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Números, ora bolas, os números!

Em época de preocupação com os números da concorrência acirrada entre os candidatos à presidência, outros passaram despercebidos. Os dados divulgados pela ONU, que constam no primeiro relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) sobre a América Latina e o Caribe. Talvez seja porque eles não são lá muito bons em época eleitoral.
De acordo com o estudo, o Brasil é hoje o terceiro pior lugar do mundo no ranking de desigualdade social. Na America Latina, somos menos piores apenas do que Haiti e Bolívia. Aliás é necessário aqui fazer uma ressalva ao excelente trabalho realizado pelo socialista Evo Morales, que sem o dinheiro do petróleo venezuelano conseguiu ultrapassar o Haiti e é hoje o país mais desigual do mundo, empatado com Madagascar e Camarões. Belo trabalho, bolivarianos.
Os dados até mostram que altos investimentos foram feitos nos últimos anos na questão social e que até houve algum progresso. Ainda assim o país não "está pronto" como afirma o molusco presidente do país, afinal gasto não sifnifica necessariamente resultado. E de acordo com o PNUD programas como o Bolsa-Família "conseguiram apenas aumentos modestos nos níveis de escolaridade" mas que "esses programas não conseguiram melhorar o nível de aprendizado das crianças". Ou seja, as crianças que estão na escola passam de ano mas não aprendem. GRANDE NOVIDADE.
O estudo mostra ainda que os níveis educacionais se repetem no país de geração em geração em mais da metade das famílias. Trocando em miúdos: os filhos, em 55% dos casos, não conseguem ter nível educacional maior do que seus pais. Não é coincidência que em 58% dos casos esses filhos não consigam viver em um nível de desigualdade menor do seus pais viveram. Vivemos então em uma sociedade em que filhos não se educam mais do que seus pais se educaram e não conseguem melhorar o nível de renda da família a um nível acima do que seus pais viveram. É quase uma sociedade de castas, como a Indiana, sem considerar o fato de que lá o motivo da separação das pessoas é religioso, não econômico.
Esses números não são novidade, apesar do estudo ser o primeiro feito especificamente para a região. Antes, o PNUD estudava o mundo todo e fazia essas comparações. Agora ele se tornou um pouco mais específico.
Fica aqui então a ressalva e o convite para que todos assistam ao programa eleitoral obrigatório, principal programa de humor que acomete nossa televisão e rádio de dois em dois anos. Vão mostrar um país excepcional, estados em que tudo funciona, municípios que serviriam de exemplo até para países desenvolvidos e políticos de alto gabarito. Não se esqueçam de anotar em algum lugar e deixar bem visível qual a colocação do Brasil no ranking da ONU: TERCEIRO PIOR LUGAR DO MUNDO EM DESIGUALDADE! Aí você só será enganado se quiser. Ou se tiver algum interesse nisso.
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Brasil: país educação.

