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Curtas! do fim de 2008.

Mais um final de ano e mais uma postagem, a última desse 2008. Nos últimos meses tudo ficou muito corrido e foram poucas postagens. Espero por a casa em ordem agora. Para terminar o ano, mais uma sessão "Curtas!". Mas por favor, apesar de parecer isso não é uma retrospectiva, não tenho o hábito de fazê-la. Mas vamos sim lembrar porque o ano de 2008 ficará lembrado na história da humanidade.

Os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos

Artigo XXV

Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.

Se você também ve alguma discrepância entre o texto e a imagem, entende que não há muito a se comemorar nesses 60 anos de descaso com a população pobre do mundo, em especial a Africana.

Os 20 anos da Constituição Brasileira

Da mesma forma que no tópico anterior, nesse dou um exemplo de falta de respeito à própria constituição, que foi escrita em 1988 e ainda espera por alguma consciência popular ou algum ditador que faça com que ela saia do papel:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.

Esse é só um exemplo, a constituição é bem grandinha e poderíamos passar anos discutindo o seu descumprimento.

Satiagraha

Essa operação da Polícia Federal mostrou ao país a realidade sobre o poder judiciário, que manda soltar acusados de crimes que tenham dinheiro enquanto acusados pobres apodrecem sem julgamento. Além disso, mostrou como funcionam os favorecimentos, os favores, o "uma mão lava a outra". E mostrou também que o governo, acuado, teve de parar com as investigações antes que chegassem aos veradeiros chefões. Invalindam-se provas, acusa-se os policiais da investigação. Tudo comprovando o que as investigações mostraram: um grande esquema de corrupção está montado e funcionando e chegar perto demais pode ser perigoso. Mas a aprovação popular do Lula supera tudo isso, não?

Eleições
Nos EUA, as eleições mais concorridas de todos os tempos, creio eu. A novidade é que o candidato democrata Barack Hussein Obama Jr. foi eleito. Nada de mais se não fosse ele um negro no segundo país mais racista da história da humanidade (ninguém supera a África do Sul, onde o racismo era lei - Apartheid). Tornou-se uma obsseção a sua eleição e, pleito concluído, formou-se uma aura de slavador das pátrias do mundo em torno dessa pessoa tão pouco conhecida no começo do ano. Depois de comemorações que não entendi, como de brasileiros, pela eleição de Obama, espera-se que ele faça um grande governo, do que eu não duvido. Mas vale lembrar que esse grande governo será para os EUA e seus compatriotas. E ninguém mais.

No Brasil, tivemos eleições municipais. Como algumas coisas nunca mudam e outras podem piorar, pt, psdb e pmdb continuam sendo os partidos com maior número de prefeituras. Ainda se mostra evidente que os dois primeiros irão disputar a presidência em 2010, com alguma vantagem para os tucanos. Isso porque apesar de sua elevada popularidade, ao que parece o atual presidente não consegue engatar (no bom sentido) um candidato. Se me pedissem para prever o futuro político do Brasil hoje eu diria que entraremos em um ano de grandes realizações pela metade e de muitas coisas certas feitas do jeito errado. Afinal esse é o jeito do partido dos trombadinhas administrar o país.

Ditadores
Esse foi um ano incrível na política internacional, em diversos aspectos. Mas um ficará marcado: a renúncia de Fidel Castro à ditadura do maior museu a céu aberto da história da humanidade, ou seja, Cuba. Depois de quarenta e nove anos sem sair de cima, o líder passou o bastão ao seu irmão, Raúl Castro. Seu maior medo é que agora ele tem de lutar para segurar a onda de aberturas que Raúl está promovendo. Agora, pasmem, os Cubanos podem comprar eletrodomésticos. Já imaginou que maravilha poder ter um liquidificador em casa? E um computador então? Que maravilha. Quem sabe juntando o salário de funcionário público uns vinte anos, sem comer, beber ou fazer filhos os cubanos possam comprar um computador. Ter acesso à internet já é outra história. É liberdade demais.
Mas nem só de Fidel vivemos quando falamos de ditadores. Na África tivemos um caso interessante também. No Zimbábue, o ditador Roberto Mugabe perdeu o primeiro turno das eleições. Foi para o segundo turno contra Morgan Tsvangirai, que se retirou do pleito uma semana antes da votação. Motivo? Os seus eleitores estavam tendo as mãos decepadas para não votar no segundo turno. Mugabe foi "reeleito" e a comunidade internacional fingiu que não viu. Mas tudo bem, são só africanos mesmo!

Crises da América Latina

Esse ano foi marcado por vários desentendimentos entre os países da América Latina. É o Equador que briga com o Peru e não paga dívida com o Brasil, é a Bolívia que toma refinarias brasileiras (com ajuda da Venezuela), exige pagamentos três vezes maiores pelo gás e pára de cumprir contratos de fornecimento de gás para o Brasil e a Argentina, é o presidente Paraguaio que exige que o Brasil pague mais pela eletricidade de Itaipú. Deu para reparar que só o Brasil tomou no r@#$ nessa, né? Deve ser por isso que o Lula é um excelente presidente. Para os povos dos outros páises, com certeza. Já para o nosso...

Olimpíadas e Tibete

O mundo se surpreendeu com as Olimpíadas de Pequim, China. Pela organização, pelas festas de abertura e encerramento, pelo seu resultado no quadro de medalhas (1º lugar). Mas também houve quem aproveitasse e quisesse aparecer. Em vários lugares do mundo, partidários da independência do Tibete tentaram (e várias vezes conseguiram) apagar a tocha olímpica. Em resposta, um esquema de segurança nunca visto para a passagem da tocha em alguns lugares, em outros a passagem foi cancelada. Agora, os "ativistas" estão em casa tomando o seu iogurte, nos EUA ou na França enquanto os Tibetanos estão sob controle dos chineses e, o mais importante, com controle total da imprensa local. Se acontecer alguma retaliação agora ninguém ficará sabendo. Mas são só alguns tibetanos, quem se importa não é mesmo?

Terremotos

Dois terremotos marcaram o ano de 2008. Um na província de Sichuan, oeste da China. Atingiu 7,8 na escala Richter e matou, segundo dados oficiais, quase 70 mil pessoas. No país com a maior população absoluta da Terra no geral, qualquer terremoto é desastroso. Mas esse atingiu uma área densamente povoada e vários prédios ruíram. O resultado só podia ser esse: tragédia.
Já no Brasil, um inesperado terremoto atingiu a Grande São Paulo, atingindo 5,2 na escala Richter. Em muitos lugares foi sentido, mas nenhum grande estrago foi relacionado à ele. Isso porque o seu epicentro foi no Oceano Atlântico, a 215 km da costa brasileira. Com a quase inexistência de tremores nessa escala no Brasil, pode-se dizer que se ele ocorresse no nosso território o estrago seria grande. Bem grande.

Guerras e distúrbios à paz

Esse ano foi marcado por tragédias causadas pelos seres humanos. Enquanto as Olimpíadas começavam, começava também uma guerra, na Geórgia. Além da Geórgia enfrentando os Russos na Ossétia, tivemos também o ataque dos Mujahedin do Deccan, na Índia. Três alvos, dois hotéis e o Centro Judaico. Resultado: 172 mortos. Em Atenas, um policial matou um estudante, o que desencadeou um processo de revolta e todo tipo de manifestações contra o governo. Esse é um processo que está ainda longe de acabar.

Sapatada no Bush
Mais uma para o governo "histórico" do Bush. Na última visita ao Iraque, um jornalista fez duas das mais graves ofensas a uma pessoa, de acordo com o religião muçulmana: atirou-lhe um sapato e o chamou de cachorro. Algumas coisas são notáveis nesse acontecimento: a pontaria do repórter é coisa de louco, ele deve ter treinado bastante. A boa forma do Bush é invejável, afinal ele não chegou nem perto de tomar uma sapatada. Nas próximas coletivas de presidentes dos EUA sapatos serão proibidos. E para o repórter, alguns ossos quebrados e alguns anos de cadeia. Além, é claro, da simpatia de metade dos habitantes do planeta (estou chutando baixo, hein?).

Israel x Hamas

Complicado. Para terminar o ano bem e começar o próximo melhor ainda, Israel resolveu ir à forra dos mísseis palestinos que já mataram quatro pessoas em território israelense. Até agora a contagem já está perto dos quatrocentos mortos no quinto dia de conflitos, no lado palestino da coisa. E israel acaba de afirmar que está somente na primeira fase da operação e já convocou mais 6500 reservistas para integrarem-se ao exército, reforçando ainda mais a possibilidade de uma invasão por terra acontecer.
As grandes nações do mundo já se pronunciaram: EUA e Alemanha dizem que Israel tem o direito à retaliação enquanto caírem mísseis palestinos em seu território. A França polidamente pediu um cessar fogo humanitário de 48 horas, recusado por Israel. Todos dizem querer a paz, principalmente os israelenses. Mas pelos seus atos, eles mostram que só entendem a paz da mesma forma que Hutus e Tutsis a discutem em Ruanda: o genocídio (dos palestinos, é claro). E seguem atacando com a sutileza de um rinoceronte em uma loja de cristais, matando tudo o que passar na frente dos mísseis.

Para que paz?
Bom 2009 a todos. (Isso se for possível)

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Tragédia em Santa Catarina.

