Um turbilhão de ideias!

O mundo

Paixão pela Geografia.

Mapa múndi antigo

Mapa do Mundo de I. Evans - 1799.

Globos terrestres

Decorativos e lindos.

Geografia física

Estudar o físico para entender o humano.

Geopolítica

A arte de entender o mundo.

Fim de mais um ano.

Nesse espaço, durante todo o ano, publiquei vários textos de minha autoria discutindo diversos aspectos da sociedade, do Brasil e do mundo. Como dizem meus alunos, "piadas ácidas". Foi o início dessa pequena empreitada, no mês de março, que emprestou corpo às minhas idéias.
Concordo que muitas vezes minha opinião foge do normal da sociedade no geral, o que muito me alegra, tendo em vista a forma como a sociedade brasileira se apresenta na atualidade. Várias vezes deixei clara a minha indignação com o desrespeito e o descaso como atuam os diversos atores da sociedade, de políticos à cidadãos comuns. Mas é nessa época de festas que muitas das desigualdades, tão comuns ao país, vêm à tona. Enquanto pessoas comemoram o fim do ano, muitos não têm o que comemorar. Durante todo o ano passaram fome ou necessidades e agora o apelo visual das festas vêm trazer ainda mais tristeza para pessoas que não podem participar das festividades de "amor, paz e união", simplesmente por não poderem comprar o Natal que se vende atualmente.
"Esse é um momento de felicidade, deixemos a política de lado", dirão alguns. Infelizmente não posso deixar de pensar que por obra de alguns poucos, muitos cidadãos não terão o que comer, o que beber, o que festejar. O Brasil se encaminha para a sua "Idade Média", como diz meu irmão, em que o conhecimento ficará confinado a algumas instituições e pessoas e o fundamentalismo religioso tende a aumentar significativamente. Tudo isso acarreta no atraso do país, na falta de crescimento e aumento da corrupção. Não acredito que essa situação seja digna de uma comemoração. "Mas muitas coisas boas aconteceram", dirão outros. É claro, não posso aqui falar das individualidades, que podem ter sido excelentes. Mas é com o coletivo que me preocupo nessa mensagem.
Se olharmos de verdade para o Brasil veremos um país paralisado, com partidos políticos opositores que não têm um plano para o país, mas um plano de poder. Esses planos incluem estar no poder para retirar o máximo possível de dinheiro do orçamento para os partidos. Para isso existem os cargos comissionados, pessoas contratadas sem concurso, ligados aos partidos e que pagam parte do salário como contribuição partidária. Solução simples de financiamento. E os projetos? Quase nunca são iniciados, e se o são, nunca são concluídos. Afinal, devem servir como instrumento de barganha política com os eleitores. Serão sempre promessas porque promessas são equivalentes a votos, votos equivalem a cargos públicos, cargos públicos a dinheiro. Portanto nós eleitores pagamos para sermos enganados até apróxima eleição, em que as mesmas promessas e acusações serão feitas enquanto eles fingem que o processo é democrático e transparente. E o povo cai como um patinho.
Como vocês já devem ter reparado, essa é uma postagem de desilusão (parafraseando um músico da banda Plebe Rude sobre seu último CD). O Brasil não apresentou nada que me faça comemorar o final desse ano e não mostra perpectivas de melhora para o ano que vem. Por esse motivo me sinto no direito de dizer que acabo mais um ano com vergonha desse país. Não vou fazer uma retrospectiva, não creio que seja necessário. Além do mais, doeria bastante lembrar dos Renans, Lulas e Serras. A única coisa que posso fazer é desejar que os leitores tenham um ano melhor. Como já diria o Chico "Apesar de você (governo), amanhã há de ser outro dia". Espero realmente que isso seja verdade, é o máximo que posso desejar nesse momento da história do Brasil. Termino a ano citando um pensador russo, que explica bem o que acontece com esse atual governo na perspectiva política, e que explica minha desilusão e falta de perspectiva:

"Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e pôr-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana"
Mikhail Bakunin, anarquista russo do século XIX.

Boas festas à todos.

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O fim da CPMF e a infantilidade política brasileira.

Nos últimos meses acompanhamos pela mídia grandes discussões sobre a prorrogação ou não da malfadada Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeira, a CPMF. Não há dúvidas de que a CPMF era um imposto diferenciado, uma vez que se cobrava uma porcentagem das movimentações realizadas em bancos ao invés de uma taxa fixa. Nenhum outro imposto cobrado no Brasil (e são muitos!) tinha essa característica.

Mas o que se assistiu não foi exatamente uma disputa ideológica, com a oposição e o governo discutindo a melhor forma de fazer o bem da coletividade brasileira. A discussão ficou como um pano de fundo, enquanto o governo oferecia cargos e liberações de verbas para que aliados e oposicionistas votassem a favor da prorrogação. Já a oposição se fechou em uma concha, se negando a discutir se o fim da CPMF seria um bem para o país e agiu como de praxe, em nome da derrota do governo, não importando as conseqüências desse ato. Tanto assim que governadores tucanos como Aécio Neves (PSDB-MG) e José Serra (PSDB-SP), possíveis candidatos à Presidência da República repudiaram os atos da bancada do próprio partido no Senado Federal, de olho nos R$40 bilhões a menos no orçamento.

Durante as discussões algumas coisas ficaram claras: senadores governistas, principalmente de partidos menores iam à mídia se dizerem “desprestigiados”, o que claramente indicava que queriam mais alguma coisa para votar a favor do governo. Enquanto isso os senadores oposicionistas se articulavam para “dar uma lição” no governo do PT. Não é necessário dizer que as discussões foram políticas e pouco importava se a população seria beneficiada ou não, apenas que lado da infantil divisão política brasileira seria beneficiado.

A CPMF foi derrubada por um número mínimo de votos a menos do que o necessário (apenas quatro), decretando o fim de sua cobrança oficial. Isso não significa que as cobranças embutidas nos produtos e serviços (quem você achava que pagava por essa CPMF?) serão retiradas, o que significa mais lucro para produtores e comerciantes. E o infantil presidente ainda diz que era um imposto justo, apenas porque era cobrada uma pequena porcentagem da movimentação financeira. Esquece-se ele que era um imposto acumulativo, cobrado em cascata e que os mais pobres não tinham como se defender disso, ao contrário dos ricos, que tinham várias possibilidades de isenções, como as dadas às movimentações financeiras realizadas na Bovespa. Isso é só para dar um exemplo.

Toda essa discussão foi realizada com propósitos pessoais. Deputados e senadores governistas se venderam o mais caro que puderam cobrar pela aprovação, enquanto seus colegas da oposição (os que não caíram em tentação, é claro!) mostraram força e união, desde que fosse para o benefício próprio, de alguma forma. Na negociação, todos absolveriam o ex-presidente do Senado, desde que ele renunciasse. Foi feito. Os que negociaram o seu voto receberão seus benefícios, pagos (óbvio!) com o dinheiro do povo. E enquanto o governo chora a perda da arrecadação da CPMF, comemora os recordes de arrecadação em outros impostos. A oposição comemora a sua vitória e a derrota do governo, enquanto o PMDB elege o novo presidente da casa. Nada foi perdido de verdade, apenas a vergonha dos políticos.

E a saúde para a população? Continua exatamente como antes da CPMF, dos governos “democráticos”, da ditadura, de JK, de Getúlio, de Dom Pedro I: a mesma porcaria de sempre!

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Discurso de Paraninfo - 3º Acadêmico.

Sei que foram palavras simples até e nem se comparam ao discurso da Profª Lenilde. Mas gostaria de compartilhar com todos os leitores, pois as palavras proferidas foram para aquela turma do 3º colegial acadêmico mas também fruto das minhas indagações e intenções para com todo o processo educacional, da forma como eu o entendo.

"Primeiramente eu gostaria de agradecer aos mantenedores e à Coordenação Pedagógica do Colégio João Paulo I pela oportunidade de fazer parte dessa família e sendo assim, pela possibilidade de estar aqui hoje.

Gostaria também de agradecer aos alunos do 3º Acadêmico pela honra do convite de estar aqui nessa noite. Saibam vocês que o prazer e o privilégio são meus. Comecei a lecionar nesse colégio apenas nesse ano e por esse motivo jamais esperei ser escolhido paraninfo. Outros professores já estão por lá há muito mais tempo e são muito queridos pelas turmas.

Devo muito do que aprendi no colégio João Paulo I aos profissionais de todas as áreas que lá encontrei. Também devo muito aos alunos, afinal lecionar, na minha visão, nada mais é do que proporcionar uma grande troca de experiências. Mas já que uma tríade de professores da área de humanidades foi escolhida para estar aqui hoje e representar as turmas, creio que grandes discursos são esperados. Não pretendo fazer um grande discurso, apenas deixar uma lição que aprendi nesse ano.

Nas faculdades que fazemos, aprendemos as matérias referentes aos cursos que escolhemos e alguns optam, no final, pela responsabilidade de ensinar aos que estão se iniciando na vida acadêmica e auxiliá-los nesse longo e prazeroso caminho que é o aprender. Como em muitas outras coisas na vida, o idealismo faz parte do aprendizado e muitos saem da faculdade querendo “mudar o mundo”. Mas o que seria “mudar o mundo”? Não ensinam isso na faculdade! É uma utopia, diriam alguns, com certeza um sonho, diriam outros.

Pois foi nesse ano, lecionando nesse colégio, que aprendi o que significa “mudar o mundo”. Apenas porque conheci certa professora de Português e Literatura e em uma das inúmeras conversas que tivemos durante o ano ela me disse (não exatamente com essas palavras): “O mundo do professor são os seus alunos. Cada um deles. Se você conseguir mudar um de seus alunos, você terá mudado o mundo”.

Relembrei-me então do início da minha carreira como professor e de como eu me propunha a mudar o mundo. Sempre achei que os professores deviam permitir que seus alunos sonhassem, alçassem grandes vôos, crescessem cada vez mais. Eles deveriam ser maiores que os seus mestres, pois assim a humanidade poderia continuar caminhando para a evolução das teorias, do pensamento e das ações. Crescer como sociedade, com mais justiça e igualdade. Evoluir.

Senti-me estimulado e propus-me então à dura tarefa de mudar o mundo. Durante esse ano, trabalhamos, viajamos, brincamos, sorrimos e choramos. E nessa que é a última aula do ano, acho que posso dizer que aprendemos muito uns com os outros. Acho também que conseguimos proporcionar a vocês o instrumental necessário para que vocês não lutem contra moinhos de vento ao encarar o mundo.

