Um turbilhão de ideias!

O mundo

Paixão pela Geografia.

Mapa múndi antigo

Mapa do Mundo de I. Evans - 1799.

Globos terrestres

Decorativos e lindos.

Geografia física

Estudar o físico para entender o humano.

Geopolítica

A arte de entender o mundo.

O Marketing Verde

O início do processo de degradação do meio ambiente e dos ecossistemas do planeta começou por volta do século XIX, em um movimento que ficou conhecido como Revolução Industrial. A utilização de grande quantidade de energia e recursos naturais na fabricação e comercialização de muitos produtos foi e é decisiva para as conseqüências desastrosas que estão assolando a Terra, se usados de forma irresponsável e sem controle. Além desse fator, outros elementos que vem contribuindo continuamente com a agressão à natureza são a crescente urbanização e concentração populacional, o consumo irresponsável de bens que contribuem com a contaminação do sol, do ar, das águas com os resíduos líquidos, sólidos e gasosos, causando também o efeito estufa, aquecimento global, elevação do nível dos mares, além do desmatamento de florestas e extinção de espécies de animais.
A preocupação com o futuro do planeta e as medidas de combate à degradação de seus recursos vem sendo evidenciados ao longo das décadas através de conferências e protocolos. Autoridades, estudiosos, cientistas, ambientalistas e demais pessoas e entidades definem processos ao meio ambiente. Muito já se ouviu falar em gestão ambiental, uma nova área do conhecimento que desenvolve políticas, programas e práticas que levam em conta a saúde, a segurança das pessoas e do meio ambiente, o desenvolvimento social e o desenvolvimento econômico, criando produtos orgânicos que amenizam o impacto ambiental, além, claro, de todas as propagandas conscientizadoras da responsabilidade social de cada um.
No entanto, não se pode esquecer que vivemos em um sistema social duvidoso. Os projetos, as políticas, programas e propagandas são interessantes, legalizados e postos em prática, porém essas novas medidas trazem conseqüências para toda cadeia de negócios, que vai desde a extração de matéria-prima, passando pela elaboração dos produtos e pela distribuição, até o produto chegar ao consumidor. E é assim que o marketing entra em ação, voltado para a gestão ambiental. A comunicação de marketing é voltada para a divulgação dos produtos verdes para os consumidores, revendedores, sociedades e públicos interessados, enfatizando a preocupação da empresa com o clima do planeta, com a renovação dos recursos da Terra. As ações podem ser as utilizações de papel reciclado na publicidade impressa, em campanhas de conscientização dos cuidados que todos devem ter com os ecossistemas ou um evento que mobiliza a sociedade para limpar rios e mares. E paralelo a isso, o lançamento de produtos verdes com o desenvolvimento de embalagens biodegradáveis, e com um menor ciclo de vida para que se possa reciclar depois. Claro, todos esses produtos são encarecidos, e como o lucro é sinônimo de capitalismo, não seria de se estranhar que essa fosse uma grande jogada de marketing mascarada por uma causa nobre e comovente.
Portanto, não basta que medidas assim vigorem apenas no papel. É preciso a colaboração de todos, sem exceção, principalmente de grandes indústrias que esquecem da sua responsabilidade social. Priorizar o desenvolvimento econômico sem se importar com a catástrofe ambiental que vem ocorrendo, e que provavelmente se agravará em médio prazo, pode acarretar problemas irreversíveis. Todos esses projetos, políticas, programas e propagandas não são apenas métodos que tentam amenizar o impacto ambiental, essas medidas, a cada devastação, a cada queimada, a cada rio poluído, passam a ser uma questão de sobrevivência. A polêmica é grande e o assunto repercute cada vez mais na mídia. Dinheiro não se come, e provavelmente essa seja a única teoria que o mundo venha a aprender na prática em um futuro não muito distante.

