até podem ser feitas, mas só para a oposição, nunca para o governo. Eu mesmo cansei de falar em sala de aula sobre o bolsa-esmola e dizer que é uma política assistencialista. E não sou tão ignorante quanto ele gostaria.
O bolsa-família é sim assitencialismo barato, usado como cabresto eleitoral no curral eleitoral nordestino, onde está a maioria dos cartões do programa. Ele é necessário e estratégico para a eleição da Dilma, o tapa-buraco providencial do Lula. E não estou dizendo que ele não seja importante para quem recebe, que fique bem claro, mas que ele deveria ser apenas um paliativo temporário e não uma moeda de troca eleitoral eterna, como é costume no Brasil.
Com o aumento dos valores anunciado hoje, a União vai gastar aproximadamente R$ 12 milhões com esse programa. Aí vão dizer: "tá reclamando de gastar dinheiro com os pobres..." e eu respondo: gastando dinheiro? Não estamos mesmo! No ano passado, só o governo federal arrecadou 701,403 bilhões de reais com impostos e contribuições*. Fazendo uma conta simples, podemos ver que o bolsa-família, orgulho do Lula, representa aproximadamente 0,017% desse valor. Façam a conta, é uma regra de três simples. Se é para ajudar, porque não ajudar de verdade? Dinheiro tem, não sabemos onde vai parar, pois não está onde devia (educação, saúde, etc). E o molusco ainda vem posar de santo.
Nossa anta de plantão também disse que "Somente uma pessoa ignorante ou uma pessoa de má-fé ou uma pessoa que não conhece o povo brasileiro será capaz de dizer que uma pessoa que recebe o Bolsa Família vai ficar vagabundo e não quer mais trabalhar. É não conhecer a sociedade brasileira". O Lula conhece mesmo a sociedade brasileira, tanto que falou logo a seguir que já registrou "gestos extraordinários" de pessoas que devolveram o cartão depois de conseguir um emprego. Isso não faz parte do programa? Ah, é que pessoas honestas são algo extraordinário mesmo nesse país.
Ele é muito bom em falar dos gastos do governo com o lado social da coisa, e como isso o distancia e o diferencia de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Mas no governo dele, além da corrupção e da distribuição de dinheiro e cargos públicos, a arrecadação de impostos só aumentou também. Isso significa dizer que a situação econômica do Brasil melhorou, a arrecadação aumentou e como recompensa pelos esforços da sociedade, a carga tributária aumentou também. Veja o gráfico** e compare os dois governos. Agora vejamos: eu me coloco na posição de criticar o programa, com embasamento teórico e experiências vivenciadas na realidade do cotiano; ele faz campanha eleitoral com o programa de distribuição de renda que o FHC inventou (e que o Lula só mudou o nome) e chama os críticos de ignorantes e imbecis.
Para quem começou no sindicalismo criticando os patrões, lutou por eleições diretas, foi candidato derrotado várias vezes à presidência do país até que ganhou, a trajetória parece ser importante. Ele antes dizia que Collor, Sarney e Maluf eram o que de mais podre existia na política. Hoje esses são seus principais aliados. Dizia que o seu partido era "dos trabalhadores" e que lutava contra a corrupção. Quando chegou ao poder, governou para os ricos e se mostrou o mais corrupto de todos, além de ser o mais incompetente em ocultar sua corrupção, seus dólares na cueca, os mensaleiros, os acordos escusos, os atos secretos e nem tão secretos em defesa do indefensável, como no caso Sarney. Disse que diminuiria os gastos do governo e eles aumentaram sem parar. Disse que faria as reformas necessárias para o país, mas nenhuma foi feita (política, do judiciário, tributária, entre outras). Para quem dizia que era diferente, que defenderia o povo, que lutaria contra a corrupção, me parece que caiu bem a carapuça de Ali Babá. A diferença é que aqui temos muito mais do que quarenta ladrões.
Enquanto isso, eu continuo trabalhando em três instituições de ensino diferentes para pagar as minhas contas, dividindo meus ganhos com o governo, o sócio macabro que todo brasileiro tem, que não faz nada mas rouba quase 40% do que eu ganho e não me devolve nenhum benefício em troca. Tento toda vez que entro em sala de aula preparar os alunos para que eles tenham uma postura mais digna e crítica perante os tantos ladrões que ocupam os principais cargos públicos brasileiros, pois foi a forma que eu encontrei de tentar ajudar nessa situação. E escrevo nesse blog para que as pessoas saibam a opinião de alguém que discorda das coisas como estão postas, mas com argumentos, tentando mostrar para todos o descalabro que é essa gestão, o quão podre é essa pessoa e esse partido. Mas como já diria Nelson Rodrigues: Nada é mais cansativo do que tentar mostrar o óbvio. E eu já estou ficando cansado.

* De acordo com dados da Receita Federal de janeiro de 2009.
** Fonte: Folha on line
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Os 15 anos do Real e os governos do Brasil.

Nesse mês de Julho o Plano Real completou 15 anos. Esse plano possibilitou aos brasileiros uma até então inédita estabilidade econômica, além de promover Fernando Henrique Cardoso, de ministro de Itamar Franco, a Presidente da República.
Desde então o Brasil vive no mais profundo neoliberalismo e tudo o que isso significa, privatizações de empresas estatais, abertura de mercado para produtos estrangeiros e empresas transnacionais, política de juros favoráveis às exportações em detrimento das importações, entre outros fatores.
Os governos que passaram no Brasil em nível federal agarraram-se às políticas econômicas neoliberais como se ela fossem a única forma sustentável de crescimento. Depois da estabilidade que a nova moeda e as políticas econômicas proporcionaram ao Brasil, o país tinha de escolher a forma como iria querer crescer. "Escolheu" o jeito que o FMI impunha aos países que tinham muitas dívidas para com eles. E se deu mal. Outros países, como a China e a Índia escolheram outros caminhos e cresceram muito mais do que nós. Não se pode negar que a economia melhorou, muitas pessoas saíram da classe mais baixa e se tornaram classe média e muitos deixaram de ser miseráveis. Mas também não se pode dizer que o país melhorou, como afirmam os marketeiros do partideco.
A estabilidade econômica possibilitou o crescimento da arrecadação fiscal em todos os níveis, fazendo com que os recordes se sucedessem desde então. Ainda assim, todo esse dinheiro não refletiu na melhoria da educação, saúde, transporte e infraestrutura como um todo. Pelo contrário, a maioria desses serviços piorou enormemente, como é fácil de se verificar na educação. Eu mesmo sou fruto de uma educação pública que, se não era a melhor do mundo, me formou um ser pensante e crítico, graças a alguns excelentes professores que tive. Hoje podemos ver, sem fazer muita forço, alunos de escola pública que chegam ao 9º ano sem saber ler e escrever direito. E saem da escola, quando concluem o ensino médio, analfabetos funcionais em sua maioria.
Como já diria nosso presidente molusco, nunca na história desse país se arrecadou tanto. E nunca se roubou tanto dinheiro público como nesses anos da dobradinha psdb-pt, que são farinha do mesmo saco. A única diferença que vejo é que o psdb não se vende como diferente, enquanto o pt se diz cordeiro mesmo sendo o lobo disfarçado. E mentem tanto para si mesmos que acreditam que são diferentes. Todas as falcatruas foram herdadas pelo pt, que não deve ter inventado nenhuma delas. Mas que eles se aproveitaram isso é inegável. E como o Lula sabe distribuir elogios, críticas e dinheiro público como ninguém, a sua popularidade só aumenta, em especial entre os ricos que ele tanto criticava quando era pobre.
Toda essa popularidade, que FHC nunca teve, possibilita ao atual governo fazer coisas antes inimagináveis, como assumir que é corrupto, protegendo culpados de crimes comprovados em nome da "governabilidade". Somente em um país de corruptos e corruptíveis, onde a honestidade é a exceção, isso seria possível. Portanto não adianta reclamar: o Plano Real, filho da equipe econômica de Itamar Franco, passou para FHC, que o usou para fazer o que bem quis no país, incluindo mudar a constituição para se reeleger. E o Lula, essa metamorfose ambulante, que além de mudar de classe social e de postura, agora se alia aos corruptos que antes criticava para continuar mamando nas tetas do governo. E tudo isso com os frutos de um plano econômico que podia ter transformado o Brasil no país do futuro que sempre sonhamos. Ao invés disso o país mostrou a sua verdadeira cara, de pessoas sem escrúpulos, algumas delas administrando o país. E as eleições do ano que vem nos mostram que tudo isso pode piorar, basta ver os principais candidatos do pleito. No fim, estamos perdidos e pagamos caros por isso. Antes eu achava que nada mudaria por causa da doce ignorância do povo. Hoje sei que nada mudará, mas por causa da má índole da maioria do povo, que aprova a corrupção desse governo. Vivemos no país do "rouba mas faz". E nada mudará isso. Absolutamente nada.
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Há exatos 40 anos...