Parte do meu mundo está se formando aqui hoje. Espero que, ao saírem por aquela porta essa noite, vocês não estejam em um mundo diferente. Que vocês “sejam” um mundo diferente. Teremos então cumprido o nosso papel de mudar o mundo. Mais um ciclo terá terminado na vida de vocês, mas o fim traz consigo um recomeço. Não teremos mais aquela relação de professores e alunos. Seremos vizinhos, amigos, quem sabe até colegas de profissão. Se a vida impuser caminhos difíceis e tortuosos daqui para frente, vocês podem contar conosco.

Por isso, mesmo estando no papel de professor de vocês há tão pouco tempo, me sinto no direito de pedir algo a vocês que é simples, apesar de não parecer: mudem o mundo. Mudem quantos mundos forem necessários para se tornarem melhores como pessoas e como profissionais. E se vocês se tornarem melhores que seus professores, nós entenderemos. E nos sentiremos orgulhosos por ter participado desse processo.

Nesse novo caminho que se inicia vocês conhecerão novos mundos. O horizonte se abrirá e novas possibilidades surgirão. Abracem a vida e trabalhem com amor, com ética, com respeito, com dignidade. Lutem pelos seus ideais, sempre vale a pena. Einstein já dizia: “Os ideais que iluminaram meu caminho, e que inúmeras vezes me deram novo alento para enfrentar com ânimo a vida têm sido a generosidade, a beleza e a verdade.” E esse é o meu desejo: que a felicidade, a generosidade, a beleza e a verdade estejam presentes na vida de vocês sempre.

Felicidades a todos e muito obrigado."

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O Marketing Verde

O início do processo de degradação do meio ambiente e dos ecossistemas do planeta começou por volta do século XIX, em um movimento que ficou conhecido como Revolução Industrial. A utilização de grande quantidade de energia e recursos naturais na fabricação e comercialização de muitos produtos foi e é decisiva para as conseqüências desastrosas que estão assolando a Terra, se usados de forma irresponsável e sem controle. Além desse fator, outros elementos que vem contribuindo continuamente com a agressão à natureza são a crescente urbanização e concentração populacional, o consumo irresponsável de bens que contribuem com a contaminação do sol, do ar, das águas com os resíduos líquidos, sólidos e gasosos, causando também o efeito estufa, aquecimento global, elevação do nível dos mares, além do desmatamento de florestas e extinção de espécies de animais.
A preocupação com o futuro do planeta e as medidas de combate à degradação de seus recursos vem sendo evidenciados ao longo das décadas através de conferências e protocolos. Autoridades, estudiosos, cientistas, ambientalistas e demais pessoas e entidades definem processos ao meio ambiente. Muito já se ouviu falar em gestão ambiental, uma nova área do conhecimento que desenvolve políticas, programas e práticas que levam em conta a saúde, a segurança das pessoas e do meio ambiente, o desenvolvimento social e o desenvolvimento econômico, criando produtos orgânicos que amenizam o impacto ambiental, além, claro, de todas as propagandas conscientizadoras da responsabilidade social de cada um.
No entanto, não se pode esquecer que vivemos em um sistema social duvidoso. Os projetos, as políticas, programas e propagandas são interessantes, legalizados e postos em prática, porém essas novas medidas trazem conseqüências para toda cadeia de negócios, que vai desde a extração de matéria-prima, passando pela elaboração dos produtos e pela distribuição, até o produto chegar ao consumidor. E é assim que o marketing entra em ação, voltado para a gestão ambiental. A comunicação de marketing é voltada para a divulgação dos produtos verdes para os consumidores, revendedores, sociedades e públicos interessados, enfatizando a preocupação da empresa com o clima do planeta, com a renovação dos recursos da Terra. As ações podem ser as utilizações de papel reciclado na publicidade impressa, em campanhas de conscientização dos cuidados que todos devem ter com os ecossistemas ou um evento que mobiliza a sociedade para limpar rios e mares. E paralelo a isso, o lançamento de produtos verdes com o desenvolvimento de embalagens biodegradáveis, e com um menor ciclo de vida para que se possa reciclar depois. Claro, todos esses produtos são encarecidos, e como o lucro é sinônimo de capitalismo, não seria de se estranhar que essa fosse uma grande jogada de marketing mascarada por uma causa nobre e comovente.
Portanto, não basta que medidas assim vigorem apenas no papel. É preciso a colaboração de todos, sem exceção, principalmente de grandes indústrias que esquecem da sua responsabilidade social. Priorizar o desenvolvimento econômico sem se importar com a catástrofe ambiental que vem ocorrendo, e que provavelmente se agravará em médio prazo, pode acarretar problemas irreversíveis. Todos esses projetos, políticas, programas e propagandas não são apenas métodos que tentam amenizar o impacto ambiental, essas medidas, a cada devastação, a cada queimada, a cada rio poluído, passam a ser uma questão de sobrevivência. A polêmica é grande e o assunto repercute cada vez mais na mídia. Dinheiro não se come, e provavelmente essa seja a única teoria que o mundo venha a aprender na prática em um futuro não muito distante.

Stéfani Sasaki, autora do texto, é aluna do 3º ano do Ensino Médio no Colégio João Paulo I, em São Paulo. Escreveu esse texto a meu pedido, como parte das avaliações da disciplina Geografia no terceiro trimestre de 2007. A qualidade do texto me levou a colocar em prática um antigo desejo, o de publicar textos de boa qualidade dos meus aluno no blog (con autorização deles, é claro!). Espero poder repetir isso mais vezes aqui.

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E a Geografia, hein?

Ao me encaminhar para o colégio na última terça-feira (06/11/07), recebi no caminho uma edição do Jornal Publi Metro, cuja manchete era "77% dos brasileiros não acham São Paulo no mapa". Fiquei muito triste, obviamente, pois sou professor de Geografia e apaixonado pela matéria.
Outros dados da pesquisa, realizada pelo Instituto Ipsos, revelam que metade dos entrevistados não consegue localizar o Brasil num mapa-mundi. A maioria não consegue localizar os estados do Pará, São Paulo ou Rio Grande do Sul. Nordestinos não sabem onde fica o Ceará (terra do Padre Cícero, lembram?). Com relação a outras localidades no mundo, a coisa ficou pior, o que eu achava impossível. A maioria dos entrevistados (82%) não consegue localizar os EUA, apesar de consumir diariamente toda a cultura globalizante desse país. Também não conseguem localizar a França, o Japão e, pasmem, a Argentina.
Como professor de Geografia, é possível ver de dois ângulos essa pesquisa. O primeiro é a decepção de ver o trabalho realizado todo dia não ter um resultado significativo. Outro é o do desafio, de fazer isso melhorar, de mudar esse resultado. Mesmo sabendo que para isso deve-se lutar contra os interesses de governos que dependem de um povo semi-analfabeto ou analfabeto mesmo para votar nas eleições e perpetuar o modelo corrupto-exploratório que aí está. Também é necessário lutar contra o desinteresse de um povo que se acostumou a não reclamar, não lutar, não exigir, não fazer por onde. É corrente o pensamento de que o ensino no Brasil não funciona corretamente, o que é verdade. Na escola pública, por que professores mal remunerados e sem estímulo não ensinam, enquanto alunos pouco motivados não tentam aprender. E na escola particular (salvo raras excessões), pais despreparados que acham que exigir aprovação porque pagam a mensalidade é o melhor que podem fazer por seus filhos, sob "pena" de tirarem os filhos das escolas. Assim os alunos também se sentem pouco motivados, não há a sensação do desafio do aprender. Sem o estímulo, sem o desafio, o que é aprender? O que é ensinar?
Não é a toa que chegamos nesse nível. É obra de um grande conjunto de fatores que faz com que tenhamos uma maioria esmagadora que não conhece Geografia nem qualquer outra matéria, limitando a capacidade do país de crescer e impedindo que ele saia da posição de fornecedor de mão-de-obra barata e desqualificada na Divisão Internacional do Trabalho.
Muitas vezes sou questionado por afirmações que faço em sala de aula e esta venho fazendo há anos: O Brasil tem o melhor sistema de ensino do mundo! "Como assim?", perguntam as pessoas. E eu explico: afinal o que é um sistema? Sistema é um conjunto de fatores interligados, que fazem algo, um "todo", funcionar organizadamente. Tem sempre um objetivo, um método de organização e resultados esperados.
Quando falo do Sistema Educacional Brasileiro (sic!), estou falando de algo pensado para que as pessoas passem pela escola e saiam com diplomas sabendo o mínimo possível, de preferência apenas sabendo assinar o nome. Números são importantes para mostrar na ONU (97% das crianças em idade escolar estão na escola, no Brasil), fazem com que a imagem do país seja respeitada no exterior, mas não refletem a realidade. Os métodos utilizados são vários, mas refletem duas práticas constantes: retirar parte do salário dos professores que reprovam alunos e extinguir a repetência, mesmo que o aluno não aprenda. Em São Paulo, este sistema recebe o nome de Progressão Continuada. Os resultados esperados? Uma população de semi-analfabetos, analfabetos funcionais e analfabetos completos*, que sem saber ler, escrever ou entender algo perpetua no poder políticos que vivem da exploração das riquezas do país, enriquecendo-se mais e mais.
Por isso é que digo que o sistema educacional brasileiro é o melhor do mundo. Tem objetivos claros, métodos bem definidos e alcança quase plenamente os seus intentos. Ele funciona! Os resultados dessa pesquisa são apenas um reflexo de um país que não valoriza a educação pela fato dela ser um bem coletivo. Bens coletivos normalmente tiram dinheiro do bolso e da cueca dos políticos. Além disso, a população acostumou-se com os "bolsas-esmola" e com as latas de leite que algumas prefeituras dão. Enquanto ir à escola tiver como objetivo receber dinheiro ou latas de leite, a educação pública continuará sendo improdutiva, como é hoje. O pior mesmo, de tudo que foi escrito aqui, é a falta de perspectiva de melhoria, uma vez que entramos nesse círculo vicioso de políticos que não investem na educação, pessoas que não gostam de estudar e escolas que formam incapacitados com diplomas. Se continuar desse jeito vamos ter de importar mão-de-obra para a Copa de 2014!

*Dados sobre analfabetismo na postagem "Educação? No Brasil?", de maio de 2007.

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Quando a política entra no meio...