Stéfani Sasaki, autora do texto, é aluna do 3º ano do Ensino Médio no Colégio João Paulo I, em São Paulo. Escreveu esse texto a meu pedido, como parte das avaliações da disciplina Geografia no terceiro trimestre de 2007. A qualidade do texto me levou a colocar em prática um antigo desejo, o de publicar textos de boa qualidade dos meus aluno no blog (con autorização deles, é claro!). Espero poder repetir isso mais vezes aqui.

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E a Geografia, hein?

Ao me encaminhar para o colégio na última terça-feira (06/11/07), recebi no caminho uma edição do Jornal Publi Metro, cuja manchete era "77% dos brasileiros não acham São Paulo no mapa". Fiquei muito triste, obviamente, pois sou professor de Geografia e apaixonado pela matéria.
Outros dados da pesquisa, realizada pelo Instituto Ipsos, revelam que metade dos entrevistados não consegue localizar o Brasil num mapa-mundi. A maioria não consegue localizar os estados do Pará, São Paulo ou Rio Grande do Sul. Nordestinos não sabem onde fica o Ceará (terra do Padre Cícero, lembram?). Com relação a outras localidades no mundo, a coisa ficou pior, o que eu achava impossível. A maioria dos entrevistados (82%) não consegue localizar os EUA, apesar de consumir diariamente toda a cultura globalizante desse país. Também não conseguem localizar a França, o Japão e, pasmem, a Argentina.
Como professor de Geografia, é possível ver de dois ângulos essa pesquisa. O primeiro é a decepção de ver o trabalho realizado todo dia não ter um resultado significativo. Outro é o do desafio, de fazer isso melhorar, de mudar esse resultado. Mesmo sabendo que para isso deve-se lutar contra os interesses de governos que dependem de um povo semi-analfabeto ou analfabeto mesmo para votar nas eleições e perpetuar o modelo corrupto-exploratório que aí está. Também é necessário lutar contra o desinteresse de um povo que se acostumou a não reclamar, não lutar, não exigir, não fazer por onde. É corrente o pensamento de que o ensino no Brasil não funciona corretamente, o que é verdade. Na escola pública, por que professores mal remunerados e sem estímulo não ensinam, enquanto alunos pouco motivados não tentam aprender. E na escola particular (salvo raras excessões), pais despreparados que acham que exigir aprovação porque pagam a mensalidade é o melhor que podem fazer por seus filhos, sob "pena" de tirarem os filhos das escolas. Assim os alunos também se sentem pouco motivados, não há a sensação do desafio do aprender. Sem o estímulo, sem o desafio, o que é aprender? O que é ensinar?
Não é a toa que chegamos nesse nível. É obra de um grande conjunto de fatores que faz com que tenhamos uma maioria esmagadora que não conhece Geografia nem qualquer outra matéria, limitando a capacidade do país de crescer e impedindo que ele saia da posição de fornecedor de mão-de-obra barata e desqualificada na Divisão Internacional do Trabalho.
Muitas vezes sou questionado por afirmações que faço em sala de aula e esta venho fazendo há anos: O Brasil tem o melhor sistema de ensino do mundo! "Como assim?", perguntam as pessoas. E eu explico: afinal o que é um sistema? Sistema é um conjunto de fatores interligados, que fazem algo, um "todo", funcionar organizadamente. Tem sempre um objetivo, um método de organização e resultados esperados.
Quando falo do Sistema Educacional Brasileiro (sic!), estou falando de algo pensado para que as pessoas passem pela escola e saiam com diplomas sabendo o mínimo possível, de preferência apenas sabendo assinar o nome. Números são importantes para mostrar na ONU (97% das crianças em idade escolar estão na escola, no Brasil), fazem com que a imagem do país seja respeitada no exterior, mas não refletem a realidade. Os métodos utilizados são vários, mas refletem duas práticas constantes: retirar parte do salário dos professores que reprovam alunos e extinguir a repetência, mesmo que o aluno não aprenda. Em São Paulo, este sistema recebe o nome de Progressão Continuada. Os resultados esperados? Uma população de semi-analfabetos, analfabetos funcionais e analfabetos completos*, que sem saber ler, escrever ou entender algo perpetua no poder políticos que vivem da exploração das riquezas do país, enriquecendo-se mais e mais.
Por isso é que digo que o sistema educacional brasileiro é o melhor do mundo. Tem objetivos claros, métodos bem definidos e alcança quase plenamente os seus intentos. Ele funciona! Os resultados dessa pesquisa são apenas um reflexo de um país que não valoriza a educação pela fato dela ser um bem coletivo. Bens coletivos normalmente tiram dinheiro do bolso e da cueca dos políticos. Além disso, a população acostumou-se com os "bolsas-esmola" e com as latas de leite que algumas prefeituras dão. Enquanto ir à escola tiver como objetivo receber dinheiro ou latas de leite, a educação pública continuará sendo improdutiva, como é hoje. O pior mesmo, de tudo que foi escrito aqui, é a falta de perspectiva de melhoria, uma vez que entramos nesse círculo vicioso de políticos que não investem na educação, pessoas que não gostam de estudar e escolas que formam incapacitados com diplomas. Se continuar desse jeito vamos ter de importar mão-de-obra para a Copa de 2014!