Muitas vezes fenômenos naturais acontecem onde e quando a gente menos espera. Santa Catarina por exemplo, não estava preparada para toda essa tragédia. Mas afinal o que aconteceu em Santa Catarina?
Fenômenos atmosféricos não podem ser previstos com precisão. Pode-se acompanhá-los, monitorá-los e mitigar seus estragos, mas não se pode fazer previsões muito confiáveis para mais de uma semana. E até por isso não se pôde prever exatamente o tamanho dos estragos causados.
Grandes quantidades de ar quente e úmido, provenientes do oceano, carregaram muita água para o continente e, por elevação, provocaram as chuvas. Todo o processo é natural da região, no entanto a quantidade de chuvas foi tão intensa que provocou vários escorregamentos de massa, que consequentemente provocam muitas mortes.
No entanto não podemos culpar o aquecimento global por mais essa. Super-especialistas vêm a público (afinal não podem perder a chance) para culpar o aquecimento global por esses fenômenos. O que me incomoda é o tratamento dado para esse tal de aquecimento global, estou até vendo a hora em que o Jô Soares vai anunciar entrevista exclusiva com ele. Já imaginaram? A verdade é bem mais simples e de tão óbvia dói: culpa-se algo que não falar, não pode se defender nem se pode provar. Tudo isso para disfarçar os culpados reais, aqueles que ocupam cargos nas prefeituras de todos os municípios desse Brasil. É mais ou menos como a "Guerra contra o Terror" dos EUA, que lhes dá a liberdade de agir e matar em qualquer lugar, assim como invadir qualquer país. Não se pode dar trégua ao "terror".
Da mesma forma, culpa-se o aquecimento global para que os verdadeiros culpados não se responsabilizem pela ocupação ilegal e em áreas de risco. Enquanto o culpado for um fenômeno natural, acentuado pelas ações humanas, que os governantes não podem eliminar sem a ajuda maciça do povão e que trará consequências para a humanidade só daqui a cem anos, tudo bem. O que não se pode é questionar, por exemplo, porque as moradias são construídas nas planícies de inundação dos rios (atenção ao nome: PLANÍCIES DE INUNDAÇÃO!) ou nos morros com inclinação muito maior do que o aceitável. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT) condenou 60% das áreas vistoriadas em Santa Catarina, alegando falta de segurança. Essas áreas não deveriam ter sido ocupadas e provavelmente não serão liberadas oficialmente. Mas duvido que não sejam ocupadas novamente.
Então ao invés de discutir os problemas reais e imediatos, vamos nos concentrar num futuro longínquo e duvidoso. E esquecer que certos problemas são sim causados pelo homem e sua ganância por votos e dinheiro, que libera áreas que não deveriam ser ocupadas para depois regularizá-las e aumentar a arrecadação de impostos. Sem contar o bônus eleitoral do "Eu regularizei a vila de num-sei-o-que e melhorei a vida dessa população", aquele mesmo discurso demogógico que privilegia o hoje e as vantagens de se estar no poder em um país de anaflabetos políticos. Por isso pergunto: quem devemos cobrar? O aquecimento global ou o mandatário que desvia milhões? Um fenômeno climático ou o presidente que até hoje não mandou o dinheiro que prometeu para as regiões afetadas?
Eventos como esse sempre aconteceram na face da Terra e os chamamos de tragédia quando atinge pessoas. E foi exatamente o que aconteceu por lá. Numa época de extremismos sei que não podemos virar as costas aos atingidos. Mas não podemos nos esquecer das nossas responsabilidades e nos esconder atrás de fantasmas. Combatamos primeiro os inimigos reais. Deixemos os moinhos de vento para depois, e só se tivermos tempo.
Aliás, uma salva de palmas ao povo brasileiro que se mobilizou e ajudou enormemente no que pôde, exceto aqueles que se mobilizaram para roubar casas e saquear lojas sem necessidade (até isso!). Todos os que ajudaram nessas semanas de angústia, dor e sofrimento estão de parabéns, aos atingidos todos os bons sentimentos de melhora. E que fique a lição: a preparação para esses eventos custa caro. No entanto, dinheiro há. O que se faz no Brasil com o dinheiro arrecadado com impostos e que deveria servir para resolver problemas como a habitação num lugar como aquele? É desviado, roubado e enche cuecas pelo Brasil afora. E quem desviou o dinheiro? Com certeza foi o aquecimento global.
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Entre abutres e hienas.

Amanhã, dia 24/11/2008, faz um mês que a polícia encerrou o inquérito sobre o caso Eloá, a menina que foi mantida por mais de cem horas refém do ex-namorado na sua própria casa, em Santo andré, Grande São Paulo. Entre várias facetas apresentadas sobre o crime e o desfecho trágico, uma coisa me chamou a atenção e até resolvi esperar um pouco para escrever para analisar as coisas com um pouco mais de calma. Vamos lá.
No dia 13 de outubro, Lindemberg Fernandes Alves invade o apartamento e faz quatro reféns. Não demora muito para libertar dois rapazes e fica com a ex-namorada e uma amiga dela. Segue-se a isso uma tensa negociação, com alguns erros e acertos da polícia. A libertação da amiga Nayara foi estratégica, uma troca para que o sequestrador voltasse a ter luz elétrica na casa. Depois de atirar para fora do apartamento ele suspende as negociações. No dia 15, uma das coisas mais absurdas que já vi: enquanto a polícia tentava negociar com o sequestrador, ele dava entrevista ao vivo para uma carniceira de primeira, uma tal de Sônia Abrão da Rede TV, que transformou o sequestrador em celebridade.
No dia seguinte, o absurdo dos absurdos: a refém libertada volta ao apartamento e ao domínio do sequestrador. A polícia ao invés de retirar do sequestrador garantias, dá mais garantias para ele. No dia 17 acaba o cárcere, com a invasão da casa pelo GATE e a prisão do sequestrador. Mas ele teve tempo de atirar nas duas reféns, o que levou à morte a ex-namorada, Eloá.
Esse é um caso permeado de erros. Não se pode dizer que a polícia agiu corretamente, pois a invasão se deu por causa de um tiro (alegação da polícia), que a testemunha principal, Nayara, diz que não ocorreu. Mas algum barulho similar foi relatado por políciais e moradores do local. Mas o erro para mim está mais para a sociedade como um todo do que outra coisa. E o principal veículo para isso é a imprensa.
Como foi demonstrado na cobertura pseudo-jornalística do caso, o resultado só podia ser trágico. Afinal de contas, venderia muito menos se as reféns sobrevivessem e se o sequestrador se entregasse. A graça da imprensa é a desgraça alheia. Pela cobertura, qualquer coisa que a polícia tentasse, o sequestrador saberia antes. Não havia elemento-surpresa, afinal a transmissão ao vivo gera mais audiência. E se a polícia tivesse aproveitado as oportunidades que teve para matar o sequestrador, as imagens seriam utilizadas para massacrar a corporação, que diga-se de passagem é paga para defender o cidadão (no caso, as meninas) contra o infrator.
Depois da morte da estudante, as repercussões ainda duraram pelo menos duas semanas, com consultas a especialistas e advogados. Tudo para o deleite de um espectador que sempre pensa, ainda que inconscientemente nesses casos "eu tô fudido, mas aquele lá tá mais que eu" e para alegria das redes de televisão, pela audiência atingida. A vida da refém era mais uma das mercadorias que os jornais e TVs vendem. O problema é que a morte vende mais. Por isso os abutres e hienas ficam rondando a morte, mas não a morte do bandido, o que já é normal. É necessário que a vítima seja inocente, que seja jovem, que tenha amigos e fotos no ORKUT para mostrar em reportagens e mais reportagens. Quanto maior a perda da família, maiores as vendas. E que se dane o resto.
Agora a imprensa já deixou o caso de lado, outros já aconteceram. As grandes redes já acharam a quem culpar, a polícia, claro. Não podem em momento algum assumir que foram os reais legitimadores da ação do bandido, protegendo-o, dando-lhe informações e fazendo dele uma estrela. Tem de tirar de seus próprios ombros o peso do cadáver, mas quem se importa? Basta esperar a próxima vítima. Como disse a tal da Sônia Abrão, ela "não fez nada além do seu trabalho".
Hoje todos esses ninhos de carniceiros choram a perda de audiência provocada pela falta de trajédias que chamem a atenção do público. Mas no fim, só se vende merda para quem compra merda. E a sociedade continua chorando a morte de mais uma vítima que ela própria fez (assistindo à cobertura) enquanto paga o jantar do assassino. Essas pessoas têm de entender que de vez em quando é necessário matar o bandido para salvar o inocente. E é necessário culpar a quem tem culpa, como os carniceiros que vivem da morte e desgraça alheia, vendendo jornais e ocupando horas nas TVs. E de desgraça em desgraça se fará um país cada vez pior.
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Enfim...FUVEST!

Bom, é chegada a hora. Para muitos estudantes esse é o dia mais importante do ano, afinal de contas o vestibular mais esperado, a FUVEST ocorre hoje. Muito se fala a respeito dos vestibulares em todo o país serem formas injustas de selecionar candidatos às melhores universidades, mas sou obrigado a admitir que ainda não inventaram sistema melhor. E a prova da FUVEST vem demonstrando interesse em mudar essa realidade, constantemente mudando a prova.
Quando eu prestei esse vestibular, a primeira fase consistia de duas provas, que ocorriam com intervalo de duas semanas, com 160 questões e quatro horas para cada uma delas. A prova de hoje terá 90 questões, sendo que até 10% dela poderá ser de questões interdisciplinares, com um total de cinco horas para resolução (mínimo de três horas). A interdisciplinaridade vem para tentar diminuir o número de pessoas que passam pela prova de vestibular apenas pela "decoreba", pelas musiquinhas que os professores de cursinho ensinavam. Hoje isso já não vale tanto, os candidatos têm obrigatoriamente que pensar.
E pensar em um ambiente hostil, em que cada um que está na sala pode ser um concorrente direto a uma vaga. Tem gente que faz piquenique na sala, outros fazem barulho. Pode não ser por querer, mas acaba atrapalhando os outros concorrentes. Por isso as provas de vestibular servem também como uma forma das pessoas aprenderem a se controlar, convivendo em sociedade e não estrangulando o chato que está do seu lado. Vale como treino de paciência também.
Bom, trabalhamos o ano todo para que esse dia fosse o mais perfeito possível. Todas as horas de estudo dos alunos, assim como aquelas gastas pelos professores na preparação das aulas são para hoje. Sei que há outros vestibulares importantes, como a Unicamp, que ocorreu a semana passada e outros que ainda virão, como a Unesp, mas o foco da grande maioria dos meus alunos da Grande São Paulo é mesmo a FUVEST. E olha que não são poucos. Para todos eles e os outros que concorrerão, repito o que disse ontem para alguns dos meus alunos em Guarulhos: duas coisas tiram o candidato da disputa, a falta de confiança em si mesmo e o cansaço. É claro que se chegar e o portão estiver fechado isso também ocorre.
Portanto, boa prova a todos (meus alunos sabem que nunca desejo boa sorte), que tudo corra bem e que possamos comemorar no dia 15 de dezembro, quando é divulgada a primeira chamada para a segunda fase. Espero a todos na Cidade Universitária, mesmo que não sejamos bem-vindos por lá. Mas isso aí já é motivo para outras postagens.
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Eleições: novidade (quase) nenhuma