O mundo ficava estarrecido, chocado, admirado: o homem chegava à Lua, nosso satélite natural. Não vou aqui ficar alimentando teorias e nem discutindo o que para mim é indiscutível, o homem realmente pisou na Lua, mais de uma vez.
Esse fato grandioso para a humanidade foi uma das muitas consequências da corrida aerosespacial e armamentista decorrente da bipolaridade EUA e URSS, capitalismo e socialismo. Na época da Guerra Fria, as duas superpotências lutavam entre si para provar que era melhor do que a outra, e a conquista da Lua servia muito bem como propaganda de seu regime. Pois bem, em 1969 os EUA aterrissaram uma nave na Lua, coletaram amostras, caminharam por lá e voltaram para a Terra. Fantástico, não?
Passados quarenta anos, a Guerra Fria acabou, o Muro de Berlim caiu, a URSS deixou de existir, as transnacionais se ergueram, o mundo mudou. Essa grande corrida trouxe benefícios para a humanidade, com avanços tecnológicos e científicos em diversas áreas diferentes, avanços esses que são utilizados até hoje. Não existe mais a dicotomia entre dois países, mas uma economia globalizada que interfere diretamente em cada lar do mundo.
A mostra de perseverança que parte da humanidade mostrou para conseguir esse feito, levar o homem à Lua, foi formidável. Me pergunto sempre onde foi parar a garra, a vontade da humanidade em melhorar, que possibilita tantos e tantos avanços e que mesmo assim permite que um terço da população do mundo passe fome. Tanta tecnologia, tanto conhecimento, para nada. Se as pessoas não puderem comprar e pagar pelos avanços da humanidade, ficarão automaticamente excluídas deles. Avançamos enormemente em tecnologia e por incrível que pareça, regredimos mais e mais nos relacionamentos humanos, cada vez mais pautados no dinheiro.
Vivemos em um pequeno ponto azul no Cosmos, cheio de vida e com uma raça dominante extremamente capaz de transformações formidáveis. Ainda assim, vivemos em um mundo em que a humanidade deixou de ser importante por si, mas sim por aquilo que tem capacidade ou não de comprar. A mesma humanidade que consegue maravilhas tecnológicas permite que crianças morram de fome. Vai entender essa raça.
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Vergonha é para quem tem!

Muitos sabem que em muitos aspectos eu gostaria de falar menos de política e mais de coisas boas nesse blog. Mas ultimamente tem sido praticamente impossível passar batido por tantas e tantas que nosso povo e nossos políticos fazem. Isso me obriga a, mais uma vez, falar de política. Não que eu tenha falado pouco disso nesse espaço.
Passados alguns dias fora de São Paulo, volto a me ater às notícias e vejo novamente um país fadado ao fracasso por causa das atitudes da nossa classe política e da falta de atitude de nosso povo omisso, para não dizer corrupto. É claro que o centro de todas as atenções é o governo Lula, do pt, seus asseclas e toda a corja que o mantém no poder e na vida pública. Mas ele está longe de estar sozinho.
Vejo no noticiário um presidente do senado dar graças a Deus pelo recesso parlamentar, que adia por um mês as explicações diárias que os meios de comunicação cobram dele. E se diz injustiçado e perseguido pela imprensa, que não é santa, mas que o expõe como nunca tinha sido feito. Ainda assim ele é apoiado incondicionalmente pelo partideco do governo federal, a mando do seu "poderoso chefão". Vergonha das coisas que fez? Acredito que tenha mais vergonha das coisas que não fez, leia-se se locupletar mais ainda do dinheiro público.
O próprio presidente da república, que é uma vergonha ambulante, subiu em palanque para fazer discurso eleitoral, elogiou o Collor e o Renan Calheiros, defendeu o Sarney, obrigou o partideco a apoiá-lo no senado e ainda chamou os seus adversários nessa casa de pizzaiolos, o que muito ofendeu a classe de trabalhadores desse ramo de negócios. Como está com a popularidade em alta com o povão, pode se dar ao luxo de falar as merdas que quiser, o que dificilmente afetará a sua imagem. Em país de corruptos é assim mesmo: quem tem o controle da verba pública é rei. E deve ser bajulado.
Essa lição o pessoal da União Nacional dos Estudantes aprendeu direitinho. Tendo recebido mais verbas do governo Lula do que em toda a sua história, a UNE se rendeu: defendeu o Lula, criticou abertamente a CPI da Petrobrás, defendeu o Renan, enfim, o que o governo mandar a UNE faz, o que é uma vergonha, pois um dia essa foi uma entidade respeitada.
Trocando em miúdos: o presidente da república não tem vergonha de vender o corpo e a alma, fazendo acordos com qualquer um para fazer a sua sucessora (parece até que tem algo a esconder, não?); o presidente do senado não vergonha nenhuma de fazer suas falcatruas, dizer que não sabia de nada (clássico, também) e sair das acusações sem nenhum arranhão; o partideco do governo não tem vergonha de fazer tudo que for possível para se manter no poder; a dita "sociedade civil organizada", exemplificada pela UNE, não tem vergonha de se vender e apoiar políticos corruptos e roubo do dinheiro público se o seu pedaço do bolo for um pouquinho maior do que o de costume; e o povo brasileiro, o que dizer dele? Apóia incondicionalmente o pivô de todo o roubo, desvio de verbas públicas, corrupção e ladroagem do país, na figura de seu presidente da república. É obvio que ele vai dizer o bolsa-família é mal visto por quem tem dinheiro, afinal isso fica bonito na campanha eleitoral que ele anda fazendo, apesar de ser proibido. O que ele não diz é que repassa apenas 1% da arrecadação de impostos do país em benefício do povo e o resto é usado como fonte de renda para sua administração de malfeitores, para pagar mensalão, financiar as campanhas caríssimas de seu partideco, entre outras coisas.
Para não dizer que não há ninguém aqui com vergonha, respondo por mim: eu tenho vergonha! De ser brasileiro.
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Quem segura o rei?