*Dados sobre analfabetismo na postagem "Educação? No Brasil?", de maio de 2007.

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Quando a política entra no meio...

Historicamente, o MST tem atuado no Brasil, desde meados da década de 80, pela reforma agrária e o acesso à terra, altamente concentrada nas mãos de poucos proprietários. Mas de algum tempo para cá, alguma coisa mudou. Aquele movimento de ocupação, que visava mostrar à sociedade a grande quantidade de terras improdutivas no país virou algo parecido com um partido político. E isso, é claro, no pior sentido possível.
Ontem a estrada de ferro Carajás, no Pará, foi invadida pela terceira vez. A locomotiva, que manobrava no pátio, foi imobilizada, os funcionários retidos e depois de meia hora libertados. Faixas e bandeiras foram afixadas no trem, como mostra a foto acima*.
Esse tipo de manifestação deixa claro como as massas populares são facilmente manipuladas, convencidas a praticar atos ilegais, em que a emenda sairá pior do que o soneto. De acordo com o site do MST, várias eram as reivindicações. Entre elas, o aumento do repasse de verbas, investimentos em programas sociais, construção de moradias populares e hospitais, programas de educação com escolas convencionais e técnicas e a criação de um conselho deliberativo, com representantes da CVRD, governos e sociedade civil para determinar os rumos da exploração mineral na região. Só se esqueceram de uma coisa: a CVRD é uma empresa privada! Além das obrigações impostas por lei, ela não tem responsabilidade nenhuma para com a população local. Só fará alguma coisa nesse sentido se ela mesma decidir. Também é ingenuidade achar que uma empresa privada vai deixar a sociedade civil decidir os rumos da sua produção. Acreditar nesse tipo de história é para gente mal-informada ou mal-intencionada. E fazer essa empresa ter um prejuízo da ordem de US$10 milhões (segundo a CVRD) não é jeito mais inteligente de pedir alguma coisa.
Quando digo que deve-se tomar mais cuidado com ações desse tipo não é porque sou intransigente com movimentos populares. Muito pelo contrário. Ao parar a linha férrea, o MST faz exatamente aquilo que a CVRD queria: ser transformada em vítima. Ou o MST acha que a CVRD vai levar a culpa pela falta de abastecimento de combustível ou o transporte de passageiros? Ao ler o manifesto na página do movimento na internet, uma coisa fica clara: eles querem dinheiro. A Vale lucra como nunca e como não é mais estatal, não há roubos, propinas e corrupção. Alegam de forma correta que o processo de privatização foi vergonhoso, no que concordo. Mas uma vez realizado, não há volta. Ou será que conseguirão colocar na cadeia o ex-presidente da república Fernando Henrique Cardoso e a cúpula de seu governo? De outra forma não há legitimidade para anular a privatização.
Outra coisa que não entendo é o histórico do movimento, colocado na página da internet. Nele, há uma critica aberta ao período FHC: "O Brasil sofreu 8 anos com o modelo econômico neoliberal implementado pelo governo FHC, que provocou graves danos para quem vive no meio rural, fazendo crescer a pobreza, a desigualdade, o êxodo, a falta de trabalho e de terra". No entanto, defende o governo Lula: "A eleição de Lula, em 2001, representou a vitória do povo brasileiro e a derrota das elites e de seu projeto", apesar de que "mesmo essa vitória eleitoral não foi suficiente para gerar mudanças significativas na estrutura fundiária e no modelo agrícola". Se a luta era por acesso às terras e reforma agrária, porque defender um governo que é incapaz de gerar as reformas necessárias e atender às reinvidicações originais do movimento?
A verdade é que o governo Lula paga as contas do MST e por isso eles o defendem. A luta pela terra não importa mais, o movimento é mais importante do que as conquistas. Se hoje o governo decidisse fazer uma reforma agrária, eles seriam os primeiros a lutar contra. "E a fonte de renda, vai sair de onde? Da terra?", diriam eles. Estão acostumados a serem financiados, não querem mais trabalhar. E para que isso continue, é necessário que a manipulação da massa continue. Criticam empresários e industriais, assim como os políticos. No entanto fazem o mesmo que eles: prometem algo que não tem intenção nenhuma de cumprir, apenas para continuar recebendo as verbas federais, quase como um partido político. Não é mais um movimento popular. É uma máquina de fazer dinheiro.