Terminadas as eleições municipais posso voltar a falar de política. Tenho o hábito de gostar de falar de política, mas depois das eleições, pois soa menos falso. Apenas para reiterar que mais ou menos previ que iriam para o segundo turno das eleições Marta Suplicy (PT-SP) e Gilberto Kassab (DEM-SP). Foi uma eleição no mínimo surpreendente, afinal o candidato vencedor era o terceiro na disputa eleitoral no início do pleito. E a candidata derrotada no segundo turno tinha altos índices nas pesquisas, que não se confirmaram em nenhum dos turnos. Ao que parece, fez valer o seu índice de rejeição, o maior entre os candidatos à prefeitura de São Paulo.
Mas outras coisas podem ser retiradas dessa eleição: na cidade de São Paulo, o PT foi novamente derrotado (as duas com a Marta), sendo que em uma delas controlava a máquina da prefeitura, seus vínculos, contratos e dinheiro. E agora foi derrotada por um político desconhecido do grande público, o que faz com que a posição do partido fique ainda mais instável por aqui. No resto do país a história é bem diferente.
Para o Democratas essa foi uma grande vitória, aliás a única vitória, uma vez que esta é a única prefeitura que controla no país. Mas o mais importante foi a vitória indireta do governador do estado de São Paulo, José Serra, "padrinho político" de Kassab. A posição de Serra se fortalece com a eleição de seu sucessor, numa proporção inversa ao declínio do PT. E como a disputa interna do PSDB promete ser tão intensa quanto as prévias do partido democrata nos EUA (Obama x Hillary), essa eleição pode ser um peso na balança a favor de Serra e contra Aécio Neves (PSDB- MG).
O jogo do poder está novamente mexido, com diferenciais interessantes. E o que está em risco, para mim, não é a disputa presidencial e sim quem será o candidato do PSDB, provável futuro presidente da república. A marca eleitoral mais forte que fica é uma tendência que, espero, se confirme: em muitos lugares o Lula não transfere votos. De novo ficamos entre a cruz e a espada e sou obrigado a dizer que entre o PSDB e o PT o Brasil e seu povo mereciam coisa melhor. Muito melhor.
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Momento 'Bobagens'

Não é novidade nenhuma que o nosso presidente é afoito para falar. E falar bobagens é com ele mesmo, principalmente nos discursos de improviso. Também não é novidade para meus leitores, afinal já comentei isso aqui antes. Mas ultimamente ele tem conseguido se superar, não só por falar bobagens cada vez maiores como por conseguir manter a população achando que ele é o máximo. Bom, como diz o ditado, cada povo tem o rei e a rainha que merece. Nós temos o Lula e a Xuxa, fazer o que?
No começo do mês de setembro, por exemplo, ele falou a respeito do projeto do Ministério da Saúde de vetar o uso de cigarros em alguns lugares. Perguntado se apoiava a idéia, fumando uma cigarrilha ele afirmou "Eu defendo, na verdade, o uso do fumo em qualquer lugar. Só fuma quem é viciado". Claro que para as políticas públicas de diminuição do fumo no Brasil, isso caiu como uma bomba. Foi falta de tato. Não percebeu ainda que quando fala como presidente da república é como se fosse o governo federal estimulando o uso do cigarro em qualquer lugar. Não percebeu, ainda que se tenha passado 6 anos, que o Lula (pessoa) só existe quando o Lula (presidente) sai do trabalho (?) e chega em casa. Lá ele pode falar o que quiser para quem ele quiser, como quiser, sem problemas e sem estimular o consumo, que aumenta também os gastos do governo com tratamentos específicos. Boa, Lula.
Também criticou a seleção brasileira de futebol, dizendo que a seleção está numa entressafra de jogadores e disse que falta garra. Para isso usou um Argentino na comparação aos brasileiros. Nessa provou que é "muito esperto", o que lhe valeu severa reprovação do goleiro Júlio César, que disse que "como cidadão brasileiro, e principalmente por ter votado nele, eu fiquei muito chateado. Então vai morar na Argentina. Renuncia à presidência e talvez o Brasil melhore em alguma coisa."
Sobre a crise na Bolívia, afirmou estar de acordo com a expulsão do embaixador norte-americano, pois supostamente este estava fazendo reuniões com a oposição a Evo. Não que eu esteja defendendo os EUA, mas qual o mal dessa reunião? Não é socialista o suficiente? Tenho certeza que faria mais efeito aparecer sem ser esperado e participar da reunião de qualquer forma, já que era para usar a força. E o que Lula disse? "Se for verdade que o embaixador dos EUA fazia reunião com a oposição do Evo Morales, o Evo está correto de mandá-lo embora. " Quer dizer, ele nem mesmo sabe o que está acontecendo e ainda assim está metendo o bedelho onde não foi chamado (e não foi chamado mesmo).
Para terminar, uma de hoje. Lula disse em discurso nesse sábado que Marta é vítima de preconceito na cidade de São Paulo. Como o pt está tomando uma surra na disputa eleitoral em São Paulo de um candidato que aparecia em terceiro lugar (e muito atrás nas pesquisas) antes das eleições, partiu para a apelação. Insinuou em propaganda que Kassab esconde alguma coisa. Devem mesmo ter insinuado que ele é homossexual, como entendeu o Comitê LGBT Marta Prefeita, que soltou nota na última segunda pela manhã dizendo que "esse tipo de linha de campanha é ERRADO e INACEITÁVEL, por várias razões" e que "Neste sentido, o Comitê LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) solicita com veemência à coordenação geral da campanha que retire IMEDIATAMENTE esses questionamentos preconceitusos do ar, inclusive do sítio eletrônico da campanha. Até que isso ocorra, estamos suspendendo todas nossas atividades de campanha, pois não concordamos em absoluto com a linha adotada neste momento". E o que o Lula disse? "Agora ela (a Marta) é acusada de preconceituosa? Eu ainda vou criar o dia da hipocrisia neste país." Hipocrisia para mim é pouco. Aproveita e cria o dia do mensalão também, afinal, que obra...E eu, pobre professor, fecho meu caso. VOLTA PARA O FUNDO DO MAR, LULA MOLUSCO!
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Jabor e o Brasil, Eça de Queiroz e as Farpas.

Acabo de ler o livro "Pornopolítica", de Arnaldo Jabor, em que ele relata, como ele próprio diz, as paixões e taras na vida brasileira. Como crítico que é, faz várias considerações e citações interessantes. Obviamente, não concordo com tudo que ele escreve. Afinal, sou um crítico até de mim mesmo, porque não o seria dos outros? Mas me chamou a atenção uma citação das Farpas, de Eça de Queiroz (obra que, admito, eu não conhecia). Na internet, achei a obra e li vários trechos. Assim como Jabor, coloco aqui parte da obra, por ser uma crítica ácida e por achar que ela se adequa mesmo ao Brasil.

"Aproxima-te um pouco de nós, e vê. O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caráteres corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência. Não há príncipio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima abaixo! O tédio invadiu todas as almas. A mocidade arrasta-se envelhecida das mesas das secretárias para as mesas dos cafés. A ruína econômica cresce, cresce, cresce. As quebras sucedem-se. O pequeno comércio definha. A indústria enfraquece. A sorte dos operários é lamentável. O salário diminui. A renda também diminui. O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. Neste salve-se quem puder a burguesia proprietária de casas explora o aluguel. A agiotagem explora o lucro. A ignorância pesa sobre o povo como uma fatalidade. O número das escolas só por si é dramático. O professor é um empregado de eleições. A população ignorante, entorpecida, de toda a vitalidade humana conserva únicamente um egoísmo feroz e uma devoção automática. No entanto a intriga política alastra-se. O país vive numa sonolência enfastiada. Apenas a devoção insciente perturba o silêncio da opinião com padre-nossos maquinais. Não é uma existência, é uma expiação. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido! Ninguém se ilude. Diz-se nos conselhos de ministros e nas estalagens. E que se faz? Atesta-se, conversando e jogando o voltarete que de norte a sul, no Estado, na economia, no moral, o país está desorganizado - e pede-se conhaque! Assim todas as consciências certificam a podridão; mas todos os temperamentos se dão bem na podridão!"
Farpas, 1871
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Curtas! na Crise.

Uma grande crise global vêm se desenvolvendo já há algum tempo na economia neoliberal e de capitalismo financeiro, onde se ganha muito dinheiro com especulação e pouca produção. Mas ninguém esperava que fosse algo tão grande, crise parecida em proporções à famigerada crise de 1929. Há uma grande complexidade nos mercados mundiais, altamente interligados e interdependentes. Vamos tentar entender o que aconteceu, basicamente.

Como Começa?

No ano de 2001, uma outra crise estava se encerrando, a das empresas ligadas à internet, chamadas "pontocom". Como solução, o Banco Central norte-americano, o FED, passou a diminuir sistematicamente as taxas de juros, estimulando o consumo. Nesse cenário, financiar ou refinanciar uma casa tornou-se um grande negócio, algo parecido com o "troca-com-troco", que algumas concessionárias fazem para vender carros no Brasil: os bancos financiavam as hipotecas dos consumidores e devolviam uma parte em dinheiro, que voltava a circular e aquecia a economia. Como os juros eram baixos, uma parcela de classe mais baixa teve acesso aos financiamentos, com títulos de maior risco de indimplência, chamados "subprime". Os bancos venderam esses títulos para outras financeiras, atingindo todo o mercado americano e parte do mercado externo.

Inflação

Com o consumo em alta, aumenta a inflação nos EUA e as taxas de juros voltam a subir, encarecendo a vida e aumentando a inadimplência desses financiamentos. Sem os recebimentos, bancos, financeiras e seguradoras, que garantiam esses empréstimos, passaram a ter sérias dificuldades financeiras. A oferta de empréstimos ficou muito restrita e as empresas, geralmente bancos, que compraram títulos lastreados nas hipotecas imobiliárias anunciaram perdas milionárias.

Crise dos bancos e seguradoras

Para os bancos, as perdas foram maiores, afinal tiveram sérios prejuízos com a inadimplência dos financiamentos e com a desvalorização dos títulos lastreados em hipotecas imobiliárias. A falta de liquidez (acesso a dinheiro) fez com que muitos bancos como Merrill Lynch e Wachovia, ambos entre os dez maiores bancos dos EUA, fossem vendidos com prejuízo de até 50% do valor das suas ações. Outros grandes bancos foram deixados à propria sorte, como o Lehman Brothers e o Washington Mutual e pediram concordata.
No entanto, os dois maiores hipotecários dos EUA, Freddie Mac e Fennie Mae, também anunciaram prejuízos enormes e a possibilidade de falência. Somadas as carteiras de crédito, eles correspondem a metade dos US$12 trilhões em empréstimos imobiliários nos EUA. O governo não teve outra alternativa senão injetar US$ 200 bilhões nesses bancos (e tomar para si a administração). A maior seguradora do mundo, a AIG, também perto de falir, foi salva por US$85 bilhões do governo, que também a administra agora. Tudo para evitar um efeito cascata ainda maior do que o que está acontecendo nessa crise que se torna global por afetar quem investe nos EUA, de todo o mundo.

