Não que isso seja alguma novidade, afinal de contas o desmatamento na Amazônia é estimulado pelo governo já há muito tempo. E o governo Lula não é diferente dos outros. A grande repercussão nesse caso foi mais por conta do mau estar causado no governo pelo bate-boca entre ministros do que pelo desmatamento em si.
A ministra Marina Silva (meio ambiente) e o ministro Reinhold Stephanes (agricultura) andaram trocando farpas para ver quem ficava com os "louros da vitória", ou seja, quem não levaria a culpa por mais essa.
Já há muitos anos venho falando em sala de aula que a grande discussão quando se trata de Amazônia não é ecológica, é econômica. A região norte do Brasil sempre foi utilizada como válvula de escape. No passado, quando foi necessário acabar com as Ligas Campesinas que lutavam por reforma agrária no nordeste, muitos trabalhadores foram realocados na Amazônia, mesmo sem conhecimento sobre a região, as doenças, produtos e formas de cultivo. Funcionou: as ligas foram desarticuladas. E na Amazônia? Morte e abandono para os agricultores. Hoje, o Brasil se vê como uma grande potência na comercialização de carnes e grãos, que são produzidos em grande quantidade no centro-norte do país. E a floresta é vista sim como um empecilho, uma pedra no sapato do desenvolvimento a qualquer custo, tão característico desse país.
Mais importante do que discutir sobre o assunto seria punir os culpados. Mas qual político brasileiro pode bater no peito e dizer "eu aplicarei a sentença" ou "eu punirei os culpados"? Nenhum. Quando o lobo é quem toma conta das ovelhas, outros lobos se aproveitam. Como são todos da família, todos se aproveitam, alguns mais, outros menos. E moral para punir os infratores ninguém que seja membro desse governo tem. Ou tem o rabo preso mesmo.
Enquanto ministros discutem, a floresta cai. Enquanto punições não são aplicadas, a floresta cai. Enquanto se discute se os dados da devastação são esses, maiores ou menores, a floresta cai. Devíamos logo deixar cair também a máscara, derrubar a floresta amazônica de uma vez e manter o desenvolvimento desenfreado, em que patrimônios ambientais desaparecem, governantes e empresários enriquecem, a população empobrece e o Brasil continua sendo o país do futuro. Um futuro sombrio e aterrador, mas ainda assim, um futuro.
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