Historicamente, o MST tem atuado no Brasil, desde meados da década de 80, pela reforma agrária e o acesso à terra, altamente concentrada nas mãos de poucos proprietários. Mas de algum tempo para cá, alguma coisa mudou. Aquele movimento de ocupação, que visava mostrar à sociedade a grande quantidade de terras improdutivas no país virou algo parecido com um partido político. E isso, é claro, no pior sentido possível.
Ontem a estrada de ferro Carajás, no Pará, foi invadida pela terceira vez. A locomotiva, que manobrava no pátio, foi imobilizada, os funcionários retidos e depois de meia hora libertados. Faixas e bandeiras foram afixadas no trem, como mostra a foto acima*.
Esse tipo de manifestação deixa claro como as massas populares são facilmente manipuladas, convencidas a praticar atos ilegais, em que a emenda sairá pior do que o soneto. De acordo com o site do MST, várias eram as reivindicações. Entre elas, o aumento do repasse de verbas, investimentos em programas sociais, construção de moradias populares e hospitais, programas de educação com escolas convencionais e técnicas e a criação de um conselho deliberativo, com representantes da CVRD, governos e sociedade civil para determinar os rumos da exploração mineral na região. Só se esqueceram de uma coisa: a CVRD é uma empresa privada! Além das obrigações impostas por lei, ela não tem responsabilidade nenhuma para com a população local. Só fará alguma coisa nesse sentido se ela mesma decidir. Também é ingenuidade achar que uma empresa privada vai deixar a sociedade civil decidir os rumos da sua produção. Acreditar nesse tipo de história é para gente mal-informada ou mal-intencionada. E fazer essa empresa ter um prejuízo da ordem de US$10 milhões (segundo a CVRD) não é jeito mais inteligente de pedir alguma coisa.
Quando digo que deve-se tomar mais cuidado com ações desse tipo não é porque sou intransigente com movimentos populares. Muito pelo contrário. Ao parar a linha férrea, o MST faz exatamente aquilo que a CVRD queria: ser transformada em vítima. Ou o MST acha que a CVRD vai levar a culpa pela falta de abastecimento de combustível ou o transporte de passageiros? Ao ler o manifesto na página do movimento na internet, uma coisa fica clara: eles querem dinheiro. A Vale lucra como nunca e como não é mais estatal, não há roubos, propinas e corrupção. Alegam de forma correta que o processo de privatização foi vergonhoso, no que concordo. Mas uma vez realizado, não há volta. Ou será que conseguirão colocar na cadeia o ex-presidente da república Fernando Henrique Cardoso e a cúpula de seu governo? De outra forma não há legitimidade para anular a privatização.
Outra coisa que não entendo é o histórico do movimento, colocado na página da internet. Nele, há uma critica aberta ao período FHC: "O Brasil sofreu 8 anos com o modelo econômico neoliberal implementado pelo governo FHC, que provocou graves danos para quem vive no meio rural, fazendo crescer a pobreza, a desigualdade, o êxodo, a falta de trabalho e de terra". No entanto, defende o governo Lula: "A eleição de Lula, em 2001, representou a vitória do povo brasileiro e a derrota das elites e de seu projeto", apesar de que "mesmo essa vitória eleitoral não foi suficiente para gerar mudanças significativas na estrutura fundiária e no modelo agrícola". Se a luta era por acesso às terras e reforma agrária, porque defender um governo que é incapaz de gerar as reformas necessárias e atender às reinvidicações originais do movimento?
A verdade é que o governo Lula paga as contas do MST e por isso eles o defendem. A luta pela terra não importa mais, o movimento é mais importante do que as conquistas. Se hoje o governo decidisse fazer uma reforma agrária, eles seriam os primeiros a lutar contra. "E a fonte de renda, vai sair de onde? Da terra?", diriam eles. Estão acostumados a serem financiados, não querem mais trabalhar. E para que isso continue, é necessário que a manipulação da massa continue. Criticam empresários e industriais, assim como os políticos. No entanto fazem o mesmo que eles: prometem algo que não tem intenção nenhuma de cumprir, apenas para continuar recebendo as verbas federais, quase como um partido político. Não é mais um movimento popular. É uma máquina de fazer dinheiro.

*Foto: Divulgação (http://www.cvrd.com.br)
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Taí o "espetáculo do crescimento"!!

Já há muito tempo falo em sala de aula que o Brasil não tem condições de crescer economicamente como o governo federal vive anunciando. O tal "Espetáculo do Crescimento" não pode acontecer, por motivos simples. Vivemos em um país onde, incrivelmente, é possível dissociar crescimento produtivo de crescimento econômico. Até temos certa capacidade de aumentar a produção, o que não representa necessariamente um reflexo positivo na balança comercial.
Tudo isso ocorre por causa dos gargalos na produção: redes materiais e imateriais, necessárias para o bom funcionamento do trinômio produção-transporte-venda são arcaicas, mal administradas, mal conservadas e insuficientes, impedindo um aumento nas exportações. Além disso, como bem mostra a atual crise do abastecimento do gás, não há energia suficiente para um crescimento mais acelerado do que temos visto nos últimos anos.
Vários erros foram cometidos ao longo das várias gestões na administração federal, que empurraram o problema "com a barriga". Eles culminam agora na incapacidade brasileira de alçar vôos maiores na economia globalizada. Na tabela acima* pode-se ver, em porcentagem, a produção de energia de acordo com as matrizes energéticas. Fica claro que, apesar da redução significativa na participação das Hidrelétricas, o país ainda é refém dela. A segunda matriz energética mais utilizada é o gás, agora utilizado para cobrir deficiências no abastecimento hidrelétrico.
O problema na não diversificação das matrizes energéticas é que o potencial hidrelétrico diminui sensivelmente em épocas de estiagem, com redução dos reservatórios. Isso está acontecendo agora e a solução encontrada pelo governo foi desviar gás para a produção de energia em termelétricas, normalizando esse setor. Só que o gás que deixou de ser entregue, especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro, praticamente paralisou setores industriais inteiros, como o ceramista, além de atingir em cheio a maior frota de automóveis movidos a gás no país (o RJ tem mais de 700 mil carros usando essa fonte de energia).
Agora o governo diz que entregava mais gás do que estava nos contratos e que irá apenas cumprí-los. Esquece-se que ele próprio incentivou pessoas e indústrias a investir nessa matriz energética, o que agora pode significar um prejuízo de milhões de reais, especialmente para indústrias que não tem uma segunda opção de energia.
Como disse no começo, o Brasil não tem capacidade energética para crescer economicamente mais do que já cresce, por volta de 4,5% ao ano, muito atrás da Argentina, por exemplo, que cresce 9% ao ano. Que isso sirva de lição para os planejadores públicos, que esquecem-se das mais simples contas de matemática: o crescimento no fornecimento deve ser maior do que no consumo, senão corre-se o risco de um novo apagão (o que sinceramente não acredito). Mesmo não correndo o risco de sofrer um apagão como em 2001, acredito que os setores que dependem do gás vão sofrer um grande baque, prejudicando seu crescimento e afetando negativamente a balança comercial brasileira. Parece a velha história do cobertor curto, ou cobre os pés ou a cabeça. Seja lá o que for que ficar "descoberto", prejudicará o tal espetáculo do crescimento. Basta esperar para ver qual atitude o governo tomará, mas já adianto: será aquela que trouxer o menor prejuízo eleitoral possível.

*Fonte: www.aneel.gov.br (consultada em 03/11/2007)
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Tiros, mamatas, renúncia e arritmia.

O que esses quatro elementos têm em comum? Estarem presentes na história do mais novo "cidadão comum" do Brasil, o ex-deputado Ronaldo Cunha Lima (PSDB-PB). Esse senhor renunciou ao seu mandato de deputado federal no último dia 31 de outubro e agora será julgado pela justiça comum da Paraíba, estado pelo qual já exerceu cargos públicos como vereador e prefeito (duas vezes) de Campina Grande, governador do estado e deputado federal (estava em seu segundo mandato).
Ao renunciar, Cunha Lima perde o foro privilegiado, ou seja, não será mais julgado pelo Superior Tribunal de Justiça, onde a sua condenação era iminente. Perder o foro privilegiado nada mais é do que não ter mais a imunidade (ou impunidade?) parlamentar, não podendo ser julgado pelo STJ. O processo volta agora para Campina Grande e começa do zero. Por quatorze anos, Cunha Lima se escondeu atrás da impunidade parlamentar para escapar às acusações de tentativa de assassinato. Ele disparou três tiros contra o ex-governador do estado Tarcísio de Miranda Buriti, alegando ter de defender a "honra de seu filho", então superintendente da SUDENE* e atual governador do estado. Buriti sobreviveu ao ataque.
Agora, com o julgamento marcado para dia 05 de novembro, ele renunciou, em uma nova manobra para não ir à julgamento. Isso mostra novamente que a lei do Brasil favorece os infratores, desde que esses tenham dinheiro ou influência, ou seja o crime compensa! Por quantos anos mais esse processo irá rolar? Só Deus sabe se pegará o acusado vivo!
E não digo isso pelo fato dele estar internado, alegando um caso de arritmia cardíaca. Isso já era esperado, afinal de contas ele é um senhor de idade que de repente foi obrigado, para escapar de um processo, a abrir mão de ter acesso a um dos mais lucrativos negócios da história da humanidade: ser deputado ou senador no Brasil. Não tem coração que aguente!
Isso é só para mostrar o tipo de políticos que temos em Brasília, do qual Cunha Lima é um dos representantes mais simples. Há piores que ele, sem dúvida. E serve também para mostrar como a máxima da justiça foi "adaptada" ao Brasil. 'Todos são iguais perante à lei. Mas alguns são mais iguais do que outros'. Como diz uma amiga minha "...e a sociedade pagando..." Lamentável.

*SUDENE: Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, órgão público federal responsável pelo desenvolvimento de políticas de fomento sócio-econômico do nordeste. Foi extinta em 2001 e recriada em 2002, com o nome ADENE - Agência de Desenvolvimento do Nordeste. Historicamente um dos órgão mais acusados de corrupção e desvios de verbas do Brasil, em todos os tempos.
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Só o tempo dirá!