Crise de confiança

Com a inadimplência, surgiu uma crise de confiança no mercado mundial. Quem sobreviveu até agora não quer correr riscos e pára de emprestar dinheiro. Quem ainda está na corda bamba, precisa de dinheiro. Essa instabilidade faz com que ninguém tenha certeza do que está acontecendo e como a crise seguirá. Investir nas bolsas de valores se torna ainda mais arriscado e há uma fuga dos investidores. Mais gente tenta vender, ninguém compra, resultado: desvalorização em massa das ações das empresas. As empresas acabam descobrindo do pior jeito que arriscaram mais do que deviam em números na tela do computador e têm pouco de palpável. As perdas em alguns casos se tornam irrecuperáveis e há falências em vários países.

G 7

O grupo de países mais ricos do mundo se reuniram e, após já ter tomado medidas em conjunto, anunciaram uma série de medidas que serão tomadas em conjunto para evitar prejuízos ainda maiores em todos os mercados mundiais. Entre as medidas tomadas, que seguem o padrão norte-americano de crédito ao mercado (pacote de US$700 bilhões aprovado pelo congresso), estão evitar novas falências de instituições financeiras; aumentar a liquidez dessas instituições; reestabelecer a confiança do mercado, voltando a emprestar dinheiro; garantir os depósitos em bancos e reativar o mercado de hipotecas. Não se pode esquecer que é necessário aquecer a economia e gerar empregos para que as hipotecas voltem a ser pagas. Sem isso, vai ficar difícil.

Brasil no contexto

Apesar das declarações infelizes do nosso presidente, sim, a crise existe e pode afetar e muito o Brasil. Não é um problema apenas de George W. Bush, como pensa Lula.
A grande dificuldade no Brasil será, como no resto do mundo, o acesso ao crédito, necessário para sanear contas de curto prazo e investimentos de médio e longo prazo. Com a desaceleração do crédito, diminuem também créditos imobiliários e automotivos e a produção industrial. Consequentemente aumenta o desemprego. As empresas com ações na bolsa de valores de São Paulo valem hoje metade do que valiam em maio desse ano. Não, a crise não deve mesmo nos atingir.

Fica a lição para o governo brasileiro. Guido Mantega afirmou que a economia está sólida e que estaremos bem. Os números não mostram exatamente isso. E o presidente, que discursa muito bem para as pessoas que não sabem o que está acontecendo, me impressionou muito. Primeiro não sabia da crise, mandou perguntar para o Bush. Depois declarou que o governo está atento à situação das empresas. Agora fala mal da cartilha do FMI, que administra a nossa economia há anos, cartilha que fica sob o travesseiro do presidente, seja ele quem for.
Sempre mordendo e assoprando, como um morcego vampiro, para manter a elite feliz e os pobres na ignorância Lula continua administrando o país como se administra um sindicato. Só que um sindicato não é um país. Muito menos um país é um sindicato.
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Grampos e Marionetes!

No começo desse mês, uma notícia abalou a política, em Brasília. Um telefonema entre um senador e o presidente do Supremo Tribunal Federal foi gravado e virou reportagem de uma revista semanal. Obviamente a gritaria foi geral, todos escandalizados com a possibilidade de que alguém possa ter ouvido algo que não devia (e legalmente não devia mesmo).
Mas falando em dever, fico com aquele velho ditador popular: Quem não deve não teme. Sei que soa um pouco exagerado, mas saber que alguém poderia ouvir minhas conversas ao telefone no ambiente de trabalho só me deixaria irritado se houvesse realmente algo que me incriminasse ou se as informações com as quais trabalho fossem sigilosas. Ao que consta, nessa conversa gravada não existia nada de incriminador, mas as reações indignadas (de todos) foi a de que "e se alguém gravou tal conversa?"
Não temam, caros senadores, deputados, juízes e funcionários públicos em geral. Se conversas gravadas tiverem algo de comprometedor, não aparecerão em público. Essa publicação de uma conversa quase inocente me parece mais um aviso do que outra coisa. Se continuar mexendo, uma hora fede. Só não se sabe na sola do sapato de quem estará fedendo. Conteúdos comprometedores, se gravados, certamente servirão para chantagem, de qualquer tipo, não serão publicadas. Afinal, quem se dá ao trabalho e se expõe aos riscos de grampear o presidente do STF não está interessado em mostrar as suas habilidades na arte da espionagem. Está interessado sim em colocar cordas em pessoas e políticos influentes, tê-los sob seu comando sob chantagem e assim controlar as marionetes como bem lhe convier. Diga-se de passagem, para pensar algo desse tipo quem fez os grampos tem de ser bastante inteligente e perspicáz. Isso praticamente elimina os nomes do PT da lista de suspeitos. Pelo menos dessa acusação podem se esquivar facilmente, não é?
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Curtas! na campanha eleitoral!

Assistimos mais um vez às campanhas eleitorais, em que mais uma vez o atual controlador do cabresto tenta ficar no poder enquanto outros tentam tomar-lhe das mãos as rédeas que controlam os rumos das pessoas, cidades e o dinheiro desse país. Fico cada vez mais impressionado com a desconexão que existe entre a cidade que vejo e a das propagandas, assim como as próprias propagandas que não enxergam a relidade e dizem o que precisam, ou seja, qualquer coisa, para alcançar o troféu. É estarrecedor!

Cidades maravilhosas

No caso de São Paulo, cidade em que moro e da qual posso falar com liberdade e conhecimento, vemos que alguns candidatos já tiveram cargos públicos, de prefeito ou de governador. Todos descrevem a cidade tal qual a deixaram e as melhorias que fizeram, o quanto as pessoas eram mais felizes enquanto elas estavam no poder. Um dia, juro para vocês, vou conseguir morar numa dessas cidades descritas pelos candidatos e candidatas. Claro que os meus vizinhos serão a Branca de Neve, com seus sete anões de um lado e Timão e Pumba do outro. Essas cidades, sinceramente, só existiram nos sonhos e fantasias alucinados dos candidatos (e de seus marketeiros).

Desobrigações da Prefeitura

Muitos dos candidatos à prefeitura prometem melhorar a segurança, aumentando o número de guardas civis e criando observatórios de segurança pública ou ainda construir mais quilômetros de Metrô. Esquecem-se que essas são obrigações do governo do estado de São Paulo e NÃO da prefeitura. São apenas promessas vagas, que soam bonito na TV. Mas não tem nada de concreto. Toda construção de Metrô tem de passar obrigatoriamente pelas mãos de José Serra.

Marta

Líder das pesquisas eleitorais, tem uma campanha absolutamente descolada da realidade. Fala que a tual gestão é um marasmo, quando na verdade a lei Cidade Limpa foi um verdadeiro quebra-pau, isso só para dar um exemplo. Não teve competência para se reeleger mesmo usando e abusando da máquina pública e agora para se garantir usa música da campanha do Lula, coloca o Lula falando dela, diz que vai fazer parceria com o Lula. Quem vai administrar a cidade ela ou o Lula? E quando o Lula sair do poder? Não teve e não tem competência, por isso vive agora uma campanha parasita. "O Lula concorre e eu ganho" devia ser o lema de campanha do PT.

Kassab

Vive agora um dos momentos políticos mais importantes da sua vida. Desconhecido quando assumiu o poder deixado por José Serra, passou agora com coligações importantes a fazer bonito na campanha. Provavelmente irá para o segundo turno com a Marta e entre os dois, PT e PFL, quer dizer, Democratas, sinceramente acho que São Paulo merecia coisa melhor.

Maluf

É impressionante como certas pessoas não desistem. Acho realmente que se faz muito dinheiro numa campanha política, então ele continua sendo candidato Ad Eternum. Nem vale a pena comentar as promessas estapafúrdias de sempre e a negação dos quase 150 processos que tomou na cabeça (nenhum deu em nada, claro!). Maluf é religião. Quem é crente votaria nele até para substituir Jesus Cristo como filho de Deus nas igrejas por aí. Não dá.

Alckmim

Mais uma vez a candidatura do PSDB deixa a desejar. Com um candidato que não tem empatia com o público e sem os votos garantidos do interior que sempre elegem esse partido para o governo do estado, a campanha está naufragando. Não deve mesmo ir para o segundo turno, não porque o partido não tenha força, mas porque as forças ficaram divididas em São Paulo. E o Kassab ficou com a maior parte delas.

Soninha

De todos, a única candidata que todos sabem o defeito. Não escodê-lo de ninguém já é um grande feito. Além do mais, tem feito uma campanha de esclarecimentos para a população que outros jamais fariam. Está prestando um grande serviço mas não tem um partido forte nem teria apoio na câmara de vereadores. Naquele ninho de cobras fariam de tudo para acabar com uma boa administração dela. Nada pessoal. Fariam isso com qualquer pessoa de boa índole que tentasse entrar na política. Espero ansiosamente pelo livro que contará os podres da câmara de vereadores, prometido na campanha.

No mais, o show de horrores de sempre. Candidatos bizarros a vereador e até a prefeito. Textos lidos por vários candidatos de um mesmo partido. E campanhas baseadas num passado eleitoral em que quanto mais se mexe, mais fede. Nada mudará, mesmo que mudem os nomes. E novamente perpetuaremos o projeto de administração pública que privilegia o partido, não o povo. E o pior é que são partidos que só sabem brincar de "o meu é maior que o seu", nada mais. Sequer entraram no pré-primário da política. Estamos alguns séculos atrasados na história. Um dia chegaremos à Idade Média. Um dia...
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Guerra!

Não dá para deixar terminar o mês sem comentar da guerra que ocorreu na Geórgia, país da antiga União Soviética. No conflito, o exército georgiano entrou na província autônoma da Ossétia do Sul (seu próprio território) para tentar reprimir uma tentativa de independência. Como a maioria dos habitantes dessa região tem passaporte russo, a Russia enviou seus exércitos, invadindo a Geórgia, com o pretexto de proteger seus cidadãos. Os EUA reagiram imediatamente, dizendo que poderiam até pedir sanções econômicas à Russia, sua retirada do G-8 (grupo dos países mais industrializados do mundo), entre outras. A União Européia também chegou a cogitar sanções à Russia, já descartadas pela diplomacia francesa, atualmente no controle rotativo da União Européia.
Ao que parece toda essa movimentação militar é apenas uma cortina de fumaça, utilizada para esconder coisas maiores. Os EUA querem de toda forma criar uma rede de escudos anti-mísseis para proteger seus aliados na europa, atitude essa que não agrada nem um pouco à Moscou. Não é à toa, afinal não seria a primeira vez que os EUA se colocam em posição de atacar posições militares russas, assim como grandes cidades. Durante a Guerra Fria, foram instalados mísseis nucleares na Turquia, todos apontados para a URSS. Em resposta, os soviéticos mandaram instalar ogivas nucleares em Cuba, apontadas para os EUA. Depois de treze dias de negociações tensas, nem lá nem cá. Os mísseis voltaram para a URSS e os que estavam na Turquia foram retirados. Esse episódio ficou conhecido como a Crise dos Mísseis.
Depois de todo esse confronto verbal, um acordo de cessar-fogo foi assinado, mediado pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy. A Rússia reconheceu então a independência de duas regiões autônomas da Geórgia, a Ossétia do Sul e a Abkázia. É claro, não houve ainda confirmação se se tornarão mesmo países independentes ou se haverá uma proposta de anexação à própria Rússia.
Depois de mandar para a região mais navios e tropas e contrabalançar com as tropas norte-americanas que estão fazendo "ajuda humanitária" na região, a Rússia testou na última terça-feira, 26/08, um novo tipo de míssel de médio alcance, o RS-24. Novidade? Só uma: esse míssel é capaz de perfurar escudos anti-mísseis que existam e que possam ser construídos no futuro, de acordo com Moscou. Será que dá para entender agora porque apesar da sua economia em crise a Rússia está no G-8? Ou porque tem assento permanente no Conselho de Segurança da ONU? A Guerra fria pode até ter acabado, mas esse conflito na Geórgia ainda vai dar muito o que falar. Com certeza voltaremos a falar disso em outras postagens.
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Curtas! da China.