Vou usar aqui como exemplo de educação um dos casos que mais repercutiu na mídia nacional nos últimos dias: o assassinato do músico Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães. Não é preciso dizer que grande parte da repercussão se deu por esse fato, se o atropelado não fosse uma pessoas famosa talvez não houvesse tanto"barulho". Mas isso não vem ao caso agora.
Cenário: Rio de Janeiro, túnel Zuzu Angel, que liga São Conrado à Gavea, zona sul. Com o túnel interditado para manutenção o músico e alguns amigos aproveitaram para andar de skate, por considerarem o local seguro. O que eles não contavam era que alguns amiguinhos, ao que parece brincando de pega-pega automotivo (leia-se racha, como é chamado em São Paulo a corrida entre carros feita de forma ilegal), entrariam no túnel interditado, sinalizado, por uma passagem proibida e colocariam suas vidas em risco. Não adianta o advogado do atropelador dizer que não dava para ser um racha pois os carros são muito diferentes em motorização. Basta ver os antecedentes na companhia de engenharia de tráfego desse pseudo piloto, com pelo menos cinco multas por excesso develocidade. Muito me admira esse tipo de gente (?): agora o que importa é que não era um racha e sim que os pobres-coitados fizeram o retorno proibido porque estavam com medinho de passar ao lado do morro. E daí se eles mataram uma pessoa nessa situação? Advogados assim me enojam.
Mas eu gostaria mesmo de chamar a atenção para outro fato: ao MATAR uma pessoa e ser abordado pela polícia, o que houve? Um acordo. Policiais acharam que 10 mil reais eram o sufuciente para que uma pessoa morresse sem socorro e um assassino escapasse do flagrante. Educação para que, não é mesmo? Aí o assassino e seu papai aceitaram pagar o suborno para FINGIR QUE NADA TINHA ACONTECIDO! O papai do assassino também mandou o carro bem cedo para a funilaria e exigiu urgência no trabalho de reparação, ou seja, destruição de evidências e obstrução do trabalho da polícia.
Trocando em miúdos: a família do assassino tem por hábito ENCOBRIR e SE RESPONSABILIZAR por todas as cagadas do seu filhotinho. Não importa o quão grande seja a burrada que ele fez, tudo fica certo com um pouquinho de cola, gritos, desrespeito e propina. São provavelmente daquele tipo de pais que brigavam com o professor quando o coitadinho do filho colava na prova e era pego em flagrante, ficando com zero de nota; brigavam com a escola quando o pobre-coitado era suspenso "apenas" por ter explodido o banheiro; entravam com processo na justiça contra os pais de outro aluno porque seu inocente filhinho jamais colocaria fogo no cabelo de alguém.
A péssima educação vem de péssimos exemplos. Não é à toa que vivemos em uma sociedade em que cada vez mais os jovens cometem crimes indescritíveis como matar os pais por herança ou atropelar alguém e fugir para se livrar da própria culpa. Esses jovens, a maioria da classe média alta e alta, estudaram em boas escolas e tiveram boa formação. O que não tiveram foi boa educação, pois seus pais não foram suficientemente homem / mulher para isso e não permitiram que alguém fizesse o serviço. O resultado? Um ser vivo que mata uma pessoa e só consegue pensar em uma coisa: COMO FAÇO PARA ME LIVRAR DISSO? Basta chamar o papai que ele resolve.
Infelizmente para eles a pessoa assassinada é conhecida e filho de uma atriz do principal canal de televisão do país. A mídia vai massacrá-los e exigir uma condenação, como no caso do jornalista Tim Lopes, assassinado no Rio de Janeiro também. Talvez, se os pais se dessesm conta de que dar educação aos filhos não é dar para eles tudo que eles querem, nem na hora, nem do jeito, nem com quem eles querem a história hoje fosse diferente e o músico ainda estivesse vivo. A vida atual exige que as pessoas se distanciem dos filhos por causa do trabalho, eu até entendo isso. Mas isso não é desculpa para que esses pais estimulem dentro de suas próprias casas a criação dos assassinos da nossa sociedade.
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Chuvas no Nordeste

Em meados de Junho fortes chuvas atingiram o nordeste do Brasil, provocando alagamentos, destruição e mortes. Mas ao contrário do que muitas pessoas andam falando, não, a culpa não é do aquecimento global.
O que aconteceu no nordeste brasileiro não é nenhuma novidade, fenômeno parecido ocorreu na mesmo região há cerca de dez anos passados, em 2000. Na ocasião foram registradas 55 mortes mas os estragos materiais foram menores.
Para aqueles um pouco mais familiarizados com geografia não é necessário explicar que o clima tropical brasileiro tem uma característica peculiar: apresenta metade do ano com chuvas regulares e metade do ano secas regulares. Mas no litoral acorre uma pequena variação disso. As massas de ar que causam chuvas no litoral brasileiro são, principalmente, a Tropical Atlântica (Ta) e a Polar Atlântica (Pa). No inverno Pa está mais forte e consegue chegar no litoral do nordeste, empurrando para esse local a influência de Ta. Quando se encontram chove por seis meses, regularmente, seguindo a tendência pricipal dos climas tropicais. Quando Pa perde força, no verão, Ta a empurra novamente para o sul e sudeste, provocando chuvas nessa região. Portanto costuma-se dizer que chovem seis meses por ano no clima tropical, exceto no litoral, em que chove seis meses no litoral do nordeste no inverno e seis meses no litoral do sudeste, no verão.
A diferença é que nesse ano choveu muito mais do que o esperado e essas chuvas se concentraram em poucas áreas, chovendo por cinco dias seguidos, o que causou a tragédia. O que se segue às chuvas é uma enxurrada, que carrega tudo o que estiver no caminho. Nesse caso, casas, comércios, lavouras, pessoas. É óbvio que um evento desses não poderia deixar de ser uma tragédia anunciada, pois as pessoas construíram suas vidas em planícies de inundação dos rios. Não adianta reclamar da natureza, pois essas áreas não chamam planícies de inundação à toa. Todas as vezes que o leito não tiver suporte para o volume de água essas áreas serão inundadas. Então porque as pessoas moram nesse lugar?
Por que o governo deixa é a única resposta. Todas as prefeituras do Brasil usam do expediente de deixar as pessoas invadirem áreas de preservação para aumentar o número de moradores, regularizar as áreas e assim poder cobrar impostos, aumentando a arrecadação do município. Tática velha, bem manjada, mas ainda em uso. Depois políticos se aproveitam para prometer em campanhas eleitorais que se forem eleitos não permitirão que as pessoas sejam retiradas das áreas invadidas. Resultado: o povo que não conhece leis e não quer perder os investimentos já feitos elege esse tipo de político, que mora bem longe do rio.
Não é a primeira vez que posto aqui esse tipo de tática usada no jogo político para manter o povo no cabresto eleitoral.E conhecendo a casta de políticos brasileiros e os eleitores do Brasil com certeza não será a última. Depois da tragédia, o povo deu um bom exemplo e mandou milhares de toneladas de roupas e alimentos para as vítimas. Os governos nos diversos níveis de administração fizeram discursos e liberaram verbas. O que me incomoda não é isso, já que são atitudes louváveis ajudar as pessoas atingidas.
O que incomoda é usar mais dinheiro para consertar do que para prevenir; criticar as ocupações ao invés de proibí-las; contabilizar mortos ao invés de atingidos; prender pessoas que deveriam ajudar (bombeiros) por roubar donativos. É deprimente.
Até a última contagem, 57 pessoas haviam morrido e cerca de 16 mil haviam sido atendidas nos hospitais de campanha das forças armadas, que mais uma vez dão excelente exemplo de organização e atitude frente situações adversas.
Que fique a lição para a reconstrução. As pessoas precisam de moradias e a infraestrutura deve ser reconstruída. Espero que as autoridades entendam que apesar de ter havido uma desgraça é necessário pensar e agir racionalmente. Ocupar ou permitir ocupação dessas áreas é permitir que moradores corram riscos desnecessários, inclusive de morte. Ou será que só pensam que 57 eleitores a menos não farão falta?
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A democracia passou longe...

