Não, o governador não ficou louco. Ele deu essa resposta aos repórteres quando perguntado sobre o princípio de rebelião ocorrida na colônia penal de Campo Grande no dia 05 de Fevereiro desse ano, onde os presos cumprem pena em regime semi-aberto. Dois policiais militares foram até a colônia para prender um dos internos, suspeito de assalto. Pelo que foi divulgado na imprensa, a viatura foi cercada e, depois da fuga dos policiais, incendiada. A informação de que eles teriam sido espancados, dada no Jornal Nacional de ontem, 07/02/08, não foi confirmada por nenhum outro veículo de informação.
Além do prejuízo material, fica também uma imgem ruim para a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP), pois foi encontrado no dia seguinte um pé de maconha no local. Em uma vistoria no começo do ano foram encontradas bebidas, drogas e garotas de programa. Isso sem contar que a colônia penal tem capacidade para 80 presos e abrigava atualmente cerca de 490, segundo a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen).
É claro que o governador extravasou as emoções naquele momento. Mas não está completamente errado, afinal o policial é treinado para defender as pessoas, inclusive ele mesmo. Se pensarmos em cem detentos tentando agredir dois policiais, já é justificável o uso da arma de fogo como defesa. Mas como era de se esperar, uma rápida reação de repúdio foi dada pela Comissão de Direitos Humanos da OAB-MS, que afirmou que "todos devem ter seus direitos respeitados, inclusive quem está preso". Muito justo, afinal a lei é para todos, certo? Isso inclui os policiais envolvidos.
No site da OAB-MS, o presidente da Seccional Mato Grosso do Sul, Fábio Trad, declarou que o episódio de violência era um fato previsível. Só não entendi uma coisa: se os detentos são tão capazes de atos violentos que chegam a ser previsíveis, porque o regime semi-aberto? Com tantas informações contraditórias sobre o que houve com os policiais, procurei insistentemente no site da OAB-MS sobre notícias dos policiais envolvidos, mas não encontrei nada. Parece mesmo é que policiais não têm os tais direitos humanos.
Não estou dizendo que os presos não devem ter seus direitos respeitados. Mas gostaria realmente de ver a comissão de Direitos Humanos aparecer mais para defender os outros cidadãos, gente de bem, pais e mães de família, famílias inteiras, assaltados, violentados, desrespeitados de todas as formas por bandidos comuns, bandidos políticos e até bandidos advogados (afinal gente ruim tem em todas as profissões). Enquanto só aparecerem para defender direitos de bandidos, fica difícil acreditar e aceitar sua imagem de bem-feitora.
Criticar o sistema prisional agora e dizer que aquilo era previsível é muito cômodo. Mas fazer algo com o conhecimento jurídico, isso não foi feito. Critiquem o governador, eu entendo. Muito fácil ser a pedra. Difícil mesmo é ser a vidraça.
* Borduna: arma típica indígena, mais conhecida como clava.
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