Nos últimos meses temos visto na mídia em geral um grande movimento de denúncias dos atos secretos do senado brasileiro. Não que seja alguma novidade, é claro. Mas quanto mais próximos de uma eleição chegamos, mais pornográficas se tornam as denúncias.
Não se pode dizer abertamente que o pt esteja fazendo campanha para Dilma, afinal ela e o Lula só estão fazendo campanha em palanques, fazendo discursos e falando sobre as realizações do governo atual. Para eles, isso não é campanha presidencial. Da mesma forma, o psdb não afirma estar em camapnha, apesar de todas as propagandas do governo do estado de São Paulo serem direcionadas à todo o público nacional. Desconfio que essas propagandas políticas estejam passando em outros estados da federação, mas é só um palpite.
Quem nós podemos afirmar que está em campanha eleitoral é a grande puta, o pmdb. Como quem paga mais leva, a disputa começou cedo pelo apoio deles às candidaturas petista e tucana. Apesar de tudo, o pmdb sabe que as probabilidades de Dilma ganhar são grandes, basta que o Lula consiga repassar os seus votos para ela. E o Serra, convenhamos, não tem muito a cara de um presidente eleito pelos votos do nordeste, que vota em quem o Lula mandar (cabresto eleitoral eletrônico, lembram? Leia-se Bolsa-esmola).
Deve ser por isso que o Lula está tão desesperado para segurar o Sarney no cargo de presidente do senado. Senador de peso, sabe todos os podres de cada um do quadro do senado, sabe que "botões" apertar para conseguir o resultado que deseja. No caso, que o Lula deseja, ou seja, eleger Dilma como sua sucessora. Para garantir que isso aconteça é necessário o apoio do Sarney e do pmdb, então Lula coagiu os senadores do seu partideco a apoiar Sarney de qualquer forma, o que foi feito. O pt precisa do pmdb e do Sarney, cogita-se que Michel Temer seja convidado para ser candidato à vice com Dilma e que mais um ministério seria dado ao pmdb (seria o sétimo!) para garantir o apoio nas eleições do ano que vem e nas votações de orçamento para o ano que vem, no qual o governo pretende garantir a eleição de Dilma. Isso sem contar nas CPI's que podem aparecer, nas investigações dos gastos com cartões corporativos que estão na estratosfera e na manutenção do status de principal partido do país, pelo menos por mais quatro anos. O pmdb não tem essa pretensão, afinal encontrou o seu lugar na base de apoio de qualquer governo que aparecer, garantindo lucros inimagináveis com isso e se expondo o mínimo possível. Sorte de pessoas como o Sarney ter aliados tão poderosos como o Lula, que arrisca a imagem de seu corrompido partido para sustentá-lo no poder, apesar de todas as falcatruas comprovadas realizadas por ele. Me pergunto quem é o maior corrupto, aquele que faz a corrupção ou aquele que a esconde, por causa de seus próprios interesses? Como diz a letra da música Somos quem podemos ser, dos Engenheiros do Havaí: "Quem ocupa o trono tem culpa, quem oculta o crime também."
A culpa é de quem? Há vários culpados: os eleitores, porque essas duas antas foram eleitas pelo voto popular; os senadores e deputados que votam as leis para se locupletar do dinheiro público sem sofrer punições; o executivo, que faz vista grossa para as falcatruas dos outros por causa das suas próprias, o famoso rabo preso; e por fim a toda a população, que apesar de toda a merda que eles fazem permite que eles fiquem no poder. E alguns até com aprovação popular recorde, o que só comprova a teoria de que o Brasil é mesmo um país de corruptos e malandros, a honestidade é que é a exceção à regra. Quem segura o rei corrupto no cargo? O povo corrupto que o carrega nos ombros, com um largo sorriso no rosto, apesar da inveja e da vontade absurda de estar em seu lugar.
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Mutreta no Irã

As últimas eleições presidenciais do Irã mostraram uma faceta antiquada mas ainda muito utilizada no mundo, a manipulação de resultados. Ato muito mal feito, por sinal, uma vez que a contagem manual dos votos deveria durar alguns dias e os resultados foram divulgados doze horas depois de terminada a votação. É muito querer que se conte os aproximadamente 40 milhões de votos daquele país em tão pouco tempo.
A revolta provocada no Irã está muito ligada à quantidade de pessoas que votaram nessas eleições, mais de 85% do total de eleitores. Todas as avaliações previam a derrota do atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad e foi muito estranho que ele tenha vencido em todas as unidades eleitorais, inclusive na cidade natal de seu principal adversário, Mir Hossein Mousavi. As pessoas se sentiram enganadas, é óbvio, por acreditar em um sistema eleitoral que demonstrou tamanha manipulação. Como consequência, uma onda de revoltas assolou o país, com manifestações gigantescas contrárias ao governo em que as pessoas reclamam do resultado das eleções.
O problema é que em muitos países os líderes estão cada vez mais chegados no poder, seja por ele próprio, pelo dinheiro que manipulam ou pelo status que os cargos lhes dão. Infelizmente, voltou a ser prática comum o desrespeito à democracia, como vemos em vários países da América Latina, por exemplo, em que atitudes antidemocráticas são disfarçadas por plebiscitos e consultas populares. Tudo bem que o Irã não é exatamente uma democracia, afinal o líder supremo, acima do presidente, é um cargo religioso e vitalício. Mas deve ser interessante manter o radical Ahmadinejad no poder, pois a reação de Ali Khamenei foi ordenar o fim dos tumultos e protestos, inclusive repreendendo violentamente as manifestações populares. Também tentou, aí sem muito êxito, impedir que as imagens dos protestos e da violência da polícia fossem mostrados para todo o mundo. Mas a internet se encarregou de impedir que os acontecimentos ficassem fechados naquele país e ganharam o mundo.
O que se vê são eleitores revoltados com o resultado manipulado das eleições, reagindo com veemência ao seu resultado e sendo por isso combatidos pelo governo. Os governistas, que exultaram o imenso comparecimento dos eleitores às urnas não imaginaram que isso viria a ser um problema tão grande. Afinal, quando um povo tem um pouco de senso crítico não fica quieto assistindo às palhaçadas que seus governantes fazem com seus votos, seu dinheiro, sua vida. Fica a lição, que talvez fosse aprendida em outros países se os programas de ensino público funcionassem: o povo é que manda no governo, não o contrário. Se Ahmadinejad ficar no governo, não será lembrado como o presidente eleito e reeleito do Irã e sim como mais um golpista que conseguiu se dar bem e, manipulando resultados, deu um "golpe de Estado", permanecendo no poder mesmo sem ter sido eleito. Ilegal, ilegítimo e antiético são as únicas descrições possíveis para o que está acontecendo agora no Irã. Veremos se farão aquilo que prometeram e executam os manifestantes, o que seria um massacre.
Em uma situação como essa, fica a pergunta: porque disfarçar? Assumam a ditadura de uma vez e matem os opositores. Pelo menos terão sido homens o suficiente para admitir as cagadas que fazem.
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Travestis na USP!