Sempre me preocupei com a situação política do país, principalmente quando comecei a ter noção do quanto manipulados somos enquanto cidadãos e principalmente como eleitores. Mas acredito que posso dizer que o Brasil nunca esteve nas mãos de gente mais ordinária do que hoje. Posso vir a me arrepender do que vou escrever aqui, não por ter escrito mas porque as coisas sempre podem piorar.
Corrupção no Brasil não é novidade. Ela existe por aqui desde o dia em que o primeiro português aqui aportou e só não vou dizer que existia antes porque não estudei de verdade a história dos povos indígenas que aqui viviam antes da ocupação portuguesa. Nos reinados, governos provisórios e definitivos, períodos democráticos e de excessão ela sempre esteve lá, no centro do poder. A corrupção faz parte do Brasil assim como o coração faz parte do corpo humano e desempenha aqui função de igual importância: se for retirado o corpo morre.
Mas antes do partido dos trabalhadores chegar ao poder os políticos ainda tinham vergonha de nos roubar, faziam tudo às escondidas. Mas como a popularidade do Lula lhe permite desrespeitar as leis de todas as formas possíveis e imagináveis e, o que é mais interessante, zombar das leis e daqueles que tentam cumprí-las. Temos então a maior autoridade do poder executivo que não cumpre leis, desrespeita leis e zomba delas. Belo exemplo. O que fazem seus ministros, os deputados, senadores, governadores, prefeitos, vereadores e uma grande quantidade de servidores públicos? O mesmo. A partir do exemplo que vem de cima as leis no Brasil passaram a ser uma piada de mau gosto que ninguém precisa cumprir, pois o presidente não cumpre e não é punido.
Tomar o poder era necessário e como não foi à força (Dilma Roussef, conhecida como guerrilheira Dulce Maria que o diga) inventaram um partido político para isso. Depois de muita insistência o Lula se tornou o agente de transformação do país, o "Lulinha paz e amor". Fizeram tudo o que foi necessário para enganar os eleitores e chegar ao poder. Conseguiram.
Para um partido que se dizia democrático, diferente, o pt mostrou a que veio. Ao chegar ao poder colocou em funcionamento o plano de dominar politicamente o país e se perpetuar no poder, transformando o país em uma espécie de subsede de Moscou na América Latina. Como esse papel já cabia a Hugo Chávez, Lula se contentou em ser "o cara". Pôs em prática a cartilha comunista e seus planos de eternização no poder: não cumpriu as promessas de companha, pois elas nunca poderiam ser cumpridas; aumentou a distribuição de dinheiro no país, gastando pouquíssimo dinheiro com o Bolsa-família e bilhões para enriquecer mais e mais as elites econômicas do Brasil, como os donos de universidades particulares (prouni) e instituições financeiras, especialmente os bancos que nunca lucraram tanto; se dizia democrático enquanto se mantinha com apoio político dos coronéis que ele sempre criticou; manteve a política econômica de seu antecessor enquanto se dizia o inventor do sistema; fez a imagem de populista enquanto enchia os bolsos de seus partidários, banqueiros e industriais com o dinheiro público; se diz legalista mas só defendeu os fora-da-lei; comprou e silenciou todos os sindicatos e lideranças estudantis com muito dinheiro de impostos. Essa pessoa é uma vergonha. Seus comparsas são uma vergonha. Os que se beneficiaram de tanto roubo são uma vergonha. Os quase 80% da população que aprovam o seu governo são uma vergonha.
Lula impôs ao seu partido o candidato que ele quis. Não houve disputa interna, todos abaixaram a orelha para o novo coronel da política brasileira. E só fez isso porque uma parte da população e dos congressistas não aceitou a tentativa do seu partido de mudar a constituição para permitir que ele se candidatasse de novo. Dois anos atrás ele começou a companha política pela eleição para presidência da república, antecipando ilegalmente as discussões sobre sucessão. Várias vezes tentou mudar a lei para calar a imprensa na cobertura dos fatos, como no texto do Plano Nacional de Direitos Humanos. Como não conseguiu calar a imprensa livre, passou a gastar mais em propaganda do governo, chegando hoje a mais de 38 milhões de reais acima do limite previsto pela lei eleitoral. Sobe em palanques e faz campanha descarada pela ex-ministra Dilma Roussef e quando é multado zomba da justiça e do valor das multas. E continua a campanha, afinal já disse que o maior objetivo do seu governo é eleger a sua sucessora. Com tantos problemas na área social, sempre acreditei que as prioridades do governo deveriam ser a saúde, a educação, o emprego. Mas a meta desse governo é eleger o próximo.
Os oito anos de governo federal do pt são, sem sombra de dúvida, a maior mácula que esse país já sofreu na sua história. É a infeliz oportunidade que foi dada a uma quadrilha para tomar conta de um país e essa quadrilha fez de tudo e ainda fará muito para permanecer no poder. A podridão que seus membros representa me faz repensar a vergonha que há muito tempo declaro ter do Brasil. Tudo aquilo que o pt representa hoje me dá nojo de ser brasileiro como eles; me dá ânsia pensar que tais seres podem continuar administrando o dinheiro e as vidas das pessoas; me dá ainda mais vergonha do país pois o povo prefere continuar fingindo que não vê; me dá medo pensar que não existem partidos diferentes por aí, afinal são eles que decidem como vive e morre o brasileiro.
Não sei o resultado das urnas no final do ano. Nem sei se quero arriscar um palpite. O que sei é que, ao sair do governo, Lula levará consigo a pouca decência, a pouca vergonha e o pouco respeito que um dia os políticos desse país tiveram. E estarão enterradas junto com seu governo todas as tentativas de tornar esse um país digno para se viver. A história desse país acabou.
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E qual é a desculpa mesmo?