Não dá pra passar batido. As olimpíadas de Beijin já terminaram, mas valem alguns registros. Por isso inauguro a sessão Curtas!, séries especiais que serão um pouco maiores e que aparecerão quando um tema tiver grande repercussão, muita coisa para escrever e pouco espaço. Então lá vai.

Abertura!

A abertura foi a mais longa da história, mas na minha opinião não a melhor. Das que eu tive oportunidade de assistir, a de Sidney me chamou mais a atenção. Mas ver aqueles 2008 tambores típicos sendo tocados ao mesmo tempo foi magnífico, sem dúvida. O desenho do estádio, a forma como a pira olímpica foi acesa, as acrobacias e os anéis que representam os jogos flutuando no ar. A China mostrou a que veio logo na abertura, fazendo um espetáculo à altura de qualquer outro país. Beijin está de parabéns.

Transmissão!

Como sempre, as transmissões da Rede Globo de televisão deixaram muito a desejar. Além de não cobrir o evento, mostrando apenas as modalidades mais populares em que apareciam brasileiros competindo, repassou o sinal apenas para a Rede Bandeirantes. Essa sim, emissora acostumada a lidar com esportes diversos, ao menos tentou mostrar aos mais jovens o que são os jogos olímpicos. Mas o sinal de transmissão da Bandeirantes na minha casa não é lá essas coisas, então tive de aturar o Galvão Bueno e as suas nem tão agradáveis companhias. Deve ser por isso que se especula que a Rede Record já teria comprado os direitos de transmissão dos jogos de Londres em 2012. Se mantiver o nível de transmissão da Eurocopa de 2008, a Globo vai estar em maus lençóis. Até porque eu duvido que a Record repasse o sinal para a Globo (intrigas com o bispo, sabe como é).

Quadro de medalhas!

Como já era esperado, a China venceu os EUA no quadro de medalhas. Afinal uma intensa programação foi cumprida à risca para que se chegasse aos jogos em condições para que isso acontecesse. Tudo bem que rolaram umas insinuações que ginastas chinesas teriam tido documentos adulterados para estar na idade mínima de competição. Mas nada foi provado até agora. Falso mesmo só a menina que cantou na abertura e que emocionou o mundo. Depois descobriram que ela só dublava a cantora real.

Participaçao brasileira!

Como já diria o saudoso Nelson Rodrigues, valeu o complexo de vira-latas. As grandes esperanças de medalha decpcionaram e muito. Na ginástica, nem Diego Hipólito nem Jade Barbosa conseguiram confirmar o favoritismo. No futebol feminino, derrota na final e muita luta. No masculino, depois de uma surra dos Argentinos, sarro de Maradona. Isso só para citar alguns. Medalha de ouro só para aqueles que tinham algo pessoal para provar. Maurren Maggi queria mostrar que podia ganhar uma medalha mesmo depois da acusação de dopping, sofrida no passado; César Scielo e sua família abdcaram de muitas coisas e gastaram muito dinheiro para que ele pudesse treinar nos EUA e competir em alto nível; e a seleção de vôlei feminino tinha que acabar com a imagem ruim deixada quatro anos antes, na desclassificação das olimpíadas na semifinal depois de sete match points. Só gostaria que em nome do esporte eles não comparecesse à nenhuma cerimônia no palácio do planalto, que pouco ajuda e sempre quer se beneficiar politicamente das conquistas esportivas dos atletas brasileiros.

Cuba!

Sempre entre os primeiros colocados, dessa vez Cuba não chegou nem perto. Um resultado pouco expressivo, talvez em razão das grandes mudanças políticas que estão ocorrendo na Ilha. Depois de anunciar cortes na educação, o que pareceu foi que os cortes já tinham começado. Pelo esporte. Se isso é verdade, mal sinal. Talvez Cuba não precise de um ditador velho e com idéias ultrapassadas. Mas também não precisa voltar a ser a Ilha da Fantasia dos EUA.

Encerramento!

Assim como na abertura, um grande espetáculo. Todas as etnias chinesas foram representadas nas duas grandiosas festas, apesar de não terem participado da festa. Mas o que mais marcou a transmissão ao vivo pela Globo foi o Galvão Bueno explicando que os patrocinadores são a única fonte de renda da emissora e que por isso agradecia a eles, blá, blá, blá. Tudo por causa da possível compra dos direitos de transmissão dos próximos jogos olímpicos pela Record, que como todo mundo sabe tem uma fonte inesgotável de renda: a ignorância.
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Mês sem chuvas!

Muito se comentou sobre o baixo índice de chuvas e a consequente queda da umidade relativa do ar na cidade de São Paulo, que causa sérios transtornos respiratórios nos seres humanos, especialmente crianças e idosos. Como a localização da cidade não favorece a dispersão dos poluentes, todas as vezes em que sofremos uma estiagem esses problemas se agravam.
Vale lembrar que os dados oficiais de coleta e que foram divulgados são registrados na zona norte de São Paulo, então não significa necessariamente que não choveu em nenhuma parte da cidade. Sistemas circulatórios são complexos e não necessariamente mostram a realidade de todas as localidades da cidade.
Também não é nenhuma novidade que isso tenha ocorrido, afinal há registros de outros períodos históricos em que tais secas aparecem, inclusive no Laboratório de Climatologia e Biogeografia da USP, que conta com uma estação meteorológica e dados confiáveis já há algumas décadas. Mas muitas pessoas já conseguiram fazer daí uma ligação com as alterações climáticas da atualidade e com o tal do aquecimento global.
Sinceramente acho que tem muito jornalista, crítico, pesquisador, pseudo-cientista que está precisando arranjar uma namorada. Estão tão obcecados com as alterações climáticas e o aquecimento global que sequer dormem à noite. Independente de eu acreditar ou não nesse aquecimento antropogênico (e eu não acredito), fica claro que é necessária uma nova visão sobre o tema, menos maniqueísta e mais humanista (por favor, não me venham com socialismo!). Tantos problemas sem solução e as pessoas preocupadas em se utilizar de um fenômeno natural, uma estiagem qualquer para justificar o fato de terem nascido com o falo pequeno. Tem horas que dá nos nervos!
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Adeus férias!

Só para registrar, por incrível que pareça eu consegui no mês de Julho uma semana de folga, na qual pude aproveitar de alguns dias no litoral norte de São Paulo, em Ubatuba. Ficamos em um rancho muito bonito, perto da praia, muito calmo, com uma vista linda. Podíamos ficar no rancho e fazer trilhas ou pegar o carro e ir à praia, que fica bem perto de onde nos hospedamos. Mas não é sobre isso que vou escrever. Depois de quase uma semana de descanso, voltei para São Paulo e encontrei de volta todos os problemas que eu tinha deixado para trás, sem muita saudade.
Mas o que mais me incomodou foi o fato de estar de volta à São Paulo, descansado e sequer conseguir dormir à noite. Uma turma próxima de onde moro tem o hábito e o costume de fazer "festinhas" que duram a noite toda, com o som tão alto que mesmo a uma distância bastante considerável faz tremer as janelas de casa. Uma noite sem dormir e lá se foi todo o descanso das férias. Ainda mais ouvindo aquilo que cosidero a mais cabal prova de que a sociedade brasileira está fadada ao fracasso: o funk carioca. Que tortura!
É impressionante como qualquer acéfalo pode fazer sucesso fazendo barulho, xingando as pessoas e colocando as mulheres abaixo das amebas na linha da evolução das espécies. E o pior nem é isso. Pior mesmo é que AS PESSOAS GOSTAM ! Fazer o que? Como diz minha mãe: quem se mistura com porcos, farelo come. Acho que vou ficar o mais longe possível.
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Resistência pela verdade!

É o que significa a palavra satiagraha, usada pela Polícia Federal para batizar uma das mais importantes operações policias dos últimos anos no Brasil. Com certeza não se esperava tantos desdobramentos nesse caso cheio de surpresas. A investigação foi iniciada há quatro anos como consequência das investigações sobre o mensalão e levou para a cadeia o banqueiro Daniel Dantas (Banco Opportunity), Naji Nahas, empresário e Celso Pitta, ex-prefeito de são Paulo, entre outros. Segundo as investigações, vários crimes eram cometidos, entre eles desvio de verbas pública, lavagem de dinheiro, tráfico de influência e fraudes no mercado de capitais baseadas em informações privilegiadas.
Iniciou-se então um processo interessante e perigoso. O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes mandou soltar os acusados. Ficou provado então, com base em novas gravações, que pessoas ligadas a Daniel Dantas e ao seu comando tentaram subornar um delegado da Polícia Federal. Novamente foi preso o acusado e novamente Gilmar Mendes mandou soltá-lo, nitidamente como afirmação de seu cargo. Essa situação provocou um imenso mal-estar entre os magistrados do país, que apoiaram em grande maioria o Juiz Federal Fausto Martin De Sanctis, responsável pelos pedidos de prisão. Juro que gostaria de ver essa disposição no STF para julgar grandes injustiças que acontecem no Brasil, como por exemplo o governo federal não cumprir a constituição em muitos dos seus capítulos
Finalmente, o delegado Protógenes Queiroz, que comandou toda a operação, foi afastado repentinamente do cargo, o que mostra que parte da Polícia Federal ou alguém acima dela precisava que as investigações parassem nesse nível, afinal ninguém desvia dinheiro público sem alguém de dentro da administração pública estar no esquema. Então as investigações estagnaram, pois se elas continuassem encontrariam mais culpados, provavelmente dentro do próprio governo.
Essa operação da Polícia Federal serviu para mostrar várias facetas das pessoas nesse país: ainda há pessoas interessadas na verdade e na justiça; ainda há pessoas que não estão interessadas na verdade e justiça, fazendo de tudo para se livrar das próprias culpas; ricos quando são presos pela polícia são soltos pelo presidente do STF, enquanto pobres quando são presos sob qualquer acusação apodrecem na cadeia. Não consigo ver esse país de forma diferente: somos uma nau que deixou o porto com dois graus de erro nos cálculos de rota e navega há mais de 500 anos em rota cada vez mais errada. Se o leme não for virado para o lado certo, jamais voltaremos para o caminho que nos levará à construção de um país no mínimo digno. Porque pensar em justiça hoje acho que é pedir demais.
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Lei seca?