Primeiro tenho de deixar clara uma coisa: não estou falando de travestis como a maioria pensou de cara, é no sentido figurado. Estou dizendo daquele que se traveste de algo que na verdade não é. Portanto, essa postagem não está ligada a nenhum conteúdo ou contexto sexual, de forma alguma.

As últimas semanas foram bastante agitadas na USP, a maior universidade em lingua portuguesa do mundo. Alguma coisa acabou indo para a imprensa, que tornou evidente ao público uma greve que já ocorre de forma tradicional na universidade, parece até fazer parte do calendário de atividades de certas unidades. Mas, perguntado pelos meus alunos sobre a minha opinião sobre o assunto, afinal fui aluno da USP, sempre respondi que temos de tomar cuidado com certas afirmações. Por exemplo, a USP não está em greve, uma parte dela está. Pequena, por sinal. Outra coisa que sempre perguntam é: quem tem razão nessa história? E a resposta é sempre a mesma: dos três grupos em greve, só dois podem ser levados a sério, os funcionários e os professores.

Os funcionários estão em greve por causa do descumprimento de um acordo da reitora de incorporação de salários do valor de R$ 200,00. Também reivindicam a recontratação de um funcionário demitido por causa de sua atuação sindical. Vale lembrar que a greve é um instrumento legal que aqueles que produzem valores econômicos podem usar para negociar melhorias nas condições de trabalho. Por causa dos desentendimentos da reitoria com a direção do sindicato (culpa da reitoria que desmarcou um encontro agendado), a entrada da reitoria foi bloqueada por grevistas. Qual foi a solução de gênio da reitoria? Chamar a PM para dentro do Campus da capital.

Não que eu tenha algum medo da polícia, não devo nada a ela. Além do mais, meus três empregos e minha aversão às drogas não me colocam como alvo de nenhuma investigação quando estou na USP, pelo que entendo. A polícia tem mais o que fazer do que me investigar. Mas a presença dela no campus viola um acordo histórico feito no fim da ditadura militar de que a PM sempre ficaria fora da USP, a não ser em casos específicos. Por causa dessa intervenção, os professores resolveram então se juntar à greve dos funcionários, pedindo a saída da polícia do campus.
A posição dos professores é compreensível, afinal a maioria deles estava na universidade, de algum modo, quando a polícia entrava na USP e prendia ativistas contra a ditadura que nunca mais eram vistos. A ojeriza deles à presença da polícia ali é algo que se pode entender perfeitamente.

Da parte dos alunos que estão em greve (FFLCH, ECA, FE e Psicologia, segundo levantamento do Estadão desse domingo) nem discuto. Pessoas que se juntam, dizem representar os estudantes em uma assembléia e votam "oficialmente" a posição "Fora PM do mundo" não merecem sequer discussão, de tão ridículo. Deve ser por isso que a reitoria não os leva a sério, afinal conversar com essas pessoas seria aceitar que posições obtusas e ridículas como essa entrassem em pauta de discussão. Mais do que qualquer coisa, essas pessoas ajudaram a reitora a manter a sua posição. Afinal, como negociar com esse tipo de pessoa?

O restante da universidade funciona normalmente, com exceção dos serviços que dependem dos funcionários, como o bandejão e o circular, linha de ônibus interna da USP. E porque então se falou tanto sobre essa greve em específico, se elas já fazem parte da rotina da USP (para aqueles que as seguem ou não, tanto faz)? Por que a PM entrou em confronto com um grupo de manifestantes que fechara o portão um, principal entrada do campus. Não cabe a mim julgar quem começou a confusão, mas por ter vivido um largo período na FFLCH acho mesmo que não foram os policiais que começaram a confusão. Eles só deram o tom da pancadaria, armados e estimulados que estavam.

A pergunta é: porque isso ainda acontece na USP? Essa crise só veio coroar um processo de anos e anos em que a maioria dos alunos que entram na FFLCH, por exemplo, vem das camadas mais abastadas da sociedade e transformam a sua estadia na faculdade em uma grande brincadeira, uma grande diversão. A universidade vira, para algumas pessoas, um verdadeiro playground.

São pessoas que se travestem de pobres, se vestindo como, falando como e agindo como, mas sempre voltando para suas casas confortáveis nos seus carros caros. São comunistas, marxistas, tanto faz a ideologia. No geral, lutam contra o capitalismo mas nunca trabalharam na vida para pagar a comida no próprio prato ou o papel higiênico com que limpam a bunda. Vivem no mundo da fantasia, têm quem pague as suas contas e por isso podem fazer protestos e assembléias em dias letivos e de trabalho normal, afinal não sabem o que é isso. Lutam pela melhoria no ensino, mas a maioria deles nunca está na sala de aula. Parece contraditório e é: na USP, aqueles que lutam pelo ensino não têm a menor intensão de se aproveitar dele, afinal dá muito trabalho. O máximo que querem da vida é militar no movimento estudantil, aprender as manhas com os partidos políticos aí colocados e, se a polícia ajudar e bater em alguém, virar político de verdade, em defesa do ensino público. Ainda bem que nem todos são assim e é possível encontrar gente digna de respeito no corpo discente das faculdades, mesmo nesses redutos de pensamento ultrapassado.

Se o caso dos travestis parasse por aí estaria tudo bem. O problema é quando toda essa história sobe os degraus e de corpo discente vira corpo docente. Muitos doutrinadores travestidos de professores estão nas fileiras da USP, impedindo o livre pensamento, a discordância e o debate (ainda bem que são minoria, barulhenta, mas minoria). Até onde posso entender do processo educacional pela minha magra experiência em escolas e cursinhos, a função do professor é dar recursos para que o aluno tenha o entendimento daquilo que está aprendendo. Isso passa obrigatoriamente por dar todas as informações necessárias e as várias visões de um mesmo fato, para estimular a reflexão e assim fazer progredir a ciência.

Doutrinadores formam seguidores e não acredito que seja essa a função de uma universidade do porte da USP. Quantas vezes ouvi de colegas que fizeram curso comigo que tinham escrito nas provas o que os professores queriam ler para não serem reprovados? Eu mesmo tive de fazer isso em algumas matérias, por saber de antemão que os discordantes nunca eram aprovados. Quantas vezes ouvimos falar que pessoas que defendem doutrinas ideológicas nas salas de aula e que tinham outra forma de vida fora da universidade? Quantas vezes vimos ou ouvimos professores dizerem absurdos como que o mercado de trabalho não existe? É difícil acreditar, mas é a verdade: isso é parte da USP. Apesar disso, a universidade continua sendo bem conceituada, estando entre as 100 melhores do mundo, no geral. Apenas porque a parte menos importante da USP entra em greve. E é a parte menos importante porque é a que menos se dá importância. Infelizmente.
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Pequeno grande império comunista!