*Foto: Divulgação (http://www.cvrd.com.br)
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Taí o "espetáculo do crescimento"!!

Já há muito tempo falo em sala de aula que o Brasil não tem condições de crescer economicamente como o governo federal vive anunciando. O tal "Espetáculo do Crescimento" não pode acontecer, por motivos simples. Vivemos em um país onde, incrivelmente, é possível dissociar crescimento produtivo de crescimento econômico. Até temos certa capacidade de aumentar a produção, o que não representa necessariamente um reflexo positivo na balança comercial.
Tudo isso ocorre por causa dos gargalos na produção: redes materiais e imateriais, necessárias para o bom funcionamento do trinômio produção-transporte-venda são arcaicas, mal administradas, mal conservadas e insuficientes, impedindo um aumento nas exportações. Além disso, como bem mostra a atual crise do abastecimento do gás, não há energia suficiente para um crescimento mais acelerado do que temos visto nos últimos anos.
Vários erros foram cometidos ao longo das várias gestões na administração federal, que empurraram o problema "com a barriga". Eles culminam agora na incapacidade brasileira de alçar vôos maiores na economia globalizada. Na tabela acima* pode-se ver, em porcentagem, a produção de energia de acordo com as matrizes energéticas. Fica claro que, apesar da redução significativa na participação das Hidrelétricas, o país ainda é refém dela. A segunda matriz energética mais utilizada é o gás, agora utilizado para cobrir deficiências no abastecimento hidrelétrico.
O problema na não diversificação das matrizes energéticas é que o potencial hidrelétrico diminui sensivelmente em épocas de estiagem, com redução dos reservatórios. Isso está acontecendo agora e a solução encontrada pelo governo foi desviar gás para a produção de energia em termelétricas, normalizando esse setor. Só que o gás que deixou de ser entregue, especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro, praticamente paralisou setores industriais inteiros, como o ceramista, além de atingir em cheio a maior frota de automóveis movidos a gás no país (o RJ tem mais de 700 mil carros usando essa fonte de energia).
Agora o governo diz que entregava mais gás do que estava nos contratos e que irá apenas cumprí-los. Esquece-se que ele próprio incentivou pessoas e indústrias a investir nessa matriz energética, o que agora pode significar um prejuízo de milhões de reais, especialmente para indústrias que não tem uma segunda opção de energia.
Como disse no começo, o Brasil não tem capacidade energética para crescer economicamente mais do que já cresce, por volta de 4,5% ao ano, muito atrás da Argentina, por exemplo, que cresce 9% ao ano. Que isso sirva de lição para os planejadores públicos, que esquecem-se das mais simples contas de matemática: o crescimento no fornecimento deve ser maior do que no consumo, senão corre-se o risco de um novo apagão (o que sinceramente não acredito). Mesmo não correndo o risco de sofrer um apagão como em 2001, acredito que os setores que dependem do gás vão sofrer um grande baque, prejudicando seu crescimento e afetando negativamente a balança comercial brasileira. Parece a velha história do cobertor curto, ou cobre os pés ou a cabeça. Seja lá o que for que ficar "descoberto", prejudicará o tal espetáculo do crescimento. Basta esperar para ver qual atitude o governo tomará, mas já adianto: será aquela que trouxer o menor prejuízo eleitoral possível.