Divulgado oficialmente pela FIFA: O Brasil vai novamente sediar uma Copa do Mundo, a de 2014. Esportivamente, acredito que sediar um evento desse porte será algo excepcional para o país, que terá uma onda de investimentos estrangeiros e nacionais para a construção da infra-estrutura necessária à sua realização. Em todas as discussões sobre o assunto, surgem vária visões, entre elas a de que será algo inesquecível, outra de que isso é uma grande palhaçada.
Sou obrigado a me posicionar com a galera que tem a segunda opinião, mas não nos esqueçamos de que acho esportivamente o evento muito importante. Alguns argumentam que a infra-estrutura construída será permanente, ficará como legado do evento, o que é uma grande verdade. Mas também é verdade que construir infra-estruturas para transporte e segurança, entre outros, é uma obrigação dos governos, que não o fazem. Os defensores alegam também que haverá geração de empregos, melhoria na infra-estrutura para o turismo e divulgação do nome do país, mostrando a capacidade de realização de eventos de grande magnitude no Brasil. Tudo isso é verdade, mas me pergunto: A que preço?
A escolha do Brasil como sede da copa é algo facilmente compreensível, visto que era o único candidato. O Brasil fez grandes apresentações e defesas na sede da FIFA, elogiadas por todos. A partir de agora, precisamos saber como as coisas acontecerão.
A previsão de gastos com a Copa foi estimada em aproximadamente 5 bilhões de reais, o que preocupa enormemente. Como exemplifiquei aqui na postagem "Ainda sobre o Pan!", de 15 de julho, a diferença entre previsões e gastos finais daquele evento foi de 800% (pulou de 400 milhões para 3,7 bilhões). Se isso ocorrer na Copa, o que acho muito provável, vamos ter de pagar muito imposto.
Duas coisas me revoltam quando o Brasil se dispõe a realizar esse tipo de evento: a primeira delas é que sabemos que tudo será superfaturado, as concorrências ficarão para última hora, não haverá tempo para fazer tudo e aí contrata-se sem licitação mesmo, vira um buraco sem fundo, por onde vazará o dinheiro dos impostos que pagamos. A segunda é que fizeram um grande estardalhaço pela escolha como sede, anunciaram as construções e reformas da infra-estrutura, ingressos a preços populares, planos para a segurança, e porque? Para quem? A verdade é que o governo novamente mostra à população que tem dinheiro e sabe fazer aquilo para o que é pago. Não faz por pura sem-vergonhice e descaramento. Para construir hospitais, escolas, estradas, portos e aeroportos? Não temos dinheiro! Para pagar melhores salários aos profissionais do serviço público? Não temos dinheiro! Para pagar uma aposentadoria decente para nossos idosos? Não temos dinheiro! Mas para fazer uma Copa do Mundo, sim temos dinheiro!
Farão agora todas as obras que deveriam ter feito para a população com o dinheiro dela, mas não fizeram. E não fizeram porque usaram as promessas como barganha eleitoral: "Você vota em mim, eu faço aquilo. Não fiz, não houve recursos. Mas se eu for reeleito, farei. Não fiz, mas meu sucessor fará", e assim por diante. E nada sai do papel. Mas como agora que os "gringos" vão vir, ficar, se hospedar, gastar os seus dólares e euros aqui, vamos construir a infra-estrutura para os turistas, e os moradores que fiquem com as sobras. Isso é o que significa dizer que "a infra-estrutura ficará, será definitiva".
Como já disse, há várias visões sobre esse assunto, basicamente três: a daqueles que sabem que levarão vantagem nessa história, a daqueles que sabem que pagarão caro por isso e aqueles (maioria) que não sabem que pagarão pelo evento, e por isso acham lindo que a Copa seja aqui.
Vão falar, com certeza: "PUTA CARA CHATO!!!!" Sou obrigado o concordar que sou chato, mas não consigo ver com bons olhos a realização de um evento esportivo enorme e caríssimo, pago com o dinheiro dos impostos da população, enquanto ficamos de fora (ingresso popular = carro popular?). Depois de toda a corrupção, desvios de verbas públicas, atrasos e construções, haverá a Copa. A infra-estrutura ficará? É claro! Mas não nos esqueçamos de que as dívidas também ficarão, as das construções e dos enriquecimentos ilícitos que ocorrerão. Com certeza bateremos todos os recordes de corrupção, expropriação e desvios da história. E como sempre nesse país, quem pagará as contas seremos nós, do povo. Eu espero sinceramente estar errado, que essas previsões não se confirmem, que tudo dê certo, seja feito no prazo e abaixo dos custos planejados e que o Brasil faça uma Copa do Mundo inesquecível. Mas infelizmente não confio tanto assim na política e nos políticos brasileiros, principalmente metidos agora com o pessoal da CBF. Só o tempo dirá como as coisas acontecerão! (Falaremos mais sobre isso em futuras postagens.)

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Média!

De acordo com o dicionário, Média, no popular, significa café com leite. No Brasil, agora, podemos acrescentar mais alguns ingredientes, tais como Água Oxigenada e Soda Cáustica. De acordo com alguns químicos, essa mistura praticamente transforma o leite em água, tira as vitaminas, diminui custos e faz com que o prazo de validade do leite seja maior. Não custa lembrar que diminuir custos, para um capitalista, significa aumentar a margem de lucro, objetivo final do processo de produção. E quanto menor for o custo, maior o lucro. Simples assim.
Não importam realmente as milhares de pessoas que tomam leite (?) todos os dias, muitas delas com remédios e alguns para minorar problemas estomacais (práticas comuns à população, apesar de não recomendado por médicos e nutricionistas). Também não importa que as pessoas tomem leite por ser um produto saudável (?), muitas vezes o único café da manhã de muitos trabalhadores.
Mais uma vez sou obrigado a falar que o exemplo vem de cima. Os falsos governantes desse país pouco se importam com a população, mostrando todos os dias que não a respeita. E enquanto punições não forem aplicadas à canalhada que ocupa cargos em Brasília, vai ficar difícil que "espertinhos" não queiram levar vantagem da população, alterando produtos, adulterando datas de validade (caso recente de queijos no sul de Minas Gerais) e até mesmo colocando em risco as vidas das pessoas.
Hoje não podemos mais confiar no leite que bebemos! E não adianta agora falar que vão fazer coletas no país inteiro, analisar e mostrar que o leite é seguro. Basta que se respondam às perguntas: Há quanto tempo esse leite era adulterado? Quantas pessoas foram prejudicadas comprando leite e tomando água com soda cáustica? Qual o ressarcimento que elas terão? E qual a punição aos envolvidos? Se o Brasil for capaz de responder a essas perguntas e punir os responsáveis, alguma coisa terá mudado e eu terei motivos para, novamente, acreditar nesse país. Mas pelo jeito, continuarei sendo um cético.
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Um novo Código de Trânsito.

Como professor, sempre procurei falar para meus alunos as verdades conhecidas por poucos nesse país. Uma dessas verdades é que temos hoje uma geração de pessoas com pouca educação formal, mal preparadas para o mercado de trabalho, para o convívio em sociedade e, consequentemente, para o trânsito. A geração de motoristas que aí está, com volantes e guidões nas mãos, não tem preparo suficiente para encarar o trânsito de uma cidade grande.
Outra dessas verdades incontestáveis é a de que toda vez que um país precisa fazer leis para impedir coisas que uma boa educação impediria, isso se torna perigoso. Fazer uma lei para impedir as pessoas de jogar lixo nas ruas é algo estranho, no mínimo, afinal de contas (acredito eu) se as pessoas não saem jogando lixo dentro de casa, porque jogam nas ruas?
O povo brasileiro, em sua maioria, não tem consciência ambiental, o que é facilmente explicável pela falta de educação formal. Se não se ensina educação como um todo, como seria possível estudar uma parte dela? O que isso tem a ver com trânsito? Basta perguntar para um motociclista o que uma latinha de alumínio pode fazer. Ao jogar a lata pela janela, pode-se acertar o motociclista, que assustado, pode vir a cair. Já estando no chão, o obriga a desviar, o que pode tornar a condução perigosa. Se não vista, como num dia de chuva, à noite, pode levar à uma queda. Muito se fala de direção perigosa, e se culpa os motociclistas (não estou aqui para defendê-los), mas para quem anda nas ruas de São Paulo todos os dias como eu, por vias principais, avenidas grandes e pequenas ruas, uma coisa está clara: todos cometem errros, alguns mais outros menos, mas isso independe do veículo em que ele está.
O que se vê frequentemente nas ruas de São Paulo é gente cometendo as maiores barbáries no trânsito, seja de carro, seja de moto. Pela agilidade natural das motos, vê-se que atualmente muito mais infrações cometidas por elas, muito pela própria obrigação do serviço, que cobra rapidez. E todos sabemos que velocidade + trânsito = acidentes. Também é claro que os motoristas também cometeriam as mesmas infrações, se fosse possível.
O código de trânsito brasileiro não é antigo, vem sendo modificado e adaptado. Parece que isso ocorre muito lentamente, enquanto que as mudanças na sociedade são cada vez mais rápidas. Dessa forma, o código continua ultrapassado e mudanças que poderiam ser feitas não são. E mais mortes continuam a ocorrer, no trânsito que é um dos mais violentos do mundo (e nem estamos falando das mortes em estradas).
Precisamos de novas aplicações para o código, mas os governos e instituições que cuidam do trânsito precisariam dar o exemplo. Pode-se dizer que para cada ação, há uma reação. Mas pode-se dizer também que para cada falta de ação, há o estímulo ao delito. A mensagem que vem de cima é clara: "Nós, os governantes, estimulamos o crime". Eles apenas não são homens e mulheres o suficiente para admitir a verdade. E a verdade é que coisas erradas dão lucro, seja financeiro, seja eleitoral. Mas na maior parte dos casos, os dois ocorrem juntos.
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São tantas emoções...

Faz exatamente um mês que não escrevia no blog, apenas e tão somente por falta de tempo. A todos leitores peço desculpas, mas o tempo realmente anda curto. Vários foram os acontecimentos importantes desde a última postagem, que falava sobre justiça. O Supremo Tribunal Federal julgou a causa da fidelidade partidária dando ganho de causa aos partidos (por enquanto, é verdade), o Renan falou que não saía da presidência do senado, "Tropa de Elite" foi o filme mais assistido, comentado e pirateado da história do cinema nacional, o Renan falou que só saía de lá arrancado que nem coco verde, a prorrogação da CPMF foi votada e aprovada duas vezes na câmara dos deputados, o Renan abriu a sessão com a sua chegada no senado, Felipe Massa não tem mais chances de ser campeão de Fórmula 1, Renan se licenciou da presidência do senado depois de negociar a sua absolvição com o palácio do planalto...
Depois de muito refletir, cheguei à conclusão de que foi melhor mesmo não ter tempo. Se eu falasse tudo o que penso sobre alguns desses acontecimentos, correria o sério risco de ser processado. E como tenho o "péssimo hábito" de falar a verdade, advinhem quem iria se dar mal nesses processos.
Mas deixando de lado a política, o acontecimento que mais me marcou nesse ultimo mês foi sem dúvida a morte do grande ator Paulo Autran. Não por ser ser ator, uma grande personalidade ou um mau exemplo para as gerações mais jovens (era um fumante incorrigível, tendo morrido em decorrência desse hábito). Era uma grande pessoa, excelente exemplo para aqueles que estão na fase de decidir o que fazer da vida, como meus alunos vestibulandos. Advogado de formação e ator por toda a vida, mostrava a todos que a escolha da profissão deve vir, antes de tudo, do coração. Gostar do que vai fazer é essencial para a vida profissional, o que reflete e muito na vida pessoal. Grande exemplo de dedicação, personalidade e amor à profissão.
Talvez nossos políticos pudessem aprender algo com alguém que levou tão a sério a sua profissão, que preferiu a liberdade dos palcos de teatro a se vender por qualquer papel na tv. A maior lição? De alguns brasileiros nos envergonhamos, de outros nos orgulhamos. E todos sabemos de que lado estava Paulo Autran. Aos familiares os meus pêsames e de todos os brasileiros, com certeza.