Desde a sua entrada em vigor, a chamada Lei Seca já produziu várias discussões. E algumas consequências. Muita dúvida foi gerada até entre os policiais e houve uma demora excessiva para que houvesse um padrão nas ações policiais. Agora, com padrões mais bem definidos, podemos fazer outras reflexões.
Primeiro que a lei não é exatamente seca, afinal beber não é proibido. O que se pede nesse caso é um pouco de bom senso, afinal não se bebe para ir ao trabalho, por exemplo. Beber é permitido, assim como dirigir. Só o que não pode são as duas coisas juntas.
Segundo detalhe: uma parte da sociedade foi contra a lei, especialmente advogados que querem aparecer na mídia, dizendo que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Alexandre Garcia, em reflexão no jornal Bom Dia Brasil, da Rede Globo, deu um exemplo excelente para combater este argumento: todas as vezes que uma pessoa tira o R.G. faz um cadastro de suas digitais e coloca uma delas no documento oficial. Tecnicamente está produzindo provas contra si mesmo.
Por último, posso dizer que a reflexão que faço dessa nova lei é simples: ela está salvando vidas, diminuido o número de atendimentos do Serviço Médico de Urgência (SAMU) e consequentemente diminuindo custos para a sociedade de pessoas irresponsáveis que bebem em excesso e saem dirigindo. Em suma, tráz enormes benefícios para a sociedade. Não tem como ser contrário a essa lei com as consequências benéficas que ela está mostrando. Quem é contra a lei está pouco se importando com a sociedade, está mais preocupado com o próprio bolso. Por isso uma associação de bares e restaurantes entrou na justiça contestando a nova lei. Estes estão se importando apenas com a quantidade de bebidas que vão vender a menos e não com a quantidade acidentados a menos, com os gastos menores realizados nos atendimentos médicos, no tratamentos de feridos, no enterro dos mortos. Aí me pergunto: se por acaso um bêbado saísse de um bar e atropelasse e matasse toda a família do dono desse bar, qual seria a opinião dele sobre a lei? Acredito mesmo que essas pessoas não têm mesmo a capacidade necessária para refletir sobre o assunto. E viva o capitalismo!
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Números!

No mês de Julho o país ficou estarrecido ao descobrir a situação de calamidade em que vive a Santa Casa de Belém, no Pará. Tudo porque se tornou impossível esconder o assustador número de mortes na UTI neonatal da entidade. De acordo com as informações oficiais, 253 bebês morreram entre Janeiro e Junho desse ano.
Além da óbvia tragédia, muito se pode discutir. Nenhum hospital chega ao ponto em que ocorrem tantas mortes sem um motivo, o que já está provado e documentado. Há mais de um ano o Sindicato dos Médicos denuncia a situação precária do estabelecimento, no qual faltavam até álcool e algodão, e nada foi feito. Como sempre costumo dizer, crises como essa seriam exemplares mas infelizmente não são. Me explico: apesar da tragédia, nada disso é utilizado para melhorar a qualidade do atendimento público, em lugar nenhum do país, então sabemos que podemos esperar outra tragédia, em outro lugar, que está em curso nesse momento mas ainda não se tornou pública.
Esses acontecimentos são decorrentes de décadas de desmandos e de pouca preocupação com as pessoas, pelo menos fora do período eleitoral. Então são processos que se tornam notórios da pior maneira e com quem tem menos culpa pagando o preço mais alto. Nesse caso, com a morte de um filho.
No entanto, a maior falta de respeito às famílias veio de uma declaração oficial da Secretária de Saúde, Laura Rosseti, que em entrevista afirmou que o número de mortes era normal, estava dentro do parâmetro aceitável pela Organização Mundial de Saúde. Como já diria o grande mestre Aziz Ab'Saber, o maior erro que se comete quando se fala de pessoas é transformar problemas em números, pois os números mascaram a realidade. E eu ainda acredito na Teoria da Relatividade: 253 mortes para a secretária de saúde é uma coisa; um filho morto para uma das famílias vítima da negligência e do descaso da administração pública é outra. Tudo é relativo. Talvez se um dos mortos fosse filho de alguém importante a história fosse diferente.
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Libertação, afinal!

Foram libertados no dia 02/07/2008 quinze prisioneiros das FARC - Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - entre eles três estadunidenses, onze policiais e militares colombianos e a mais importante peça de negociação que os narco-traficantes tinham: a senadora Ingrid Betancourt. Durante mais de seis anos, a imagem dela aprisionada na selva, doente e triste correu o mundo*.
Segundo o governo colombiano, uma operação da inteligência do exército foi montada com auxílio de agentes estadunidenses e conseguiu infiltrar militares no acampamento onde estavam os prisioneiros. Os militares fingiram ser parte de uma agência humanitária que levaria os reféns de helicóptero para um encontro com o líder das FARC, Alfonso Cano. Dentro do helicóptero, os militares dominaram os dois "soldados" das FARC e anunciaram a libertação dos reféns.
Uma outra versão circula agora na internet, a de que o governo colombiano teria pago US$20 milhões pela libertação desses reféns, informação divulgada por uma rádio suíça, a Romanda (RSR), obviamente sem comprovação.
Independentemente de como foram libertados, é sempre uma boa notícia quando sabemos da libertação de reféns, especialmente quando são reféns de traficantes de drogas disfarçados de guerrilheiros. As FARC deixaram de ser uma guerrilha há muito tempo, desde que o tráfico de drogas se tornou a sua fonte de renda. Não dá nem para pensar em aceitar uma guerrilha que diz lutar por igualdade e pelo socialismo quando se sabe que eles arrancam a cabeça dos traficantes que tentam não comprar e vender as suas drogas.
O lado bom de tudo isso é que parece que as FARC têm tudo agora para deixar de existir de uma vez. A morte de seu líder, Marulanda (em 26 de março, de ataque cardíaco) e do segundo no comando, Raul Reyes (01 de março, em ataque de tropas colombianas em território equatoriano) deixaram um vazio difícil de preencher. Além disso, ações cada vez mais elaboradas do exército colombiano têm tornado a existência dessa quadrilha cada vez mais difícil. Desmoralizados e com alta rejeição do próprio povo colombiano, fariam um favor a si e a todos se libertassem os outros reféns e depusessem as armas.
Em todo o mundo, repercutiu bastante a soltura dos reféns, com mensagens de "até que enfim" de todas as partes. Até mesmo Hugo Chávez, grande financiador dos narco-assassinos, já tinha dito que não havia mais lugar para a luta armada no continente. Talvez pela proximidade com os criminosos soubesse por antecipação do enfraquecimento do grupo. E para posar de santo ele não perde oportunidade. Mas por incrível que pareça, a mensagem mais infeliz não veio de Chávez, mas sim do presidente equatoriano, Rafael Correa. Ele lamentou que a libertação tenha ocorrido por ação militar e não pela via da negociação. Pelo que eu entendo, prefiro que a libertação tenha sido militar e que os prisioneiros agora desfrutem da companhia de seus familiares do que eles continuarem prisioneiros enquanto incompetentes e comparsas das FARC, como Chávez e o próprio Correa negociavam as suas vidas em troca de visibilidade internacional e material de propaganda de seus programas socialistas fadados ao fracasso.
Torço de agora em diante que mais ações civis e militares possam levar parentes do cativeiro de volta para suas casas e que pessoas usadas como moeda de troca voltem a viver em liberdade e com seus amigos e familiares. E que essas guerrilhas nunca mais sejam capazes de sequestrar e matar pessoas nem de produzir e distribuir cocaína pelo mundo. Afinal, já tem muita gente fazendo merda de cara limpa, não precisamos mesmo de drogas para isso.

*Fonte da imagem www.oglobo.com
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Festas Juninas.

Chega hoje ao fim mais um mês de Junho e com ele acabam também os festejos juninos.
Sei que não há muito o que falar a respeito da Festas Juninas, afinal são um marco da cultura brasileira, essencialmente nordestina, com comidas típicas, danças, roupas e uma alegria contagiante. Quando falamos dessas festas no nordeste falamos de grandes eventos. Aqui em São Paulo, por exemplo, temos apenas alguns lugares em que há festas grandiosas, como no Centro de Tradições Nordestinas, praticamente um pedaço do nordeste nessa cidade. Uma delícia! Mas na maioria são pequenas festas, isoladas.
Aí vão me perguntar: o que é que a geografia tem com isso? E eu prontamente respondo: Tudo.
Primeiro que muitas das tradições dessas festas vem de fora, de outros países. A palavra forró, por exemplo tem duas origens mais aceitas. Uma diz que vem do inglês FOR ALL. Outra diz que vem da palavra forrobodó, que significa bagunça e foi trazida da África. Mundo globalizado, já há muito tempo.
Outro detalhe que não podemos esquecer é que nas grandes cidades do centro-sul festa junina é aquela realizada nas escolas, o que é muito diferente do nordeste, onde cidades inteiras se preparam para as festividades e para receber o imenso número de turistas, que movimentam grandes quantias de dinheiro nesses locais. Bom para a economia.
Sem contar ainda que as festas que se mantém originais, pelo menos no geral, representam uma posição de defesa da cultura regional de um povo face aos ataques de uma cultura de massa que vem de fora e que tenta globalizar o Inglês como língua universal, o R&B ou RAP como música, o Mc Donald's como comida. O capitalismo globalizante ataca com todas as suas armas, grandes grupos, associações de países, transnacionais. E as culturas locais, não só no Brasil, resistem como forma de manter a sua individualidade e identidade como grupo cultural. No caso do Brasil, que os Bacamarteiros nos protejam!

Só para constar: queria ver traduzir isso para o inglês de forma que os agentes do capitalismo entendam...