Ditaduras controlando grandes massas populares, tecnologias destrutivas e fazendo ameaças de guerra não são nenhuma novidade. Só para citar alguns, podemos ficar com Gengis Khan, Adolf Hitler e as religiões que mataram indiscriminadamente em nome de Deus (seja ele qual for).
Mas devemos agora parar e prestar atenção em uma ditadura em especial, a de Kim Jong Il na Coréia do Norte.
Primeiro devemos entender o que aconteceu. Esse país surge da divisão da península da Coréia depois da Segunda Guerra Mundial, a porção norte sendo controlada pelos soviéticos e a porção sul pelos estadunidenses. Enquanto a Coréia do Sul se desenvolveu aos moldes capitalistas, com todas as vantagens e mazelas que isso carrega, a Coréia do Norte se fechou para o mundo, como normalmente fazem as ditaduras comunistas.
Estabelecida por Kim Il-sung, pai do atual ditador no fim da década de 1940, essa Coréia fica sob seu domínio completo até 1994, quando ele morre e os poderes de líder absoluto passam para seu filho, Kim Jong Il, o maluco do momento. Nesse ponto também vale a ressalva que, pelo que me lembre, esse é o único caso de Monarquia Comunista no mundo. Reza a lenda que ele já está preparando seu primogênito para assumir seu lugar quando morrer.
Essa é mais uma que devemos ao agora ex-lider mundial que o mundo adora odiar, George W. Bush, que deixou de cumprir um acordo de envio de combustíveis para a Coréia do Norte em troca da desistência dos planos de desenvolvimento nuclear desse país.
Agora a Coréia do Norte entrou para o seleto grupo de países que detém a bomba atômica e como seu líder é pancada da cabeça é capaz de passar por ela usá-la. Sinceramente não creio que isso aconteça, deve ser mais uma forma de pressionar as autoridades internacionais e dizer: "nos deixem quietos, temos boas cartas nas mãos". Óbvio que isso não tranquiliza nem um pouco os sul-coreanos nem os japoneses, odiados por Jong Il. E os testes com mísseis intercontinentais só aumentam o problema.
O que mais preocupa é que o governo estadunidense criou um grupo seleto de países chamados de Eixo do Mal, países que agiriam de forma antidemocrática no mundo, entre outras coisas. Ao fazer isso, foi criado até de maneira ingênua um grupo de ajuda mútua, que se concretizado, pode criar problemas no mundo. Especialmente se juntarmos a Jong Il o maluco do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadnejad e sua alta tecnologia em mísseis. Já imaginou essa dobradinha no ataque?
Mesmo não acreditando em uma guerra na região, é sempre bom ficar com um pé atrás com esses tipos malucos no poder. E a humanidade bem que podia aprender com seus próprios erros, não? As monarquias já não predominantes no mundo e o comunismo nunca existiu na prática. Que combinação para um governo nuclear.
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Em nome do...

Em seu nome já foram propagadas as mais inebriantes verdades e as mais eficientes mentiras. Muitas vezes fomos colocados à prova na tentativa de defendê-lo das mazelas da existência humana, que lhe castiga, extorque, arranca a alma. Muitas vezes também só pudemos chorar por aquilo que já estava destruído, arrasado, definitivamente apagado da existência nesse planeta.

Por você, já vi barcos serem abalroados, políticos hostilizados e venerados, protestos veementes e gente indiferente. Em seu nome também já vi pessoas amaldiçoando o amanhã, o ontem e o hoje. Muitas sem saber o que fazer assistem a tudo em cima do muro e esperam que a discussão acabe para pegar os restos dos derrotados e seguir com os vitoriosos. Outros compram a briga, assumem o risco de opinar e serem esmagados pela história, que não perdoa.

Colocaram a culpa de seus problemas nos homens, nas mulheres, nas crianças, no sol, na lua, em todos os astros juntos, em nenhum em particular. O que já foi feito, o que não foi feito, o que está sendo feito, o que não adianta mais ser feito. Tudo em seu nome. E tudo em vão.
Enquanto cientistas e pesquisadores discutem as causas do aquecimento, os principais agentes poluentes, a fórmula mágica do plástico que se decompõe e os efeitos sobre o homem, o tempo não pára. O planeta continua a girar velozmente em torno de seu próprio eixo, como que em busca de uma resposta: existe uma resposta?

A sabedoria do homem é verdadeiramente fantástica, com seus celulares, computadores e maravilhas tecnológicas sem fim. Cada vez mais avançados e avançados e avançados. Essa sabedoria lhe permitiu conhecer os mecanismos de um planeta singelo, belo e único. Além disso, ameaçado. Por aqueles que o habitam e que dele dependem. Aqueles que o deviam proteger.
Mas o ser humano está ocupado demais com as suas invenções, seus brinquedos, suas necessidades inventadas. E não usa o conhecimento por mais que ele esteja ali, escondido, acanhado debaixo de tanta informação: somos uma espécie ameaçada. Por nós mesmos. E sabemos disso, consciente ou inconscientemente, sabemos. Ah, se sabemos.

Talvez aí esteja o motivo de discussões acaloradas sobre o derretimento das calotas polares ou do destino do urso polar. Nos vemos na extinção. De todos os animais que dominaram a Terra, somos os únicos que têm consciência da possibilidade da própria extinção. Homo sapiens sapiens, não é assim? Temos consciência de nosso saber. E esse saber nos diz: extinção.

Então, usamos o santo nome do Meio Ambiente em vão, tentando nos livrar de uma culpa que sabemos que é nossa. A destruição do Meio Ambiente, independente das consequências, é culpa nossa. Mas usamos e abusamos de seu nome para tentar justificar isso e quem sabe jogar a culpa em outro alguém. Por enquanto não achamos esse alguém, apenas nós mesmos. E continuamos a marchar, marchar, marchar. Para onde? Não sabemos.

Sabemos que o planeta e o Meio Ambiente resistirão a nós, como resistiu a outros.seres dominantes. Sabemos também que um dia seremos apenas pó, marcas no chão e fósseis de uma civilização esquecida no longínquo tempo. Mas peraí: Civilização? Não, creio que não. Essa palavra não se adequa a situação.

Um ótimo Dia Mundial do Meio Ambiente para todos.
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Fidel x Obama!