P.S. Não se assustem, caros leitores, com as iniciais em minúscula de algumas palavras, como "senado" e "palácio do planalto". Não respeito o suficiente essas intituições a ponto de escrever seus nomes começando com letra maiúscula. Prefiro cometer o erro gramatical.
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Justiça, justiça.

Falar de justiça é necessário nesses dias. Ou na falta dela. Três eventos serão relatados aqui, apesar de um deles ter sido objeto de outra postagem. Mas comecemos do início.
Chamou minha atenção dois casos envolvendo juízas no Brasil, uma do Rio de Janeiro e outra da Bahia. Uma delas foi promovida enquanto outra será processada, e por esse motivo ambas viraram notícia essa semana.
A juíza promovida (por antiguidade no cargo) é acusada de vender sentenças e de envolvimento com o tráfico de drogas. Em 2001, julgou o caso de traficantes, presos pela Polícia Federal, que mandavam cocaína para a europa em fundos falsos de caixas de frutas. Todos foram inocentados pela Juíza Olga Regina Guimarães. A PF tem gravações dela e do marido discutindo os antecedentes criminais do traficante Gustavo Durán Bautista (preso em flagrante no mês passado, no Uruguai, com 485 quilos de cocaína), assim como os valores da negociação. Tem também provas de suas visitas à casa dele em São Paulo.
A outra juíza, Mônica L. F. Machado, será processada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro por ter montado o escritório na calçada do Fórum de Madureira e ter trabalhado atendendo comissários responsáveis pela fiscalização das casas noturnas da cidade. Ela pediu autorização para trabalhar depois das 21:00 horas, pois tinha planejado uma blitz contra casas noturnas que permitem a entrada de menores (ela é juíza da Vara da infância e da Juventude), o que foi negado pelo próprio Tribunal de Justiça, alegando falta de segurança. Sem querer ser chato, não adianta ela trabalhar em horário normal se as casas são noturnas. E se não havia segurança, o que faziam os dois policiais ao lado da mesa? O presidente do TJ, Murta Ribeiro, a acusou de insubordinação e de comportamento incompatível com a dignidade, a honra e o decoro das funções.
Trocando em muídos: a juíza acusada de envolvimento com o tráfico de drogas é promovida e a juíza que queria "apenas" cumprir suas funções trabalhando será processada, podendo até mesmo perder o emprego. O que mais chama a atenção é a justificativa do presidente do TJ. Trabalhar agora é comportamento incompatível com a dignidade, a honra e o decoro das funções para um juiz. Fico imaginando que tipo de juiz é esse tal de Murta. Não fica difícil de entender porque até o judiciário, antes respeitado, hoje não é mais levado a sério pela população.
E o terceiro caso? Apesar de não ser novidade (leiam a postagem anterior "Cassação? É piada?"), gostaria novamente de parabenizar o presidente do Senado, Renan Calheiros, pela absolvição. O Senado Federal brasileiro nunca mais será respeitado. Parabéns também aos asseclas de Lula, que tanto trabalharam para que isso ocorresse. Justiça? No Brasil, depende da conta bancária do sujeito, da importância política que ele tem para o governo ou pelos processos que ele tem nas costas por ter agido contra a lei. Ela só funciona para os pobres (quando réus, é claro!), para os sem importância (os eleitores, óbvio!) ou para os trabalhadores, como a juíza de Madureira. Um viva aos podres poderes do Brasil !!!
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Seis anos depois...

Para um professor de Geografia, seria impossível deixar passar em branco uma data tão importante quanto o famoso 11 de setembro. Seis anos depois dos ataques ao World Trade Center (economia), Pentágono (militar) e Casa Branca (Administrativo), alguns bem sucedidos, outros não, o mundo mudou bastante. Houve muitas consequências para o ato de terrorismo no coração econômico do mundo, a ilha de Manhattan, Nova York. E derrubar o conjunto de prédios que melhor representava a pujança econômica dos EUA, o World Trade Center, teve um caráter psicológico muito forte. Vale lembrar que mais do que matar pessoas, o objetivo era derrubar símbolos: o símbolo da prosperidade econômica e o de que o território norte-americano é intocável, inatingível.
Muitas especulações foram feitas a respeito do governo dos EUA saber dos planos e deixar tudo acontecer, para tirar proveito político e econômico da situação. Sei que é difícil aceitar que um governo deixasse isso ocorrer em seu próprio território, ainda mais matando pessoas. Mas a verdade é que são inegáveis as vantagens que o presidente norte-americano tirou da situação. Antes dos ataques, a popularidade dele estava muito baixa e as pesquisas indicavam que ele provavelmente não se reelegeria. A economia estava muito abalada por um elevado índice de desemprego e a indústria estava com a produção baixa. Depois do ocorrido, o presidente George W. Bush vendeu sua própria imagem como o único que poderia liderar o país na luta contra o "terror", a máquina de guerra foi ativada, a economia foi acelerada e a sua popularidade subiu, possibilitando a sua reeleição.
A expressão "Eixo do mal" foi criada para justificar uma guerra contra algo intangível, o Iraque foi invadido, Saddam Hussein enforcado. Os EUA dominam hoje o Iraque, o Afeganistão e tem outros aliados importantes na região. O cerco ao Irã está formado, mas isso será tema de outra postagem. Os prédio derrubados serão reconstruídos, o orgulho ferido fica mais abalado quando Osama Bin Laden dá declarações sobre o ocorrido ou quando as famílias vão ao aeroporto buscar os corpos de seus filhos. De tudo, fica a lição: se mexer no vespeiro, você pode ser picado. Os EUA treinaram Osama Bin Laden, o ensinaram a fazer o que ele fez (não que se justifique). Mas para toda ação há uma reação, e foi isso o que aconteceu. Ao permanecer em terras sagradas aos muçulmanos, eles ofendem os extremistas, como Bin Laden. Eles se voltam contra os EUA e seus aliados, atacando quando e como for possível. Ao que parece, essa briga está longe de acabar.
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Cassação? É piada?

Resolvi falar nesse assunto para que não digam que falo depois do ocorrido. Na próxima quarta-feira dia 12 de setembro de 2007 será julgado o parecer do conselho de ética que recomenda a cassação do mandato do Senador Renan Calheiros, presidente da casa, afundado até o pescoço em denúncias de vários tipos. Mas como a sessão será secreta, já sabemos o que vai acontecer. O "presidente" será absolvido, agradecerá a Deus e aos colegas e seguirá em frente na batalha para conseguir mais aliados, políticos ou não, para as próprias batalhas ou para qualquer um que esteja no poder. Homem forte dos governos Collor, Itamar, FHC e Lula, a maneira de fazer política de Renan é uma cartilha seguida à risca por todos que querem se dar bem no nosso senado federal.
Como sempre, o Palácio do Planalto luta discreta mas vorazmente para segurar seu aliado no poder, afinal ele é necessário para aprovações complicadas, como a votação da CPMF, por exemplo. "Uma mão lava a outra", eu diria. Mas como estamos no Brasil e eles em Brasília, "uma mão molha a outra" seria mais apropriado. A verdade é que Renan é necessário para Lula, não pode cair. E não cairá.
Desde já congratulo o recém-inocentado Renan, afinal em votação secreta a vitória é quase certa. E o governo comemorará mais uma vitória política, afinal perder o apoio de Renan agora seria um desastre para o governo do PT. Crimes não são importantes, o que importa é a necessidade que "eu" tenho daquele criminoso. Isso quando o criminoso não tem algo contra mim, imagine se tiver. O governo tem obrigação de defender Renan Calheiros. Afinal, defender acusados de todos os tipos de crimes tem se tornado a especialidade do Partido dos Trabalhadores (sic). Lastimável.
Aí o leitor pergunta: e a imagem aí ao lado, o que tem a ver com isso? É apenas uma representação da festa comemorativa da absolvição que ocorrerá na quarta. O resto fica com a imaginação de vocês.
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Para refletir.

No último dia 29 de agosto completou-se dois anos da passagem desastrosa do Furacão Katrina sobre o território estadunidense, mais especificamente e com maiores consequências para a cidade de New Orleans. Esse furacão se formou no dia 23 de agosto de 2005, atingiu o nível máximo na escala de Saffir-Simpson que mede a intensidade dos furacões (até o nível 5). Os números de mortos são controversos, mas ficam entre 1500 e 2000. Os prejuízos materiais calculados em aproximadamente US$ 81 bilhões.
Mas de tudo o que ocorreu, ficou a marca da má gestão e do caos estabelecido pelo rompimento dos diques que seguravam as águas das represas em torno da cidade. Muitos mortos, desabrigados, destruição e pouca ajuda do governo federal. Muitas críticas foram a ainda são feitas ao governo de George W. Bush pela forma como foi feita a assistência à população carente da cidade.
A cidade, importante pólo cultural norte-americano, não foi devidamente preparada para suportar tal tragédia, mesmo depois da revista Scientific American divulgar, em 2001, um número especial com as previsões sobre o que aconteceria com a cidade se ela fosse atingida por um furacão de categoria 4 ou 5. Foi exatamente o que ocorreu.
Deixados de lado no planejamento, o que se viu depois da tragédia foi uma falta de eficiência na assistência que beirava a má vontade. Os desabrigados dependiam de que tudo viesse de fora, inclusive roupas, remédios, comida e água. Muitos morreram por falta de atendimento ou foram contaminados pela água que tomavam.
Hoje o que se vê em New Orleans é uma cidade reconstruída para o turismo. O centro histórico, com seus bares de Jazz e agitada vida noturna já voltaram a funcionar há muito tempo. Os bairros próximos, obviamente, foram reconstruídos. Aqueles que ficam mais distantes do centro só serão reconstruídos pelo governo se forem considerados viáveis, ou seja, se pelo menos metade dos moradores quiserem voltar. Como a infra-estrutura básica necessária (água, energia elétrica, esgoto encanado, etc) ainda não foi restaurada, dificilmente alguém vai querer voltar para seu antigo bairro.
O que mais me entristece é o fato de toda a reconstrução pensar no turismo e toda falta de reconstrução também. Ninguém pensa nas pessoas, nos antigos moradores. Nos bairros em ruínas são feitos roteiros turísticos, os chamados "Katrina tours", onde turistas de todo o mundo vão ver a destruição causada por um fenômeno natural extremo. E enquanto esse turismo responder por mais de 70% do turismo da cidade, com gente ganhando dinheiro com isso, o governo não vai se preocupar com reconstrução, afinal está se gerando lucro (para ele, inclusive).
Enquanto isso, os novos diques que represam as águas são reconstruídos, mas com previsões de estarem prontos entre 2011 e 2015. Até lá a população não estará completamente segura. Não adianta colocar a culpa na natureza se o ser humano não tiver a vontade e a capacidade de reconstruir aquilo que foi destruído.
Reconstrução apenas da parte turística, lucrar com a tragédia alheia, ser omisso, manter escolas e hospitais fechados ou funcionando parcialmente...acho que agora entendi as "férias" que Bush veio passar no Brasil. Aprendeu bem a lição tupiniquim de como não agir, levar a fama de ter agido e ainda se beneficiar política e economicamente do fato. Afinal, ninguém é tão eficiente nessa parte quanto a gente, não é mesmo?
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Reestatizar para que?