O ABC do Sertão (Zé Dantas e Luiz Gonzaga)
Lá no meu sertão pros caboclo lê, têm que aprender um outro ABC
O jota é ji, o éle é lê, O ésse é si, mas o érre tem nome de rê
Até o ypsilon lá é pssilone. O eme é mê, O ene é nê
O efe é fê, o gê chama-se guê.
Na escola é engraçado ouvir-se tanto "ê"
A, bê, cê, dê, fê, guê, lê, mê, nê, pê, quê, rê, tê, vê e zê.

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União Européia e Cuba = Etanol?

Em uma reunião realizada no dia 19/06/2008, a União Européia (U.E.) decidiu acabar com as sanções diplomáticas que existiam para com Cuba. Não que isso tenha um papel fundamental na história, afinal eram apenas sanções diplomáticas e não econômicas, como as norte-americanas. mas sinaliza que a U.E. tem algum tipo de interesse nesse país, o que não é muito difícil de imaginar. Esse país da América Central, na época da Guerra Fria abastecia Moscou de açúcar, em acordos muito vantajosos para os cubanos. Tudo para manter um país socialista muito próximo dos EUA.
Quem produzia açúcar, pode muito bem produzir álcool e a europa não dependeria do Brasil se quisesse mesmo entrar na onda do etanol. Me parece interesse estratégico, apesar de a maioria das pessoas ou não ter ligado ou quererem minimizar o fato. Mas o mais engraçado foi ver do mesmo lado norte americanos, cubanos dissidentes e até mesmo Fidel Castro. Juntos sim, mas no lado das reclamações.
Fidel disse que desprezava a hipocrisia que a medida de U.E. representa. Em muitos aspectos, deve ser o mesmo desprezo que tem pelas aberturas que o seu irmão, Raul Castro faz no país agora que é presidente. O governo dos EUA minimizou a questão, mas a verdade é que trabalhou firmemente para que essa decisão não acontecese. Não conseguiu. Na sexta-feira, dia 20/06, o porta-voz norte-americano declarou que a U.E. deve fixar "um certo número de critério humanitários" para dialogar com os cubanos. Entre esses critérios, a libertação dos prisioneiros políticos e o respeito às convenções internacionais sobre direitos civis e políticos, liberdade de informação e acesso à internet. Vindo de uma das nações menos democráticas do mundo, chega a soar estranho esses, digamos assim, "desejos". Enquanto isso, dissidentes reclamam da posição da U.E. afirmando que o governo cubano ainda não é exatamente um governo democrático. E nisso tem toda razão.
Mas ao que parece, a questão política novamente é apenas um pano de fundo para as questões econômicas que envolvem o mundo agora. Se houver um acordo comercial, a U.E. pode investir em produção de combustíveis em Cuba, filão de mercado que os EUA estão deixando passar. É como eu sempre digo: não é o problema ambiental, muito menos o político. O grande problema é sempre econômico, estão todos de olho em mercados promissores como o Brasil e Cuba para talvez modificar sua matriz energética, não depender tanto assim do petróleo e de quebra tirar poder político e econômico da OPEP. Quem é contra? Os EUA, que por ideologias ultrapassadas perderam a chance de ajudar Cuba para se beneficiar depois, como foi feito na independência do Panamá e na construção do seu canal ligando os aceanos Atlântico e Pacífico. Parece que esqueceram como fazem a sua política externa. Agora é torcer para que essa parceria demore para sair para que, com o tempo, quem sabe até entrar no negócio. Só o tempo dirá.
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Como diz o ditado, "Política fede".

Houve nas últimas semanas uma certa mobilização de algumas partes da sociedade em defesa dos direitos dos cidadãos e contra a criação de mais um imposto, a Contribuição Social para a Saúde (CSS). Não que eu já não tenha falado dela, mas é importante lembrar. A matéria tramitou na Câmara dos Deputados e foi aprovada. De acordo com os critérios para a aprovação de novas leis, deve seguir para o Senado, onde também deve ser aprovada.
Bem, não é preciso dizer que os senadores da oposição, que já derrubaram a antiga CPMF, também não deixarão passar, pelo menos a priori, a nova CPMF. Claro que tudo depende, afinal moramos no país do jeitinho, onde se propinando tudo dá. O certo é que sem abrir os cofres para os "projetos" dos senadores a nova CPMF não será aprovada no senado. Tendo consciência disso, o governo mudou de estratégia nesse momento. Em não tendo conseguido um acordo para votar e aprovar a CSS agora, resolver postergar a votação para evitar o desgaste dos parlamentares com os eleitores, afinal é ano de eleições.
Nesse momento, votar e aprovar a CSS significa perder muitos votos nas eleições de outubro. Nesse ponto, oposição e governo concordam plenamente: não vale a pena o desgaste. Terminadas as eleições, com o povo voltando à mesmice de seu cotidiano, será possível fazer acordos vantajosos para ambas as partes, com o dinheiro público, é claro. A população já estará entrando no clima de Natal, que começa cada vez mais cedo (não parece proposital?). Menos preocupado com a política, afinal os novos culpados já estarão eleitos, voltam para o panis et circensis típico do Brasil. Pão e circo, para que fique claro. E a votação da nova CPMF poderá percorrer os obscuros caminhos do senado e da câmara quantas vezes forem necessárias, na expectativa de gerar mais renda para políticos e partidos. Tudo isso regado pelo dinheiro público, que no nosso país não tem sentido de coletivo e sim de não pertencer a ninguém. Depois de muitas "negociações", a CSS muito provavelmente será aprovada. Bom para todos os lados, menos para o povo que sustenta os parlmentares mais caros do mundo, paga uma taxa de impostos já altíssima e que mesmo assim tem os piores serviços públicos do planeta. Não sei, mas não me parece muito coerente. Fazer o que? Se só vejo o povo na rua reclamar do Dunga, deve estar tudo bem e eu que sou o chato!
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Viva Baco!

"Eu queria aproveitar para dizer aqui que o mundo precisa entender que a Amazônia brasileira tem dono. E o dono da Amazônia é o povo brasileiro. São os índios, são os seringueiros, são os pescadores...mas também somos nós, que somos brasileiros e temos consciência de que é preciso diminuir o desmatamento sim, é preciso diminuir as queimadas sim. Mas também temos consciência de que precisamos desenvolver a Amazônia. Lá moram quase 25 milhões de habitantes (sic)*, que querem acesso aos bens que temos aqui no Rio de Janeiro, em São Paulo, ou em qualquer outro lugar. Por que essas pessoas têm que ficar segregadas?"
O trecho do discurso acima mostra as idéias de um presidente envolto em uma teia de mistérios: o que fazer para se recuperar da sua imagem de desenvolvimentista a qualquer custo? Como fazer a comunidade internacional parar de desconfiar dos motivos políticos por trás da saída de Marina Silva do governo? Como fazer com que as pessoas de dentro e de fora do país parem de olhar para a Amazônia (afinal para desenvolver o país é preciso derrubar a floresta)?
Nosso atual presidente afirma no discurso que a Amazônia tem dono, que é o povo brasileiro, e isso está certo. Diz também que é necessário diminuir as agressões à floresta e ainda assim permitir a melhoria na qualidade de vida da população local. Isso também está certo. O problema é quando começa a falar em desenvolvimento da Amazônia, pois sabemos como esse desenvolvimento será feito, à base de machados, motosseras e financiamantos do BNDES. Não estamos mais falando em segregação daquelas pessoas, elas sempre foram segregadas. A Amazônia brasileira sempre foi uma válvula de escape, ora para aliviar as pressões por reforma agrária no nordeste, ora como parte do arco do desflorestamento que permite ao país ser o maior exportador de grãos do mundo. Já escrevi isso em outras postagens, vou repetir aqui: não adianta em nada o país se desenvolver. Poderíamos estar entre as cinco maiores economias do mundo e isso não adiantaria. Porque? Pelo simples fato de que não sabemos distribuir renda. Temos uma elite que não consegue enxergar outra forma de governar senão como um verdadeiro bacanal, onde tudo lhes é permitido. Música, festa, vinho e sexo à vontade são algumas das características dos bacanais da antiguidade, cultos à Baco, deus do vinho. No Brasil, a administração pública tomou ares de bacanal com dinheiro público. Os políticos brasileiros não conseguem administrar de outra forma a nao ser aquela que lhes dá mais prazer, ou seja, se refestelando com o poder e o dinheiro. E uma das maiores reservas de dinheiro do Brasil hoje está em forma de floresta, que em pé poderia render muito mais do que rende hoje sendo cortada. Mas isso demandaria investimentos do governo em projetos de desenvolvimento ambiental sérios, do tipo pelo qual foram mortos a missionária Dorothy Stang e Chico Mendes. E levaria tempo. Nesse país nada que demore mais do que um mandato é levada muito a sério, afinal políticos fazem política para se locupletar dos bens públicos, senão fariam apenas outros tipos de sacanagem.
Por isso tanta reclamação sobre as pressões internacionais sobre a Amazônia: se é para alguém explorá-la que sejamos nós, pensam os políticos. E tem de ser rápido senão acaba o mandato! Tudo por medo de perder a oportunidade de tranformar sangue, suor, lágrimas e trabalho em muito, muito dinheiro. Direto para os cofres dos partidos e contas particulares em paraísos ficais.
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De boca cheia!

Não é de hoje que é notória a predisposição do atual presidente da República de falar bobagens. É nítida a disparidade que existe entre discursos escritos por outras pessoas (apesar dos inconfundíveis erros de português) e aqueles que ele faz no improviso. Na posse do novo ministro do meio ambiente, Lula declarou que Minc já havia falado em uma semana mais do que Marina Silva em cinco anos. Apesar de tentar remediar dizendo que são dois estilos diferentes de trabalhar, a frase pode ser entendida de várias formas: pode ser uma repreensão à Marina Silva e nesse caso ele a estaria acusando de incompetência; por outro lado, pode ser entendido como um recado para Minc, coisa do tipo "fale menos e faça mais aquilo que você foi contratado para fazer". Deixando esses assuntos de lado, pode-se dizer que a troca no ministério do Meio Ambiente foi pelo menos azeda para o governo. Apesar de todas as tentativas de tentar transparecer que não havia problemas não é muito difícil entender porque Marina Silva pediu para sair. Há muitas formas de fazer com que alguém desista de suas idéias. Uma das mais eficientes é fazer com que a pessoa disposta a cumprir a sua função não seja capaz de cumprí-la. O governo deixou clara a sua posição: entre uma ministra que quer parar o desmatamento da Amazônia e a pressão da bancada ruralista na Câmara e no Senado, ficou com a segunda alternativa. Afinal em ano eleitoral não se brinca!
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Feudo Brasil!