*Fonte: www.aneel.gov.br (consultada em 03/11/2007)
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Tiros, mamatas, renúncia e arritmia.

O que esses quatro elementos têm em comum? Estarem presentes na história do mais novo "cidadão comum" do Brasil, o ex-deputado Ronaldo Cunha Lima (PSDB-PB). Esse senhor renunciou ao seu mandato de deputado federal no último dia 31 de outubro e agora será julgado pela justiça comum da Paraíba, estado pelo qual já exerceu cargos públicos como vereador e prefeito (duas vezes) de Campina Grande, governador do estado e deputado federal (estava em seu segundo mandato).
Ao renunciar, Cunha Lima perde o foro privilegiado, ou seja, não será mais julgado pelo Superior Tribunal de Justiça, onde a sua condenação era iminente. Perder o foro privilegiado nada mais é do que não ter mais a imunidade (ou impunidade?) parlamentar, não podendo ser julgado pelo STJ. O processo volta agora para Campina Grande e começa do zero. Por quatorze anos, Cunha Lima se escondeu atrás da impunidade parlamentar para escapar às acusações de tentativa de assassinato. Ele disparou três tiros contra o ex-governador do estado Tarcísio de Miranda Buriti, alegando ter de defender a "honra de seu filho", então superintendente da SUDENE* e atual governador do estado. Buriti sobreviveu ao ataque.
Agora, com o julgamento marcado para dia 05 de novembro, ele renunciou, em uma nova manobra para não ir à julgamento. Isso mostra novamente que a lei do Brasil favorece os infratores, desde que esses tenham dinheiro ou influência, ou seja o crime compensa! Por quantos anos mais esse processo irá rolar? Só Deus sabe se pegará o acusado vivo!
E não digo isso pelo fato dele estar internado, alegando um caso de arritmia cardíaca. Isso já era esperado, afinal de contas ele é um senhor de idade que de repente foi obrigado, para escapar de um processo, a abrir mão de ter acesso a um dos mais lucrativos negócios da história da humanidade: ser deputado ou senador no Brasil. Não tem coração que aguente!
Isso é só para mostrar o tipo de políticos que temos em Brasília, do qual Cunha Lima é um dos representantes mais simples. Há piores que ele, sem dúvida. E serve também para mostrar como a máxima da justiça foi "adaptada" ao Brasil. 'Todos são iguais perante à lei. Mas alguns são mais iguais do que outros'. Como diz uma amiga minha "...e a sociedade pagando..." Lamentável.

*SUDENE: Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, órgão público federal responsável pelo desenvolvimento de políticas de fomento sócio-econômico do nordeste. Foi extinta em 2001 e recriada em 2002, com o nome ADENE - Agência de Desenvolvimento do Nordeste. Historicamente um dos órgão mais acusados de corrupção e desvios de verbas do Brasil, em todos os tempos.
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Só o tempo dirá!