Nesses muitos anos lecionando Geografia, sempre questionei a privatização da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), usando-a como exemplo de má gestão e incompetência administrativa, venda abaixo do valor de mercado e de como as privatizações foram e são danosas ao patrimônio público brasileiro. Mas nesse momento em que se fala de reestatização, me pergunto: para que?
Durante muito tempo, a CVRD foi considerada um "elefante branco", só dava prejuízo aos cofres públicos. Com a privatização, duas coisas ficaram claras: quando se faz investimentos quase sem custos e com alta expectativa de lucro, a tendência é que a empresa se torne uma das grandes do mercado. A outra coisa é que, administrada por mãos competentes, a possibilidade de lucro é imensamente maior. Espero que os leitores se lembrem de que vivemos em um modelo econômico neoliberal, o que torna privatizações não só normais como necessárias. Nem por isso devemos deixar de questioná-las.
A Vale sempre deu prejuízo por ser administrada mal e porcamente pelos governos brasileiros que se sucederam, até que FHC e os tucanos (atuais defensores da moral e dos bons costumes) decidiram se livrar dela praticamente fazendo uma doação ao setor privado, que agradeceu e a colocou entre as cinco maiores mineradoras do mundo, principalmente depois da compra da canadense Inco. Agora o Partido dos Trabalhadores (sic), do presidente do país, quer a reestatização, alegando venda fraudulenta. Ora, isso não é novidade para ninguém. Pode-se dizer que eles estão razoavelmente atrasados na história, pelo menos dez anos. Não se pode dizer que a venda não foi questionada à época, mas porque só agora, depois de quase seis anos de mandato, os políticos do PT estão mexendo nesse vespeiro? Será porque eles não têm um candidato forte à presidência, que pode muito facilmente ir parar novamente em asas tucanas, tendo assim que encontrar elementos que desestabilizem qualquer futuro candidato do PSDB?
Observando o modo do PT fazer política, vejo apenas algumas opções para esse desejo de contrariar a história e regredir ao ponto de reestatizar uma empresa privada: CIÚMES. Se o Hugo e o Evo podem, porque eu não poderia? ELEIÇÕES. Para as próximas campanhas o PT vai precisar de muita munição para eleger representantes novamente. Afinal, parece que os escândalos de corrupção não abalaram apenas um membro do PT, o próprio Lula. CABIDE DE EMPREGOS. Como todo bom partido político brasileiro, o PT indica cargos públicos em suas empresas e autarquias cobrando uma porcentagem do salário como contribuição. Assim, estar no poder é indicar cargos, que geram dinheiro, que financiam campanhas milionárias, que elegem novamente certos políticos, etc. Pelo menos é esse o desejo do partidariado brasileiro.
Outras coisas lamentáveis: não ouvi sequer uma única palavra do ex-presidente FHC, justificando a privatização, assim como não ouvi ninguém querendo que os "culpados" sejam responsabilizados legalmente se a venda tiver sido comprovadamente fraudulenta. Mais uma vez, o que se vê é a velha máxima da política brasileira, onde os culpados não são punidos, apenas deixam-se cair no esquecimento. Até o próximo escândalo.
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A CPMF e a saúde(?) no Brasil.

Dando continuidade aos questionamentos da postagem anterior, venho agora falar sobre a CPMF. Isso porque, de acordo com a lei brasileira, essa Contribuição Provisória sobre Movimentções Financeiras deve acabar no final desse ano. O fato é que muitos não sabem o que é a CPMF e como ela funciona.
Fazendo um breve histórico, essa cobrança nasce como o Imposto sobre movimentações financeiras, o IPMF, em 1993. Seu objetivo era aumentar a arrecadação pelo período de crise que o país vivia (alíquota era de 0,25%) e durou até 1994. Depois de breve recesso, voltou a ser cobrada, já como CPMF no ano de 1997, com alíquota de 20%, e arrecadação destinada a aumentar os investimentos na saúde. Nunca mais deixou de ser cobrada. Em 1999, foi prorrogada por mais três anos, com alíquota de 0,38% no primeiro ano e 0,30% nos demais. A intenção era custear também a Previdência Social. Em 2001, a alíquota sobe novamente para o,38%, sendo que os 0,08% seriam destinados ao Fundo de Erradicação da Pobreza. Foi previsto nesse ano que em 2004 a taxa seria reduzida para o,o8% no total. Em 2004, ao invés do que foi previsto, a CPMF foi novamente instituída, com a alíquota de o,38% e previsão de encerramento da cobrança em 2007.
Bom, chegamos a 2007 e o que o governo Lula pretende fazer? Coisa simples: extingue-se a CPMF e cria-se o IMF - Imposto sobre Circulação Financeira, que estaria na Constituição Federal e seria permanente. A alíquota e a destinação das verbas ainda serão discutidas. Mas se isso não for possível tentar-se-á uma prorrogação da própria CPMF, que segundo o Unafisco, até o fim de 2006 arrecadou quase R$ 186 bilhões, que deveriam ser destinados à saúde. Ainda que se desconte 20% desse total, que o governo pode dar outra destinação, me parece um valor bastante vultoso.
Considerando que a CPMF é uma regra e que toda regra tem suas excessões, essa contribuição não é cobrada em várias situações, como movimentação financeira de entidades beneficentes de assistência social ou saques efetuados nas contas vinculadas do FGTS e do PIS/PASEP e no saque do valor do benefício do seguro-desemprego. Mas não entendo porque em contas de investidores estrangeiros, relativos a entradas no País e a remessas para o exterior de recursos financeiros ou em contas correntes de depósito, relativos a operações de compra e venda de ações, realizadas em bolsas de valores ela não é cobrada. Traduzindo: os pobres pagam CPMF do pouco que tem em quase todas as transações financeiras que fazem, enquanto os ricos, quando fazem operações com grande valor de dinheiro são beneficiados com isenções. Parece que os 0,38% das pequenas transações é mais interessante do que das grandes, só ainda não entendi direito porque.
Sempre que quetiono o pagamento de um imposto, não é por que sou chato ou quero reduzir meus gastos pessoais. Mas acho absurdo o fato dessa contribuição / imposto ser cobrada há mais de dez anos e simplesmente não melhorar nada na saúde da população. Além de seu efeito cascata, ou seja, é cobrado várias vezes sobre um mesmo montante de dinheiro, não é cobrado em grandes transações bancárias e não chega a seu destino final. Será que o governo do PT não tem vergonha de propor a continuidade dessa cobrança? E o pessoal do PSDB fica como nessa história, já que foram eles que institucionalizaram a CPMF?
Essa cobrança nunca foi para melhorar a saúde, afinal, nunca foi a intenção dos governos melhorar a saúde do povo. Se não fosse assim, o governo não teria cortado R$ 5,7 bilhões (14,1%) do orçamento da saúde para esse ano. Quanto mais morrerem, menos aposentados para pagar aposentadoria, não é mesmo? Esse dinheiro, como tudo no Brasil, será utilizado em negociatas, propinas e outras coisas fora da lei, como sempre. Será agora que entra o slogan "Sou brasileiro e não desisto nunca" ou "Brasil, um país de todos"? Ao invés disso sou mais propenso a aceitar o pensamento de um Senador da República do Brasil que explica muito do que acontece por aqui:

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."
Rui Barbosa
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A Cocanha Brasileira!

Depois de algum tempo de seu lançamento, pude ler com calma o documento da organização Transparência Brasil sobre os custos dos parlamentares brasileiros comparados a outros onze países. O resultado não podia ser mais óbvio e revoltante: o Brasil perde apenas para os EUA em valores absolutos e ganha disparado quando o assunto é valor por habitante.
Segundo essa pesquisa, os parlamentares brasileiros incluindo a Câmara Federal e o Senado custarão em 2007 os surpreendentes R$ 6.068.072.181,00, o equivalente a R$ 11.545,04 por minuto. Dessa forma fica mais fácil entender o porque da falta de verbas para a saúde, educação, transportes, segurança, enfim, aquilo para o que os governos arrecadam impostos, que não são poucos. No ano passado, apenas em imposto de renda, o governo federal arrecadou a bagatela de R$ 397,611 bilhões que me pergunto sinceramente onde foram parar.
Comparando-se os legislativos, chega-se a conclusões óbvias. Os parlamentares brasileiros não valem o que recebem. Trabalham pouco, gastam muito e não correspondem às expectativas de seus eleitores. Muitos ainda respondem a processos na justiça, pelos mais variados motivos.
Quando trato da política brasileira sempre me lembro de um livro, chamado Cocanha - a história de um país imaginário (Hilário Franco Júnior, Cia. das Letras). Nesse livro, o autor descreve esse país, onde só se chega depois de passar por várias provações, mas uma vez lá, a pessoa viverá sob a lógica do "quanto menos se faz, mais se recebe". Cocanha seria a terra da abundância, da ociosidade, da liberdade, da juventude, enfim, dos prazeres absolutos. O conto que deu origem a esse país é de meados do século XIII e simboliza em muitos aspectos os desejos de uma sociedade (européia) que passava por muitas privações. Esse lugar seria a resposta a todos os problemas e repressões pelas quais passavam os europeus. Ainda assim seria apenas imaginário.
Mas no Brasil tudo é possível. Enquanto na Europa esse conto é apenas um mito, no Brasil ele foi materializado. Chama-se Brasília e é a capital federal do país. A abundância (verbas de gabinete, ajudas de custo, 15º salário, etc.), a ociosidade (trabalho de terças até quintas, dois meses de férias), a liberdade (chamada de "imunidade parlamentar") são apenas aspectos da Cocanha Brasileira.
Gostaria realmente de acordar desse que me parece o maior pesadelo da história política do país, mas não creio que seja possível. São pessoas e interesses demais envolvidos. Parece que teremos de conviver por muitos anos ainda com esse tipo de situação. E com os níveis da educação cada vez mais baixos (não nos números, na realidade), me parece que entramos em um círculo vicioso, onde a elite governa para a elite, tira para si os maiores proveitos e sequer é cobrada por isso. E como sempre é o povo que paga a conta.
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Também cansei!!!