No último dia 13, o governo estadunidense de Obama decretou o abrandamento das restrições que os exilados cubanos sofriam no país. Pode parecer pouco, mas já demonstra a clara divergência entre a política atual e a anterior com relação a Cuba.
Obama é muito mais inteligente que Bush, isso não se discute. Nessas medidas, fica clara a intenção dos norte-americanos de "implodir" o regime comunista da ilha. Até porque invasões, como da Baía dos Porcos não dão certo e não são mais necessárias no mundo atual. É por esse motivo que os EUA se incomodam tanto com certos países, como Cuba, Irã e Coréia do Norte: eles não são exatamente países capitalistas, portanto não compram os produtos estadunidenses, portanto não fazem parte dos "aliados".
Desde o fim da Guerra Fria, o que importa não é mais ideologia, mas sim o comércio em si. Nesse aspecto, o embargo a Cuba não faz mais sentido, uma vez que essas pessoas não se tornam consumidoras dos produtos do vizinho do norte. Ao invés de manter essa política pouco eficiente de restrições, Obama montou um esquema para tentar tirar poder do atual ditador cubano, Raúl Castro. Analisando as medidas, vemos coisas interessantes:
- Não existem mais restrições de viagens de parentes para Cuba. Todos sabemos que uma das formas de Cuba se manter é pelo turismo e as visitas de parentes, mesmo que disfarçadas, vão acabar levando mais dinheiro para os cubanos;
- Não existem mais restrições de remessas de dinheiro para cubanos, exceto para aqueles que fazem parte da administração do partido comunista. Uma das formas do governo cubano controlar a sua população era não permitir que ela tivesse recursos financeiros para comprar coisas que até existiam na ilha. Tecnicamente não era proibido comprar coisas como computadores e pagar por internet, só que era inviável para os cubanos fazer isso por simples falta de recursos. Isso não tende a acabar, mas a diminuir;
- Não existem mais restrições ao envio de presentes para as pessoas em Cuba, exceto o pessoal do partido. Não existe definição para "presente", então qualquer coisa pode ser enviada, desde que não seja ilegal;
-Amplia a gama de doações humanitárias possíveis, possibilitando que os cubanos tenham acesso a itens de higiene pessoal, por exemplo, coisas sempre restritas a eles;
-Empresas estadunidenses agora podem montar redes de fibra ótica entre os países, fazer roaming com a operadora local de telefonia celular e prestar serviços de rádio e tv por satélite, inclusive sendo esses serviços pagos por pessoas nos EUA. Obviamente, se Cuba quiser pode facilmente impedir esses serviços. Vai da liberdade que os cubanos conseguirem nesse caso.
Analisando as restrições duas coisas ficam claras: a primeira é que o embargo não acaba tão cedo, afinal depende mais de fatores políticos como liberdade aos prisioneiros políticos e de viagem ao exterior e democratização da ilha do que qualquer outra coisa. A segunda é que Cuba agora está em uma encruzilhada histórica. O ditador anterior sempre reclamou que os EUA não davam nenhum passo em direção ao fim do embargo. Esse passo foi dado. Agora Cuba também tem de dar um passo em direção ao fim do regime ditatorial dos Castro que já dura meio século. Nesse meio-tempo, Raúl Castro deu declarações de que pode vir a negociar com os EUA qualquer coisa. Mas infelizmente seu irmão ainda é muito influente e a primeira coisa que fez foi dizer que Cuba jamais estenderia as mãos pedindo esmolas. Talvez se tal cavalheiro não vivesse em seu palácio e enxergasse a realidade do seu povo, ele reconsiderasse a questão. Melhor "esmola" do que não ter o que comer. Mas é claro que o ex-imperador da ilha não sabe o que é isso.
Se tais medidas serão seguidas do fim do embargo eu não sei. Sei que não acredito nisso. Também não acredito que as maiores remessas de dinheiro para a ilha fortaleçam o regime ditatorial, especialmente se mais cubanos tiverem acesso à informação e conhecimento, o que não acontece hoje com as escolas doutrinárias cubanas. Acredito mesmo que esse seja o começo do fim do regime ditatorial que Cuba vive há dezenas de anos (Cuba já era uma ditadura antes dos Castro, com Fulgêncio Batista), só não sei quanto tempo demorará. Já escrevi outras vezes que espero que Cuba não se abra ao capitalismo como fez a Rússia, afinal a abertura chinesa é muito mais eficiente. Mas sei que quanto mais demorar esse processo, mais sofrerá o povo cubano. E pelo pouco que os conheço, sei que eles não merecem.
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Manipulação é pouco!

Na última semana, o programa Globo Esporte apresentou uma reportagem bastante interessante sobre as reclamações dos torcedores referentes ao horário que terminam os jogos noturnos e a falta de transporte público nos arredores dos estádios.
A reportagem apresentou depoimentos de torcedores que afirmaram que até já dormiram em estações de trem e pontos de ônibus esperando o horário de início de circulação do transporte no dia seguinte. Todos concordam que é uma falta de respeito para com o torcedor que paga pelo transporte, paga o ingresso e depois não consegue voltar para casa. Devemos lembrar que esse horário é relativo, no geral, aos jogos que ocorrem nas quartas-feiras.
Muito sutil mas muito eficiente a equipe de reportagem, que colocou imagens de torcedores voltando para casa e chegando de madrugada, entrevistas com pessoas revoltadas com o poder público pela falta de condução, fazendo com que os telespectadores menos avisados não percebessem a manipulação que isso representava. Contruíram a reportagem de tal forma que todos culpassem e ficassem com raiva dos administradores públicos, responsáveis por transportes. Mas esqueceram de dizer que o jogo começa as 22:00 horas ou mais porque tem de esperar acabar a novela e o big bosta Brasil, programas da rede Globo, que é quem determina o início dos jogos pelo contrato de transmissão.
Então vejamos: eles determinam o horário do jogo, mesmo sabendo que os torcedores que forem aos estádios não terão condução para voltar para casa. Depois fazem reportagem manipulando a massa da população colocando a culpa da falta de transporte na prefeitura e governo do Estado. De tão infantil é ridículo. O problema é a grande maioria da população brasileira não consegue enxergar coisas tão óbvias, aí sim culpa da fantástica política pública de (des) educação do país. Ainda bem que alguém de bom senso deu entrevista e por incrível que pareça, o que ele disse entrou na reportagem. A pessoa que respondeu pelo Metrô de São Paulo para responder à reportagem atacou diretamente o que impossibilita que o horário seja ampliado. Perguntaram a ele porque não há trens no horário que os jogos acabam para atender aos torcedores. Na sua resposta, ficou claro que o único horário que a companhia tem para fazer manutenção é de madrugada e apenas por três horas. Sendo assim, estender o horário de funcionamento colocaria em risco o funcionamento do Metrô no dia seguinte, o que deixaria milhões de pessoas sem transporte e que não é justo um volume muito maior de pessoas ficar sem o Metrô por causa de um evento esportivo como um jogo de futebol. É desproporcional a importância do funcionamento dos trens em um dia inteiro e o número de pessoas que eles atendem, em detrimento do público de um jogo de futebol em dia de semana.
Fica a pergunta então: porque a Globo, que está tão preocupada com os torcedores de futebol, não muda os horários dos jogos? Colocar os jogos em dia e horário compatível com os transportes públicos seria uma forma muito mais eficiente de respeitar o público e levaria até mesmo mais gente ao estádio, afinal quem trabalha no dia seguinte pensa duas vezes de sair de um estádio de futebol por volta da meia-noite.
Com o histórico de manipulação que a Globo tem na história do país, ela devia mais era ficar quietinha e não atrair a atenção para as coisas que ela mesma tem culpa. Continue vendendo o lixo enlatado e os eliminado da vez para os estúpidos de plantão e continue ganhando dinheiro com isso. Mas não venha querer achar que sou idiota a ponto de acreditar que não tem ônibus nas ruas quando o jogo acaba porque os políticos são incompetentes (e eles o são!). Se os jogos fossem em horário decentes, eu mesmo voltaria a frequentar estádios. Por enquanto, nem pensar. Eu sempre trabalho no dia seguinte.

P.S. Quem quiser entender exatamente como se faz manipulação de informações em canais de televisão, basta procurar o documentário "Brasil: Muito além do cidadão Kane", do Canal 4 da BBC de Londres. Mostra como a rede manipuladora citada aí em cima fez para se tornar a maior rede de televisão do Brasil, ainda na época da Ditadura Militar. Em tempo, a exibição desse documentário é proibida no Brasil. Advinha quem conseguiu essa proeza jurídica?
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Novela Embraer!