Divulgado oficialmente pela FIFA: O Brasil vai novamente sediar uma Copa do Mundo, a de 2014. Esportivamente, acredito que sediar um evento desse porte será algo excepcional para o país, que terá uma onda de investimentos estrangeiros e nacionais para a construção da infra-estrutura necessária à sua realização. Em todas as discussões sobre o assunto, surgem vária visões, entre elas a de que será algo inesquecível, outra de que isso é uma grande palhaçada.
Sou obrigado a me posicionar com a galera que tem a segunda opinião, mas não nos esqueçamos de que acho esportivamente o evento muito importante. Alguns argumentam que a infra-estrutura construída será permanente, ficará como legado do evento, o que é uma grande verdade. Mas também é verdade que construir infra-estruturas para transporte e segurança, entre outros, é uma obrigação dos governos, que não o fazem. Os defensores alegam também que haverá geração de empregos, melhoria na infra-estrutura para o turismo e divulgação do nome do país, mostrando a capacidade de realização de eventos de grande magnitude no Brasil. Tudo isso é verdade, mas me pergunto: A que preço?
A escolha do Brasil como sede da copa é algo facilmente compreensível, visto que era o único candidato. O Brasil fez grandes apresentações e defesas na sede da FIFA, elogiadas por todos. A partir de agora, precisamos saber como as coisas acontecerão.
A previsão de gastos com a Copa foi estimada em aproximadamente 5 bilhões de reais, o que preocupa enormemente. Como exemplifiquei aqui na postagem "Ainda sobre o Pan!", de 15 de julho, a diferença entre previsões e gastos finais daquele evento foi de 800% (pulou de 400 milhões para 3,7 bilhões). Se isso ocorrer na Copa, o que acho muito provável, vamos ter de pagar muito imposto.
Duas coisas me revoltam quando o Brasil se dispõe a realizar esse tipo de evento: a primeira delas é que sabemos que tudo será superfaturado, as concorrências ficarão para última hora, não haverá tempo para fazer tudo e aí contrata-se sem licitação mesmo, vira um buraco sem fundo, por onde vazará o dinheiro dos impostos que pagamos. A segunda é que fizeram um grande estardalhaço pela escolha como sede, anunciaram as construções e reformas da infra-estrutura, ingressos a preços populares, planos para a segurança, e porque? Para quem? A verdade é que o governo novamente mostra à população que tem dinheiro e sabe fazer aquilo para o que é pago. Não faz por pura sem-vergonhice e descaramento. Para construir hospitais, escolas, estradas, portos e aeroportos? Não temos dinheiro! Para pagar melhores salários aos profissionais do serviço público? Não temos dinheiro! Para pagar uma aposentadoria decente para nossos idosos? Não temos dinheiro! Mas para fazer uma Copa do Mundo, sim temos dinheiro!
Farão agora todas as obras que deveriam ter feito para a população com o dinheiro dela, mas não fizeram. E não fizeram porque usaram as promessas como barganha eleitoral: "Você vota em mim, eu faço aquilo. Não fiz, não houve recursos. Mas se eu for reeleito, farei. Não fiz, mas meu sucessor fará", e assim por diante. E nada sai do papel. Mas como agora que os "gringos" vão vir, ficar, se hospedar, gastar os seus dólares e euros aqui, vamos construir a infra-estrutura para os turistas, e os moradores que fiquem com as sobras. Isso é o que significa dizer que "a infra-estrutura ficará, será definitiva".
Como já disse, há várias visões sobre esse assunto, basicamente três: a daqueles que sabem que levarão vantagem nessa história, a daqueles que sabem que pagarão caro por isso e aqueles (maioria) que não sabem que pagarão pelo evento, e por isso acham lindo que a Copa seja aqui.
Vão falar, com certeza: "PUTA CARA CHATO!!!!" Sou obrigado o concordar que sou chato, mas não consigo ver com bons olhos a realização de um evento esportivo enorme e caríssimo, pago com o dinheiro dos impostos da população, enquanto ficamos de fora (ingresso popular = carro popular?). Depois de toda a corrupção, desvios de verbas públicas, atrasos e construções, haverá a Copa. A infra-estrutura ficará? É claro! Mas não nos esqueçamos de que as dívidas também ficarão, as das construções e dos enriquecimentos ilícitos que ocorrerão. Com certeza bateremos todos os recordes de corrupção, expropriação e desvios da história. E como sempre nesse país, quem pagará as contas seremos nós, do povo. Eu espero sinceramente estar errado, que essas previsões não se confirmem, que tudo dê certo, seja feito no prazo e abaixo dos custos planejados e que o Brasil faça uma Copa do Mundo inesquecível. Mas infelizmente não confio tanto assim na política e nos políticos brasileiros, principalmente metidos agora com o pessoal da CBF. Só o tempo dirá como as coisas acontecerão! (Falaremos mais sobre isso em futuras postagens.)