Ganha força no Brasil uma série de movimentos da sociedade civil que buscam, de alguma forma, alertar para alguma particularidade entre os tantos escândalos do país. O último desses movimentos, que vem ganhando o apoio de várias personalidades como cantores e atores, é o "Cansei", organizado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), na figura do seu presidente, Luiz Flávio Borges D'Urso. Segundo ele, o movimento busca fazer uma crítica aos problemas que o país enfrenta. Até aí, nenhuma crítica.

O problema começa quando um dos organizadores do movimento, Paulo Zottolo (presidente da Phillips) decide usar o Piauí como exemplo, dizendo que "ninguem ficaria chateado se o Piauí deixasse de existir". Como resposta, o Governador do Estado responde que o Piauí tem 80% das suas florestas preservadas, produzindo oxigênio para o Brasil e para o mundo. Alguém tem que avisar aos dois que não é por terem posições privilegiadas na sociedade que eles podem sair falando tanta bobagem por aí. O Piauí é sim um estado importante e florestas não são as responsáveis pela produção de oxigênio nem para o Brasil muito menos para o mundo.

O que me incomoda sinceramente é o oportunismo dessas iniciativas. Não consigo entender como desastres como o de Congonhas dão início a esse tipo de movimento, aparentemente de conscientização, mas que no fim das contas aproveita-se de situações de crises emocionais da população para ganhar seus pontinhos. Fico realmente indignado quando vejo políticos se locupletando de seus cargos públicos, quando juízes e desembargadores vendem sentenças e quando bombeiros são presos por assaltar empresários se disfarçando de policiais federais. E não é pelo crime em si, mas pela não punição, o que estimula cada vez mais a corrupção e o crime em geral. E muitos advogados contribuem para que assim seja e assim continue.

A OAB como entidade de classe dificilmente pune os advogados que cometem crimes. E querem dizer que "cansaram"? Estavam aonde na época dos anões do orçamento, da Georgina, do Juiz Nicolau, dos juízes do supremo tribunal que vendiam sentenças, do mensalão, entre outros? Casa de ferreiro, espeto de pau? Não tenho nada contra a OAB, mas não a vejo como a defensora das virtudes do país.
Esse tipo de movimento, se lançado em uma outra situação, teria meu total apoio. Mas a época de lançamento, os discursos e as atitudes falam por si. É um movimento oportunista (não golpista, como alguns menos informados do governo do PT afirmaram) que visa se beneficiar de uma tragédia para criar uma imagem positiva da instituição e das pessoas envolvidas. Para mim, é aproveitar-se da comoção da população, causada por um acidente, usando a memória de 199 vítimas para proveito próprio. Gostaria realmente de saber a que cargo o Senhor D'Urso concorrerá nas próximas eleições.
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Um verdadeiro desastre!

Aqueles que me conhecem sabem que eu jamais escreveria nesse espaço logo após um evento traumático como o acidente ocorrido no aeroporto de Congonhas, vitimando aproximadamente 200 pessoas. A lógica impede que qualquer hipótese seja levantada sem uma possibilidade imensa de erro. A verdade é uma só: não sabemos o que aconteceu. E não saberemos tão cedo. Mas aqueles que me conhecem sabem também que eu nunca me atenho ao óbvio, então não falarei sobre o acidente em si, e sim sobre suas repercussões.
Todas as vezes que acontecem acidentes dessa forma, as pessoas comentam, procuram explicações, choram os mortos. Mas no Brasil sempre acontece algo a mais: adversários políticos usam do ocorrido para ganhar pontos com a população. Parece uma corrida, como nos interrogatórios de filmes e seriados policiais: "quem falar primeiro garante o acordo e terá uma redução na pena".
O governador do Estado, José Serra, apareceu imediatamente falando com dados técnicos, o que demonstrava pelo menos interesse no aconteceu. Mas não perdeu a oportunidade de "alfinetar"o governo, deixando claro que o aeroporto tinha de passar por reformulações, que são de responsabilidade de governo federal. O Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, também se pronunciou a respeito, com o mesmo tom e discurso. O governo federal, na imagem do seu maior representante, achou melhor ficar três dias sem dar as caras, em uma tentativa clara de não ligar a sua imagem à do acidente. Foi em vão. A Rede Globo conseguiu filmar o acessor especial da presidência, Marco Aurélio Garcia e um secretário comemorando com gestos obscenos a possibilidade do avião da TAM estar com problemas.
Isso apenas demonstra aquilo que venho falando há anos, meus alunos e ex-alunos são testemunha disso: a infantilidade dos políticos brasileiros é assombrosa! A oposição (vejam bem, não estou falando de PARTIDOS!) nunca perde a oportunidade de jogar a bomba no governo, como fez bem seu papel o governador do Estado, que sem saber o motivo do acidente condenou a pista e, consequentemente, o responsável por ela, o governo. A situação, além de não se pronunciar oficialmente por três dias ainda "comemorou" o ocorrido, afinal a culpa passava do governo para outro. Para quem? Não importa, só importa que a culpa "não seja minha".
Os peritos ainda demorarão para determinar o que ocorreu realmente naquele dia fatídico. Enquanto isso, o governo e a oposição propiciaram ao país e ao mundo um verdadeiro show de horrores, algo que não consigo achar palavras para descrever. A disputa política no Brasil ultrapassou os limites da razão. Na luta por quem controla as propinas, o tráfico de influências, lobbies, comissões, CPI's, concorrências com cartas marcadas, entre outras coisas que sequer conhecemos, os políticos brasileiros conseguem ver na tragédia das pessoas oportunidades eleitorais. Na minha humilde opinião, os infelizes que se deixaram gravar comemorando dentro do Palácio do Planalto apenas representam a classe política: alguns comemoraram, outros torceram o nariz. Mas a oposição foi esperta o suficiente para fechar as janelas. Todos agora contabilizam os "trocados" eleitorais conseguidos nesses dias, afinal ano que vem teremos eleições novamente. E a vida segue, menos para as milhares de vítimas de um sistema político que sequer entrou ainda na pré-escola da política. O que importa são os votos e o controle sobre as verbas pública. O povo? Esse não têm a menor importância! São vítimas de políticas e políticos que são um verdadeiro desastre!

Aos familiares, meus pêsames e meus respeitos. Aos bombeiros e voluntários, minhas congratulações.

Àqueles que tiraram fotos de vítimas e colocaram para circular na internet (como sempre), tenho nojo de saber que vocês são considerados seres humanos.
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Ainda sobre o Pan!

O Pan-americano do Rio 2007 nem tinha começado e já marcava um grande record, difícil de ser batido no futuro. O seu orçamento original estava estimado em R$ 400 milhões. De acordo com o próprio Palácio do Planalto, os custos finais chegaram à casa dos R$ 3,7 bilhões, um aumento de cerca de 800%. Difícil acreditar que em um país em que o sistema educacional é uma vergonha, transporte, moradia, segurança não existem, a saúde é motivo de piada (sem graça, é claro!), tenha gasto tal soma na realização desse evento. Perguntam-me: "Mas não é importante para o país? Não melhora a auto-estima do povo, a imagem do país lá fora?"
Minha resposta é não! Não vejo importância na realização do Pan no Brasil, pelo menos não aquela que falam por aí. É uma competição esportiva interessante, muito bonita de ser vista. Como já disse, as instalações ficam, isso é verdade. Mas a auto-estima do povo volta lá para baixo quando chegam as contas, o mês continua quando o salário já acabou e quando o presidente do Senado diz que para tirarem-no do cargo terão de "sujar as mãos", mesmo com todas as denúncias. (Muito sugestivo!)
E com relação a melhorar a imagem do país, também não acredito. Não melhora pois todos os problemas que o Rio tinha continua tendo. Insegurança, balas perdidas, caos na saúde...nada muda, apenas "dá um tempo". Quando os jogos acabarem, tudo volta ao normal.
Com relação aos montes de problemas que existem no Brasil, a realização desse evento se torna algo sem importância. Afinal, construiu-se tudo para os atletas, para as modalidades esportivas. Para o povo, não se contrói nada? Não existe dinheiro? Pelo que parece existe. Como sempre o povo é deixado de lado em nome de algo "maior".
Mas está certo o Presidente da República, quando diz que o país está habilitado para sediar uma Olimpíada. O custo estimado para os próximos jogos olímpicos de Pequim, na China, está em cerca de R$ 4,8 bilhões. Pelo menos gastar dinheiro como eles nós já sabemos .
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Pan do Rio de Janeiro!

Os jogos Pan-americano são um grande evento esportivo. A realização desse evento deveria ser algo louvável. Mas como estamos no Brasil...
Eu ficaria realmente muito contente em não ver as histórias reais que passam na TV nesses dias, como o caso de um arremessador de martelo que treina girando botijões de gás ou um remador que terá de abandonar o esporte depois dos jogos pois a mãe está doente e, não tendo patrocínio, ele terá de trabalhar para ajudar no sustento da casa. Mais importante que realizar uma competicão desse nível seria o Brasil olhar para esses atletas com um pouco mais de carinho. Não adianta agora todos ficarem depositando as esperanças de medalha nesses atletas. Não dá para ficar completamente concentrado na competição se preocupando com as contas vencidas em casa. É verdade que muita coisa já mudou, mas ainda precisa melhorar. A deplorável situação do patrocínio aos atletas brasileiros só perde para a cara-de-pau de alguns políticos que se aproveitam quando uma equipe ou um atleta conquista um record, uma medalha. Sempre querem tirar fotos, fazer propaganda. Mas ajudar que é bom, nada.
Outra coisa que me preocupou foi a falta de consciência da organização. As finais de sete modalidades, as mais procuradas, não serão vendidas nas bilheterias, como se todo brasileiro tivesse acesso à internet. Órgãos de defesa do consumidor já avisaram: qualquer que se sentiu lesado pode entrar na justiça contra a organização, especialmente por perdas e danos e por não ter havido igualdade de condições na compra. Isso sem contar na ação dos cambistas, flagrados em plena ação no primeiro dia de venda nas bilheterias. Enquanto isso, ingressos já são vendidos abertamente no Mercado Livre, site de compra e venda na Internet.
E o resto? Tudo vai dar certo. As competições acontecerão na mais plena paz, os traficantes terão uma sorte de clientes muito maior e por isso ficarão quietinhos. A infra-estrutura montada fica, é verdade. Mas isso não garante o respeito que os atletas merecem. Eles devem ser lembrados depois de terminadas as competições.
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Enquanto isso, no Senado...

Parece que não estou mesmo conseguindo fugir do assunto nesses dias. É que é inevitável exemplificar hoje como me sinto com relação ao nosso nobre ex-senador da república, Joaquim Roriz. Na quarta-feira, dia 04, ele renunciou ao seu mandato apenas seis meses depois de assumí-lo. Tendo sido flagrado em escutas telefônicas da Polícia Federal, não tinha como escapar do processo que poderia tirar seus direitos políticos por vários anos. Para não correr esse risco, preferiu renunciar, mantendo a sua elegibilidade. Mas parece que crimes foram cometidos, espero que sejam investigados.