Desde que anunciou a demissão de mais de quatro mil funcionário, em fevereiro desse ano, a Embraer se viu metida em uma grande trama novelística, digna de horário nobre.
Os sindicatos que defendem esses trabalhadores entraram com ações na justiça para tentar reverter a decisão da empresa, no que teve apoio de parcela significativa da população e de outros órgãos representativos de trabalhadores, como a Conlutas. Até aí, em um suposto Estado democrático, nenhum problema. A justiça do trabalho julgaria o caso e os recursos que coubessem, até chegar à justiça no nível federal, que daria uma decisão definitiva. Os trabalhadores continuariam demitidos e, em caso de vitória na justiça, teriam de ser readmitidos. Mas não foi isso que aconteceu, especialmente por causa de um ex-sindicalista que hoje é presidente da república.
As declarações dessa pessoa acabaram servindo como atiçador do braseiro que já era a situação. Os sindicatos pediram intervenção federal no caso, para reverter as demissões alegando que a empresa recebe grandes financiamentos do BNDES, que é do governo. Esquecem-se esses pobres despreparados que o BNDES financia de tudo um pouco, principalmente as grandes empresas como a Embraer que geram enorme renda para o país. E obtém lucros muito grandes, também para o país. E temos de lembrar também que esses financiamentos são perfeitamente legais, senão a Embraer teria sido condenada no processo movido pela sua maior concorrente, a Canadense Bombardier, na Organização Mundial do Comércio (OMC), alegando subsídios federais.
Obviamente por intervenção federal, o ministério público entrou com ação contra as demissões, impedindo que fossem homologadas. Rodadas de negociação já aconteceram, propostas e contrapopostas foram feitas e não se chegou a nenhum acordo. A Embraer não abre mão das demissões, o que podemos definir como intransigência. Mas a mesma intransigência se aplica aos sindicatos, que não abrem mão de que todos os funcionários sejam readmitidos.
Se a crise global afeta a Embraer ou não, não posso afirmar. Sei que seria estranho se não afetasse, afinal é a maior fabricante mundial de aviões de pequeno e médio porte. Existem empresas que se aproveitaram do momento de crise para demitir funcionários? Não tenho dúvida nenhuma a respeito disso. A Embraer está nesse rol? Não podemos provar.
O que sei também é que empresas como a Embraer trabalham com mercados futuros e crises como a que vivemos produzem reflexo a longo prazo também. Então não adianta ficar somente analisando os lucros do ano passado da empresa, é necessário analisar o que vai acontecer daqui para frente. Se analisarmos os dados fonecidos pela própria empresa, veremos que de 2007 para 2008 o número de aeronaves entregues aumentou (de 169 para 204 no total) e que mesmo assim o lucro líquido da empresa no mesmo período caiu enormemente, de mais de R$ 657 milhões para menos de R$ 200 milhões.
Aí vão me perguntar: 200 milhões não é muito lucro? É claro que sim! Não nos esqueçamos que esse é o objetivo de toda empresa capitalista. Não dá para manter o emprego dos funcionários? É até possivel que sim, mas enquanto durarem as discussões maniqueístas, nada acontecerá. A empresa não arreda pé da sua decisão, os sindicatos também não. Na verdade não há negociações e sim tentativas de empurrar goela abaixo dos outros a sua própria visão dos fatos.
E enquanto os donos da Embraer discutem o corte de vagas fumando bons charutos e bebendo uísque caro, alegando a necessidade disso, os sindicatos discutem a perda de arrecadação que o corte de 4200 funcionários provocará no próprio bolso. Com o trabalhador mesmo ninguém está preocupado. Prova disso é que a empresa afirmou que não pagará os seus salários, afinal não trabalham mais para ela, mantém vínculo apenas porque a justiça assim decidiu. E os sindicatos recusam qualquer ajuda que a empresa propõe, como pagar por mais um ano a assistência médica e pagar uma ajuda de custo para os funcionários demitidos.
No meio do turbilhão estão os trabalhadores, demitidos, sem salário e que já receberam as rescisões contratuais (os sindicatos acham que todos são trouxas e afirmaram que esse depósito é referente a antecipação de salários...me poupe!). Por causa da grande novela que isso virou, não podem receber o FGTS e nem solicitar o seguro desemprego. Para aqueles que defendem os trabalhadores nesse caso só posso dizer uma coisa: BOA, PESSOAL. Mas o que esperar de uma negociação feita por pessoas acostumadas com negociatas? Dá vontade de perguntar quanto estão levando nessa, ou que as reuniões sejam transmitidas pela internet, por exemplo. Aí o trabalhador veria quem realmente está errado nessa história, assim como quem está tentando levar vantagem em cima da sua situção desesperada.
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Gastos inúteis!

É, eu sei. Quem me conhece sabe que tenho uma queda por criticar o pt, aquele partido do presidente do Brasil. A culpa não é exatamente minha, devo isso ao caro senhor Célio Neves de Assunção, presidente da zonal do dito partido no Jabaquara, perto da minha casa. Esse senhor foi meu empregador, por três anos e meio. Devido à sua incompetência, o cursinho que lhe pertencia (Mega Vestibulares) foi à falência e em um ato digno de alguém que representa o partido dos trabalhadores ele nos mandou todos à merda, vendeu o cursinho e nunca pagou ninguém. Notificamos o partido para que ele fosse ao menos expulso, afinal é de lá que ele retira a sua renda. Mas como já faz mais de dois anos e a Comissão de Ética (no pt?) do partido nunca se manifestou, acredito que isso deva mesmo ser normal aos partidários que administram esse partido de trombadinhas.
Mas para não ficar aqui só criticando essa quadrilha, fui um pouco mais fundo. Entrei no site do governo, na parte que trata das transferências de recursos federais*. No campo em que se mostram as transferências para "entidades sem fins lucrativos" (como eu ri quando li isso!), encontrei os 28 partidos registrados no TSE como tendo recebido, no ano de 2008, a bagatela de R$ 171.065.889,59 a cargo de Manutenção e Operação de Partido Político (ação 0413 nas planilhas). Achei bastante sugestivo o 171 no valor, mas acho que deve ser coincidência**.
Para exemplificar, vamos a alguns números. Primeiro os cinco que mais receberam verbas públicas:
Partido dos Trabalhadores (pt) - R$ 25.099.457,26
Partido do Movimento Democrático Brasileiro (pmdb) - R$ 24.375.014,74
Partido da Social Democracia Brasileira (psdb) - R$ 23.128.488,63
Democratas (dem) - R$ 18.370.970,86
Partido Progressista (pp) - R$ 12.152.432,14
Apenas esses partidos receberam um total de R$ 103.126.363,63, lembrem-se, a título de manutenção e operação. Para gerar uma comparação, procurei algo no site, em algumas das mais de cinco mil páginas de informação. Encontrei a Associação Programa Um Milhão de Cisternas para o Semi-Árido, que recebeu no mesmo ano o valor de R$ 92.207.910,01. Ou seja, manter partidos políticos é mais importante do que matar a sede das pessoas no semi-árido. Interessante, não?
Agora os que receberam menos:
Partido Social Democrata Cristao (psdc) - R$ 239.050,73
Partido social liberal (psl) - R$ 111.159,52
Partido Trabalhista Nacional (PTN) - R$ 51.768,19
Partido da causa operaria (pco) - R$ 38.721,91
Partido Socialista Dos Trabalhadores (Unificado Pstu) - R$ 2.090,88
A soma desses partidos é de R$ 442.791,23, uma pequena fração do total. Dá para entender as críticas ao governo e a oposição, afinal de bolo tão grande só sobraram as migalhas.
No total, o governo transferiu para diversas entidades sem fins lucrativos no ano de 2008 R$ 3.452.959.149,01 dos R$ 203.749.489.316,61 destinados à transferências de recursos de qualquer espécie. Sei que os valores dados aos partidos é um pequeno volume de dinheiro se comparado ao total, mas convenhamos: R$ 171 milhões não é pouco dinheiro. E não acredito que manter partidos políticos seja mais importante do que construir cisternas, escolas e hospitais ou patrocinar o esporte. A verdade é que estar no poder no Brasil significa controlar enormes somas de dinheiro público, administrá-lo como bem entender e usar a im(p)unidade parlamentar para escapar ileso. Não sei que se existe uma regra que torna isso que descrevi legal do ponto de vista jurídico. Mas posso dizer que mesmo se existir, não é porque é legal que é ético. Mas não vamos mesmo exigir ética na política brasileira, não é mesmo? Vão continuar roubando, e o que é melhor, com a conivência do povo. Imaginem a beleza do futuro que nos aguarda no que depender da política.