"Os senhores feudais eram nobres que viveram na época da Idade Média (século V ao XV). Possuíam muito poder político, militar e econômico. Eram proprietários dos feudos (unidades territoriais) e possuíam muitos servos trabalhando para ele. Cobravam vários impostos e taxas destes servos, pela utilização das terras do feudo. Viviam em castelos fortificados e eram protegidos por cavaleiros. Os senhores feudais faziam e aplicavam as leis em seus domínios."
A definição acima é do site www.suapesquisa.com e mostra como era parte da vida das pessoas nessa época da história. Nos feudos o senhor feudal tinha poderes absolutos, determinando quem vivia ou morria, quem trabalhava em suas terras e em alguns casos até quem casva com quem. Obviamente não existem mais senhores feudais como nesse tempo, mas algumas coisas não mudaram muito desde então. Os "servos" de hoje não precisam mais dar ao senhor feudal a primeira noite com a sua mulher ou se submeter a certas humilhações. Mas as diferenças param por aí. Se não permitimos certas coisas em nome das liberdades individuais é porque pessoas livres recebem salários que serão revertidos em compras, portanto podemos dizer que o embrulho mudou mas o conteúdo do pacote é o mesmo. O senhor feudal também não tem mais poderes absolutos, no entanto não deixou de tê-los.
Se compararmos o Brasil atual com um Feudo acharemos muitas semelhanças entre eles. Não pelo tamanho, obviamente, mas pelo modo de administração. Também não poderíamos esperar que alguém tão despreparado fosse maquiavélico, como o senhor feudal anterior. Não estou dizendo que o atual "senhor feudal" eleito pelo povo vai querer a virgindade de alguma de suas servas ou aumentar as horas de trabalho semanais nas terras senhoriais. Em um feudo real, quando um senhor feudal gastava mais dinheiro do que devia, ele reencontrava o equilíbrio de suas contas aumentando impostos ou criando novos. Qualquer desculpa servia, desde que aumentasse a arrecadação. No Brasil atual, podemos verificar o mesmo tipo de solução para o mesmo tipo de problema. As contas do governo senhorial aumentam sem parar, pelos motivos mais variados e é necessário repor esse dinheiro. Quando os Deputados e Senadores tiraram desse senhor feudal a arrecadação da CPMF, ele rapidamente aumentou outros dois impostos, o IOF e a CSLL*, com os quais o governo bate recorde atrás de recorde de arrecadação de impostos. Nunca na história desse país se arrecadou tanto em impostos! Ainda assim, o governo diz que aumentará o repasse para a saúde. Para isso utilizou-se da Emenda 29, que fixa os percentuais mínimos a serem investidos anualmente em saúde pela União, estados e municípios como desculpa para recriar a CPMF, agora com o nome de Contribuição Social para a Saúde. Diz o senhor feudal e sua corja que não sabem de onde tirar dinheiro, apesar dos recordes de arrecadação. Dizem também que sem essas verbas a saúde no Brasil vai ficar em estado de calamidade. Deve ser algum tipo de piada da qual os senhores feudais riem e o povo não acha graça, afinal quando foi que a saúde nesse país não foi uma calamidade?
Mas entendo a necessidade do senhor feudal de aumentar impostos, uma vez que ele afirma categoricamente que fará seus sucessor. Para eleger alguém daquele partido podre ele terá que gastar uma fortuna incalculável, que sairá das contribuições partidárias pagas por funcionários não concursados com altos salários no governo. A conta é simples: aumentam-se os impostos, aumenta também o número de pessoas do partido com cargos de confiança no governo, aumenta a transferência da renda obtida com os impostos para os caixa-dois da campanha presidencial. Ficaram mais conhecidos como recursos "não-contabilizados". Caixa-dois é feio.
Enquanto continuarmos a viver nesse feudo, com um senhor feudal que faz o que quer enquanto os servos continuam pagando os impostos sem reclamar nada vai mudar. Na verdade, os servos já estão tão habituados com os bolsa-esmola que nem se dão conta da exploração pela qual passam. E acomodado como esse povo é, isso não mudará tão cedo.
*Dêem uma olhadinha nas postagens com o marcador " CPMF" nesse mesmo site.
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A política passa-se nas ruas!

Em Maio de 1968, ocorria na França um dos maiores movimentos populares da história. Era um protesto contra a arcaica e conservadora sociedade francesa e visava, entre outras coisas, repensar o modelo educacional vigente, aumentar as liberdades civis, ampliar os direitos das minorias e promover igualdade entre homens, mulheres, brancos, negros, heterossexuais e homossexuais. Inicia-se com ocupações e barricadas, em protesto contra o fechamento da universidade de Sorbonne. No dia 10 de maio, ocorre a Noite das Barricadas, em que 20 mil estudantes enfrentam a polícia. Três dias depois, ocorre a unificação do movimento estudantil com o operário e no dia 20 toda Paris pára com as greves. Mesmo depois de o governo e a polícia retomarem o controle as manifestações desse acontecimento ficaram presentes na sociedade francesa e ressoaram pelo mundo. Na Europa, as revoltas estudantis, ocupações de universidades, greves de trabalhadores e confrontos com a polícia ocorrem na Espanha, Itália, Iugoslávia, Polônia, Bélgica, Alemanha e Inglaterra. Nas Américas, Brasil, EUA, Argentina, Uruguai, Venezuela, Colômbia e México também tiveram movimentos inspirados no Maio de 68 francês. Universidades invadidas por estudantes e pelo exército, confrontos e mortes. Entre os acontecimentos mais importantes dessa época, ficou a morte do pastor Martin Luther King Jr., que lutava pela igualdade entre brancos e negros nos EUA, e no Brasil, a invasão da Universidade de Brasília, o confronto entre estudantes das Universidades de São Paulo e Mackenzie por diferenças ideológicas e a prisão de mais de 1200 estudantes em Ibiúna quando realizavam o 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes.
Até hoje muitos movimentos e organizações inspiram-se naquela Maio de 68, sem dúvida parte importante da história dos movimentos sociais no mundo. Os movimentos estudantis que se organizam até hoje com base nas idéias e ações daqueles jovens franceses poderiam aproveitar a data histórica e rever com carinho os conceitos, os ideais e as ações realizadas, para não correr o risco de serem vistos como desorganizados, ineficazes e displicentes. Não basta a inspiração e as discussões infindáveis. Sem as ações, Maio de 68 seria apenas mais um mês de um ano qualquer. Mas agir em prol da massa não é característica da maioria que adentra o mundo acadêmico hoje, nem seu objetivo. A política e seu poder, esse é o fim que justifica os meios. Afinal de contas sentar em uma mesa de plástico na faculdade e tomar cerveja enquanto discute a sede dos outros é muito fácil. Difícil mesmo é agir! Como diriam os revolucionários de 68, em Paris: "A revolução deve ser feitas nos homens, antes de ser feita nas coisas." E eu ainda concordo com eles!
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Eventos extremos!

Tenho acompanhado com preocupação a cobertura pseudo-jornalística que vem sendo dada a alguns eventos extremos que estão acontecendo no planeta. Obviamente é complicado para certos jornalistas tratar de assuntos complexos dos quais eles não entendem, como terremotos e ciclones. Mas colocam tudo em um mesmo saco, como se todos os fenômenos tivessem apenas um agente causador (normalmente o ser humano). Uma reportagem do semanal Fantástico (18/05/08), da rede Globo, perguntou: "Por que a natureza está vivendo dias de fúria?", como se estivesse falando de uma mulher que se descontrola por causa dos seus hormônios na menstruação. Fiz questão de assistir à reportagem e fiquei abismado com a colocação do repórter que perguntava se a natureza estava castigando os seres humanos pelos seus atos, como se a natureza fosse um ser vivente, que pensa e reage a ofensas.
As coberturas jornalísticas, como qualquer conversa de botequim, terão sempre um ponto de vista que será defendido, o que é normal. O que tem de existir é um pouco mais de respeito àqueles que não são como o Hommer Simpson, como gosta de afirmar William Bonner, apresentador do Jornal Nacional. Claro que somos a minoria, mas pensar que fenômenos climáticos, biológicos e geológicos estão interligados apenas porque aconteceram em datas próximas é uma simplificação exagerada até mesmo para o parco padrão jornalístico que existe no Brasil hoje (salvo raríssimas excessões). Como não gosto de criticar sem propor nada de concreto, proponho que essa classe de trabalhadores melhore um pouco seus conhecimentos sobre o funcionamento de certos mecanismos da Terra estudando a teoria de Gaia, de James Lovelock. Tenho certeza, será uma contribuição fundamental no trabalho desses profissionais e no respeito que deve ser mantido para com os telespectadores. E afirmar que a raça humana é a culpada por todas as transformações que estão ocorrendo no planeta, especialmente as climáticas, é no mínimo uma leviandade. Poderia ser aberto aí um canal de discussões, colocando frente a frente pessoas que acreditam e que não acreditam no aquecimento global antropogênico. Isso seria aceitável. Mas o que se faz é ver a versão que mais venderá a notícia e colocá-la no ar. Afinal, discutir democraticamente nunca foi uma das carcterísticas mais marcantes do Brasil, muito menos do seu jornalismo.
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Pense!

"Quem não raciocina é fanático, quem não sabe raciocinar é um imbecil e quem não ousa raciocinar é um escravo"
W. Brumon

Sobre o autor!

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Sou apenas um brasileiro, professor de Geografia, crítico da Política e das "politicalhas" que vejo todos os dias por aí. Sou um cara simpático com meus alunos e amigos, totalmente antipático com e que não acredita mais em política, que gosta muito de dar aula, principalmente pela liberdade de expressar minhas opiniões e discutí-las com os alunos. Gosto de viajar, gosto do bom e velho Rock'n'Roll. Gosto muito de Geografia e de estudar os "matos" desse país. Acho mesmo que nasci no país errado: prefiro campo a praia, vinho a cerveja, frio a calor, morenas a loiras, honestidade ao famoso "jeitinho brasileiro". Enfim isso tudo. Quem quiser saber mais pergunte para meus amigos e alunos.

Sobre o Blog!

Olá a todos.


Estamos caminhando por um mundo globalizado que não enxerga diferenças mais do que econômicas, por isso esse é um dos focos dos atuais estudos geográficos. Como amante, seguidor e professor dessa velha matéria, me sinto na responsabilidade de passar as idéias e atualidades desse contexto para os meus alunos e amigos, como quaisquer outros seguidores que vierem.

A visão é de uma pessoa que passou por diversas dificuldades e ainda passa, vivendo na periferia e tentando, a partir dela, criar certa resistência ao processo de desmonte da educação como um todo que acontece hoje no nosso país. Portanto, continuem se sentindo em casa, e não se esqueçam de comentar e dar suas opiniões sobre cada postagem. Como sempre, respondo aos comentários o mais breve possível.



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