Temo que fique por aí. Não que ficar de fora dos "negócios" do senado não seja uma grande punição. No entanto, não consigo entender do que o ex-senador tem medo. No discurso que ele interpretou na semana passada, ele alegava ter apenas pedido um empréstimo a um amigo. Posso estar enganado, mas isso, se comprovado, não seria o suficiente para a dita "quebra do decoro parlamentar". Como bem diz minha mãe, quem não deve...
Realmente é para lamentar.

Enquanto isso, o presidente da casa e seus aliados continuam com manobras para evitar que o processo por quebra de decoro parlamentar siga adiante. O presidente é acusado de ter contas pessoais pagas por um "lobista", de uma grande construtora. Enquanto fica na cadeira da presidência e defende-se da forma que pode, apenas uma coisa está garantida: a imagem do Senado Federal nunca mais será a mesma. O povo pode até continuar a eleger pessoas desse tipo. No entanto, credibilidade o Senado Federal jamais terá como antes. Bom trabalho, senadores.

P.S. Não tem fotos de propósito, caro leitor. Não mais farei propaganda dessas pessoas.
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Obrigado!

Mais uma vez venho a esse espaço falar de política. Mas dessa vez, venho agradecer ao pessoal de Belém do Pará, pelo serviço prestado à todos os críticos da gestão pública pelo país afora. Ontem, o segurança Antônio Carlos Barbosa, 40 anos, deu entrada na UMS de Marambaia, Belém do Pará, com insuficiência respiratória. Sua agonia durou mais de duas horas, entre atendimentos e espera por remoção. Resultado: morte por infarto. Uma gravação foi veiculada pela imprensa, onde Antônio é mostrado recebendo oxigênio e mais nada. A família diz que os equipamentos necessários, como o desfibrilador, não estavam funcionando. A SESMA, secretaria municipal de saúde, diz que estavam. O médico diz que o paciente não poderia ser removido pelo risco de morte no transporte. O sindicato dos médicos (Sindisaúde) fazia naquela unidade uma manifestação pela melhoria de condições de atendimento. A SESMA diz que a unidade está aparelhada e com profissionais para atender às grandes necessidades da comunidade. Parece que cada grupo vive em um planeta diferente, de tanta divergência no que falam.
A crítica a ser feita é ao sistema de saúde DO PAÍS, não de um lugar. Nunca foi do interesse dos políticos que a saúde pública funcionasse, pois se isso acontecesse eles teriam que mudar o jeito de fazer política, deixando de lado a chantagem eleitoreira. "Se você votar em mim, ganha uma dentadura, se não votar não recebe água no período de secas." E isso é só um exemplo. Mas fica claro quando é na saúde, pois a consequência é imediata, a morte das pessoas. As duas únicas coisas que posso fazer, nesse momento de indignação, é dar meus pêsames para a família pela perda do ente querido. A outra? Nem posso dar os pêsames ao sistema de saúde, pois estaria atrasado. Esse já está morto tem muito, muito tempo. Por isso agradeço, mais uma vez, por mostrarem ao mundo o quanto os governos brasileiros são incompetentes no trato com a população. Mas isso é o que se mostra. Se fosse realmente incompetência ainda "estaria bom". Melhor passar por incompetente do que admitir que é para isso que o sistema de saúde foi pensado!
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Sobre política e políticos.

No auge da minha indignação com os podres poderes no Brasil, gostaria de escrever algo que mostrasse o que penso realmente sobre a política no Brasil. Mas acho que, infelizmente, não tenho capacidade de escrever algo para a situação. Enquanto os representantes dos podres poderes mostram as garras e fazem o que bem entendem, sem ser incomodados com a justiça, só posso mesmo concordar com Arnaldo Jabor, quando ele diz que antes existia respeito pela verdade, mesmo que os políticos mentissem. Hoje eles não têm respeito sequer pela mentira. Depois de tanto escândalo, só posso mesmo dedicar uma música para os políticos corruptos do Brasil (eu não escreveria nada melhor mesmo!). A letra está a seguir:

Vermes (Composição: Inocentes)

Rastejam os vermes pelas entranhas do poder
Contaminando por dentro fazendo apodrecer
Dentro dessa carcaça e vivem com a nobreza
Se alimentando da fome da pobreza e da incerteza

Eles falam como homens eles agem como homens
Até parecem homens podem te enganar
Mas se você prestar atenção se prestar atenção verá que são vermes
Vermes, vermes,vermes

Pilham e roubam enquanto fabricam leis
Só pra manter a esperança de quem nunca teve vez
Vermes insaciavéis sempre sugam mais e mais
Depois desfilam impunes pelas colunas sociais

Eles falam como homens eles agem como homens
Até parecem homens podem te enganar
Mas se você prestar atenção se prestar atenção verá que são vermes
Vermes, vermes, vermes
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Sexóloga faz estágio onde mesmo?

Nesta quarta-feira, a ministra do turismo declarou algo que repercutiu muito mal no lançamento do Plano Nacional do Turismo. Declarou que os turistas deveriam "relaxar e gozar", mesmo enfrentando filas enormes nos aeroportos, pois "esquece(riam) todos os transtornos depois". Tudo estaria muito bem se não fosse o fato de Marta Suplicy ser sexóloga e ministra do turismo, principalmente em um país em que há um grande índice de turismo sexual. E se a ministra não tivesse usado esse termo, talvez não tivesse tido tanta repercussão. Colocando uma sexóloga nesse cargo, acredito terem feito a coisa certa, então.
Por isso é que se diz que se deve ter cuidado com o que se fala. A impressão que passou foi de um desleixo total com os passageiros, que pagam muito caro para enfrentar congestionamentos aéreos e riscos (o acidente com o avião da GOL e as falhas do sistema aéreo ainda não foram explicadas). Se a ministra quiser realmente concorrer à pré-candidatura do Partido dos Trabalhadores para a presidência da república (eu não acredito, mas ela está no governo para ganhar visibilidade) deve ter um pouco mais de tato. Talvez refazer as aulas de etiqueta. Porque dessa forma só consegue chamar a atenção negativamente. E desse tipo de propaganda o Partido dos Trabalhadores não precisa. Anda apanhando como se fosse cachorro sem dono, e com razão. Faz por merecer.

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Aumento na saúde!

Não, não é na saúde, mas nos preços dos planos de saúde. A agência nacional da saúde estabeleceu no dia 08/06/2007 um novo aumento para os planos de saúde utilizados no Brasil, aqueles assinados a partir de 1999 (chamados de planos novos). O interessante a comentar é que o índice de aumento de 5,76% foi considerado uma vitória, pois ficou abaixo do esperado (aproximadamente 8%).

Considerando que a inflação no período foi de cerca de 3%, me pergunto: porque o aumento de todas essas contas sempre fica acima da inflação? Será que ninguém consegue ver que isso é incoerente? Se os gastos com os custos aumentam, como afirmam as empresas de planos de saúde, isso apenas significa uma queda na margem de lucros, nunca prejuízo. Se desse prejuízo, como qualquer empresa capitalista, iriam à falência.

Por isso me assusto quando uma entidade do governo, criada para regulamentar o setor e evitar abusos proporciona um aumento acima da inflação, afetando a todos nós, pobres coitados, que pagamos pela saúde privada. Somos hoje cerca de 45,6 milhões de pessoas (fonte: www.folhaonline.com.br, 08/06/07), isso em um universo de mais ou menos 189 milhões de pessoas no país (fonte: ibge.gov.br, 11/06/07)). Parece-me que uma grande gama da população, pouco mais de 24%, foi afetada pela decisão dessa agência, criada para defender a população, mas que defende muito bem as empresas do setor.

No mais, me preocupa muito a discussão em torno do aumento do preço desses serviços, assim como me preocupa a autonomia dos planos, determinando o que vão e o que não vão cobrir nos hospitais e prontos-socorros. Preocupa-me também saber que o restante da população, está fora dessa discussão, pelo simples fato de não ter plano de saúde, o que significa depender do governo para um atendimento, e isso que sinceramente não desejo para ninguém. Os governos (todos, em todos os níveis) deveriam ter vergonha de permitir que aumentos desse porte ocorram. Mas pensando bem, se eles não têm vergonha de permitir que a saúde no Brasil esteja mais para circo do que para hospital, vão ter vergonha do que? Só de roubar (e ser pego, é claro). Infelizmente, os palhaços aqui em baixo continuarão a pagar pelo atendimento particular de saúde, enquanto pagam (até mais caro) por um sistema de saúde público que ainda não saiu do papel. Pagamos impostos por algo que nunca vêm (sistema público de saúde de qualidade, entre outros) e temos de pagar de novo, só que agora para empresas particulares. Não existe escolha. Proponho que o governo abra mão de recolher impostos com esse fim (será que estou louco?). Eu preferia não pagar um plano, mas pagaria com prazer se fosse possível parar de pagar imposto com essa finalidade! Afinal, o dinheiro dos meus impostos só serve para encher cuecas e malas e pagar propinas mesmo. Saúde? Só rindo!

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Pense!

"Quem não raciocina é fanático, quem não sabe raciocinar é um imbecil e quem não ousa raciocinar é um escravo"
W. Brumon

Sobre o autor!

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Sou apenas um brasileiro, professor de Geografia, crítico da Política e das "politicalhas" que vejo todos os dias por aí. Sou um cara simpático com meus alunos e amigos, totalmente antipático com e que não acredita mais em política, que gosta muito de dar aula, principalmente pela liberdade de expressar minhas opiniões e discutí-las com os alunos. Gosto de viajar, gosto do bom e velho Rock'n'Roll. Gosto muito de Geografia e de estudar os "matos" desse país. Acho mesmo que nasci no país errado: prefiro campo a praia, vinho a cerveja, frio a calor, morenas a loiras, honestidade ao famoso "jeitinho brasileiro". Enfim isso tudo. Quem quiser saber mais pergunte para meus amigos e alunos.

Sobre o Blog!

Olá a todos.


Estamos caminhando por um mundo globalizado que não enxerga diferenças mais do que econômicas, por isso esse é um dos focos dos atuais estudos geográficos. Como amante, seguidor e professor dessa velha matéria, me sinto na responsabilidade de passar as idéias e atualidades desse contexto para os meus alunos e amigos, como quaisquer outros seguidores que vierem.

A visão é de uma pessoa que passou por diversas dificuldades e ainda passa, vivendo na periferia e tentando, a partir dela, criar certa resistência ao processo de desmonte da educação como um todo que acontece hoje no nosso país. Portanto, continuem se sentindo em casa, e não se esqueçam de comentar e dar suas opiniões sobre cada postagem. Como sempre, respondo aos comentários o mais breve possível.



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