Não é nenhuma novidade que a educação de São Paulo não funciona. Posso aqui falar abertamente desse sistema educacional vigente, pois me formei em 1995 na escola pública e de lá para cá as coisas não melhoraram muito, pelo contrário, elas têm piorado. Hoje, como professor, vejo as consequências desse sistema educacional que foi feito, planejado para não funcionar. Não quero soar repetitivo, já falei disso antes. Mas o objetivo desse sistema é formar analfabetos funcionais pelo país inteiro, pois eles serão os eleitores desinformados de amanhã. E esse tipo de eleitor é muito mais fácil de escravizar.
Uma das grandes críticas que se faz ao sistema político brasileiro é o fato de que as administrações que se sucedem são de partidos diferentes e que tudo começa do zero, pois um partido não continua a obra do outro para não fazer propaganda para ele. Mudam-se nomes das obras e projetos, secretários e ministros para enganar o povo e dizer que aquilo é uma coisa nova, mesmo não sendo.
Pois bem, se o grande problema do Brasil é a sequência política para que medidas implementadas não sejam paradas na metade da execução, o que dizer da educação estadual em São Paulo? Desde que me formei, apenas governadores de um mesmo partido governaram o estado: Mario Covas (de 1995 a 2001, quando morreu); Geraldo Alckmin (2001 a 2006); e José Serra, de 2007 até abril de 2010, sendo substituído por seu vice, Alberto Goldman, também do PSDB, para que Serra concorra à presidência da República.
A desculpa da descontinuidade não existe em São Paulo. E se considerarmos que antes de Covas tivemos Fleury e Orestes Quércia (PMDB, hoje base de apoio ao PSDB em São Paulo) e Franco Montoro (PMDB, depois fundador do PSDB) teremos então uma sequência de pelo menos 27 anos com um mesmo tipo de pensamento administrativo no estado. E a educação não melhorou em nada.
Nas propagandas políticas desse ano veremos o candidato José Serra falar das mudanças na educação, da introdução de mais um professor na sala de aula do Ensino Fundamental I, do programa de recompensas das escolas e professores por desempenho, entre outras coisas. Não leciono no estado, não posso dizer que vivo esse processo de perto. Mas a grande maioria dos professores que conheço e não conheço criticam enormemente esses programas, especialmente a Progressão Continuada, em que o aluno é aprovado por presença na escola, não importando o nível de conhecimento adquirido e rendimento escolar, e as bonificações por aprovação, que fazem com que os alunos sejam aprovados mesmo sem conhecimento pois a sua reprovação faz com que professores e escolas percam dinheiro. Somados, esses dois programas erradicaram quase por completo as chances dos alunos aprenderem algo na escola. Por isso o nível escolar diminui e as escolas formam cada vez mais analfabetos funcionais. Se não fosse a determinação de muitos professores altamente capacitados que insistem em lecionar no estado as escola pública sequer abririam as portas.
Outra consequencia, essa menos falada, é que muitos dos alunos formados nesse sistema hoje são pais de alunos completamente despreparados para cobrar das autoridades escolares aquilo que nem eles mesmos tiveram na escola. Não sabem o que cobrar da escola, dos professores, dos deputados, do governador. Não estão preparados para as discussões políticas, portanto não estão aptos a duvidar do sistema.
Alguns desses ex-alunos conseguem ascensão social e conseguem pagar escolas particulares para dar aos filhos a educação formal que não tiveram. Isso até é louvável, mas uma parte desses pais se soma a outros, oriundos de escolas particulares, que também estão despreparados para as discussões políticas e escolares. Vêem tudo pela ótica econômica do capitalismo, onde o fiho é cliente, não aluno, e a escola é investimento econômico resgatável em um ano, ou seja, não importa quanto o filho aprendeu, mas se ele passou de ano. Como muitas escolas particulares aceitam esse jogo e vendem diplomas, o nível educacional das escolas particulares também vêm caindo.
Em suma, praticamente todo o sistema educacional de São Paulo está viciado em formar analfabetos funcionais. Poucas são as ilhas de excelência que resistem a esse mar de sujeira que está imposto aos alunos de escolas que não ensinam, onde alunos não aprendem e se tornam cidadãos (será que se tornam?) muito menos informados de seus direitos e com menores chances no mercado de trabalho por sua pouca qualificação. Basicamente esta é a plataforma eleitoral defendida por José Serra e o PSDB para a educação nas próximas eleições à presidência da República, em 2010.
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"Quem não raciocina é fanático, quem não sabe raciocinar é um imbecil e quem não ousa raciocinar é um escravo"
W. Brumon