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Média!

De acordo com o dicionário, Média, no popular, significa café com leite. No Brasil, agora, podemos acrescentar mais alguns ingredientes, tais como Água Oxigenada e Soda Cáustica. De acordo com alguns químicos, essa mistura praticamente transforma o leite em água, tira as vitaminas, diminui custos e faz com que o prazo de validade do leite seja maior. Não custa lembrar que diminuir custos, para um capitalista, significa aumentar a margem de lucro, objetivo final do processo de produção. E quanto menor for o custo, maior o lucro. Simples assim.
Não importam realmente as milhares de pessoas que tomam leite (?) todos os dias, muitas delas com remédios e alguns para minorar problemas estomacais (práticas comuns à população, apesar de não recomendado por médicos e nutricionistas). Também não importa que as pessoas tomem leite por ser um produto saudável (?), muitas vezes o único café da manhã de muitos trabalhadores.
Mais uma vez sou obrigado a falar que o exemplo vem de cima. Os falsos governantes desse país pouco se importam com a população, mostrando todos os dias que não a respeita. E enquanto punições não forem aplicadas à canalhada que ocupa cargos em Brasília, vai ficar difícil que "espertinhos" não queiram levar vantagem da população, alterando produtos, adulterando datas de validade (caso recente de queijos no sul de Minas Gerais) e até mesmo colocando em risco as vidas das pessoas.
Hoje não podemos mais confiar no leite que bebemos! E não adianta agora falar que vão fazer coletas no país inteiro, analisar e mostrar que o leite é seguro. Basta que se respondam às perguntas: Há quanto tempo esse leite era adulterado? Quantas pessoas foram prejudicadas comprando leite e tomando água com soda cáustica? Qual o ressarcimento que elas terão? E qual a punição aos envolvidos? Se o Brasil for capaz de responder a essas perguntas e punir os responsáveis, alguma coisa terá mudado e eu terei motivos para, novamente, acreditar nesse país. Mas pelo jeito, continuarei sendo um cético.
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Um novo Código de Trânsito.