* www.portaldatransparencia.gov.br, consultado em 02/03/2009
** Estelionato: Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.
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O Oriente, em média.

Sempre é muito difícil falar sobre a situação do Oriente Médio sem cometer erros. Primeiro porque é uma realidade tão distante da nossa que as vezes é até difícil entender o modo de vida. Mas com um pouco de estudos podemos chegar à algumas conclusões e jogar o jogo dos sete erros.
A grande briga que existe na região hoje é a presença do Estado de Israel e a sua atuação durante a sua curta existência. Essa história começa com um louco chamado Adolf Hitler, que por qualquer motivo, tinha raiva dos judeus. Várias são as especulações, mas talvez uma das mais inteligente é a de que os judeus têm por hábito viver em grandes comunidades de onde saem os casamentos. Dessa forma, mesmo que insconscientemente, eram uma "raça pura", uma ameaça à doutrina ariana dos nazistas, uma vez que faziam concorrência à esses. Ligações doentias de várias mentes insanas, o que levou à morte milhões de pessoas. Então deveríamos evitar ouvir certos representantes de igrejas dizendo que o holocausto não existiu. De alguém cego, surdo, sem cérebro e nascido do cruzamento de um poste com uma porta eu aceito que fale que não houve holocausto, do contrário não.
Como foram os mais perseguidos e assassinados durante o regime nazista, ao término da guerra a ONU defendeu, no que foi apoiada pelos aliados vencedores, a criação do Estado de Israel. Até aí não vou dizer que sou contra, até porque o acordo previa a divisão das terras palestinas e a formação de dois Estados. Aí temos outro erro, pois a ONU criou o Estado de Israel e nunca tentou criar o Estado Palestino. É de se esperar que os palestinos não tenham gostado muito disso. A Liga Árabe entrou em guerras, perdeu guerras e terras, como a península do Sinai (Egito) e as colina de Golã (Jordânia). Nesse processo, os EUA intervieram e apoiaram o novo Estado, gerando ainda mais revolta nos Palestinos. De lá para cá o que temos são muitos conflitos, com erros de todos os lados. Israel anexa o território que seria a Palestina, que nunca teve o Estado reconhecido e nessas áreas são construídos grandes assentamentos de israelenses, que têm prioridade no consumo dos recursos naturais, especialmente a água. Duas áreas ficaram sobre o controle palestino, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, onde grupos armados com mísseis e bombas tentam em vão combater o estado de Israel. Proporcionalmente, é como se uma borboleta tentasse derrubar uma montanha com o bater de suas asas. O que não significa que Israelenses não estejam morrendo. O problema é que todas as vezes que palestinos atacam Israel, a resposta é o equivalente a uma montanha caindo em cima de uma borboleta para evitar o seu bater de asas. É muito eficiente, por isso muita gente morre e não me importa o lado. Morre gente demais (mais de um já é demais para mim), há muito tempo e em um conflito sem perspectivas de fim.
Sob o ponto de vista desse ocidental, geógrafo e nascido no país que reinventou termos como corrupção e descaso, a coisa é relativamente simples. Todos estão errados: EUA, por intervir e fornecer recursos, tecnologia e soldados para que o Estado de Israel se expandisse no território que deveria ser dividido; a ONU, excelente para fazer contas e inútil em todo o resto, pelo não reconhecimento do Estado Palestino; os Palestinos, porque querem acreditar que homens e mulheres-bomba vão resolver a discussão. Não vou discutir religião aqui, mas estou para ver povo que tenha mais propensão para o suicídio; os Israelenses porque se desenvolveram muito, cresceram em economia e tecnologia, ficaram com quase todas as riquezas, agora discursam sobre a paz. Além disso, a construção dos muros ao redor da Faixa de Gaza e Cisjordânia pode ser eficiente para barrar os homens-bomba mas também provoca desbastecimento e fome, além de acirrar discussões sobre "novos campos de concentração". O Egito também está errado por permitir a construção de túneis na divisa com a Faixa de Gaza, por onde entram as armas que atingem os Israelenses. E o que falar do governo do Irã, que não reconhece a existência do Holocausto e do Estado de Israel? Lembram da descrição que eu dei para quem não acredita no Holocausto? Esses se encaixam.
Em suma, não tem solução. A única forma de haver paz no interior daquele território é um dos dois povos ser extinto, o que alguns classificariam como genocídio. Mas não creio que essa seja uma sugestão que deva ser feita. É perigoso alguém levar a sério.
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Pense!

"Quem não raciocina é fanático, quem não sabe raciocinar é um imbecil e quem não ousa raciocinar é um escravo"
W. Brumon

Sobre o autor!

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Sou apenas um brasileiro, professor de Geografia, crítico da Política e das "politicalhas" que vejo todos os dias por aí. Sou um cara simpático com meus alunos e amigos, totalmente antipático com e que não acredita mais em política, que gosta muito de dar aula, principalmente pela liberdade de expressar minhas opiniões e discutí-las com os alunos. Gosto de viajar, gosto do bom e velho Rock'n'Roll. Gosto muito de Geografia e de estudar os "matos" desse país. Acho mesmo que nasci no país errado: prefiro campo a praia, vinho a cerveja, frio a calor, morenas a loiras, honestidade ao famoso "jeitinho brasileiro". Enfim isso tudo. Quem quiser saber mais pergunte para meus amigos e alunos.

Sobre o Blog!

Olá a todos.


Estamos caminhando por um mundo globalizado que não enxerga diferenças mais do que econômicas, por isso esse é um dos focos dos atuais estudos geográficos. Como amante, seguidor e professor dessa velha matéria, me sinto na responsabilidade de passar as idéias e atualidades desse contexto para os meus alunos e amigos, como quaisquer outros seguidores que vierem.

A visão é de uma pessoa que passou por diversas dificuldades e ainda passa, vivendo na periferia e tentando, a partir dela, criar certa resistência ao processo de desmonte da educação como um todo que acontece hoje no nosso país. Portanto, continuem se sentindo em casa, e não se esqueçam de comentar e dar suas opiniões sobre cada postagem. Como sempre, respondo aos comentários o mais breve possível.



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