Sobre o autor!

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Sou apenas um brasileiro, professor de Geografia, crítico da Política e das "politicalhas" que vejo todos os dias por aí. Sou um cara simpático com meus alunos e amigos, totalmente antipático com e que não acredita mais em política, que gosta muito de dar aula, principalmente pela liberdade de expressar minhas opiniões e discutí-las com os alunos. Gosto de viajar, gosto do bom e velho Rock'n'Roll. Gosto muito de Geografia e de estudar os "matos" desse país. Acho mesmo que nasci no país errado: prefiro campo a praia, vinho a cerveja, frio a calor, morenas a loiras, honestidade ao famoso "jeitinho brasileiro". Enfim isso tudo. Quem quiser saber mais pergunte para meus amigos e alunos.

Sobre o Blog!

Olá a todos.


Estamos caminhando por um mundo globalizado que não enxerga diferenças mais do que econômicas, por isso esse é um dos focos dos atuais estudos geográficos. Como amante, seguidor e professor dessa velha matéria, me sinto na responsabilidade de passar as idéias e atualidades desse contexto para os meus alunos e amigos, como quaisquer outros seguidores que vierem.

A visão é de uma pessoa que passou por diversas dificuldades e ainda passa, vivendo na periferia e tentando, a partir dela, criar certa resistência ao processo de desmonte da educação como um todo que acontece hoje no nosso país. Portanto, continuem se sentindo em casa, e não se esqueçam de comentar e dar suas opiniões sobre cada postagem. Como sempre, respondo aos comentários o mais breve possível.



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