Como professor, sempre procurei falar para meus alunos as verdades conhecidas por poucos nesse país. Uma dessas verdades é que temos hoje uma geração de pessoas com pouca educação formal, mal preparadas para o mercado de trabalho, para o convívio em sociedade e, consequentemente, para o trânsito. A geração de motoristas que aí está, com volantes e guidões nas mãos, não tem preparo suficiente para encarar o trânsito de uma cidade grande.
Outra dessas verdades incontestáveis é a de que toda vez que um país precisa fazer leis para impedir coisas que uma boa educação impediria, isso se torna perigoso. Fazer uma lei para impedir as pessoas de jogar lixo nas ruas é algo estranho, no mínimo, afinal de contas (acredito eu) se as pessoas não saem jogando lixo dentro de casa, porque jogam nas ruas?
O povo brasileiro, em sua maioria, não tem consciência ambiental, o que é facilmente explicável pela falta de educação formal. Se não se ensina educação como um todo, como seria possível estudar uma parte dela? O que isso tem a ver com trânsito? Basta perguntar para um motociclista o que uma latinha de alumínio pode fazer. Ao jogar a lata pela janela, pode-se acertar o motociclista, que assustado, pode vir a cair. Já estando no chão, o obriga a desviar, o que pode tornar a condução perigosa. Se não vista, como num dia de chuva, à noite, pode levar à uma queda. Muito se fala de direção perigosa, e se culpa os motociclistas (não estou aqui para defendê-los), mas para quem anda nas ruas de São Paulo todos os dias como eu, por vias principais, avenidas grandes e pequenas ruas, uma coisa está clara: todos cometem errros, alguns mais outros menos, mas isso independe do veículo em que ele está.
O que se vê frequentemente nas ruas de São Paulo é gente cometendo as maiores barbáries no trânsito, seja de carro, seja de moto. Pela agilidade natural das motos, vê-se que atualmente muito mais infrações cometidas por elas, muito pela própria obrigação do serviço, que cobra rapidez. E todos sabemos que velocidade + trânsito = acidentes. Também é claro que os motoristas também cometeriam as mesmas infrações, se fosse possível.
O código de trânsito brasileiro não é antigo, vem sendo modificado e adaptado. Parece que isso ocorre muito lentamente, enquanto que as mudanças na sociedade são cada vez mais rápidas. Dessa forma, o código continua ultrapassado e mudanças que poderiam ser feitas não são. E mais mortes continuam a ocorrer, no trânsito que é um dos mais violentos do mundo (e nem estamos falando das mortes em estradas).
Precisamos de novas aplicações para o código, mas os governos e instituições que cuidam do trânsito precisariam dar o exemplo. Pode-se dizer que para cada ação, há uma reação. Mas pode-se dizer também que para cada falta de ação, há o estímulo ao delito. A mensagem que vem de cima é clara: "Nós, os governantes, estimulamos o crime". Eles apenas não são homens e mulheres o suficiente para admitir a verdade. E a verdade é que coisas erradas dão lucro, seja financeiro, seja eleitoral. Mas na maior parte dos casos, os dois ocorrem juntos.
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Pense!

"Quem não raciocina é fanático, quem não sabe raciocinar é um imbecil e quem não ousa raciocinar é um escravo"
W. Brumon

Sobre o autor!

Minha foto
Sou apenas um brasileiro, professor de Geografia, crítico da Política e das "politicalhas" que vejo todos os dias por aí. Sou um cara simpático com meus alunos e amigos, totalmente antipático com e que não acredita mais em política, que gosta muito de dar aula, principalmente pela liberdade de expressar minhas opiniões e discutí-las com os alunos. Gosto de viajar, gosto do bom e velho Rock'n'Roll. Gosto muito de Geografia e de estudar os "matos" desse país. Acho mesmo que nasci no país errado: prefiro campo a praia, vinho a cerveja, frio a calor, morenas a loiras, honestidade ao famoso "jeitinho brasileiro". Enfim isso tudo. Quem quiser saber mais pergunte para meus amigos e alunos.

Sobre o Blog!

Olá a todos.


Estamos caminhando por um mundo globalizado que não enxerga diferenças mais do que econômicas, por isso esse é um dos focos dos atuais estudos geográficos. Como amante, seguidor e professor dessa velha matéria, me sinto na responsabilidade de passar as idéias e atualidades desse contexto para os meus alunos e amigos, como quaisquer outros seguidores que vierem.

A visão é de uma pessoa que passou por diversas dificuldades e ainda passa, vivendo na periferia e tentando, a partir dela, criar certa resistência ao processo de desmonte da educação como um todo que acontece hoje no nosso país. Portanto, continuem se sentindo em casa, e não se esqueçam de comentar e dar suas opiniões sobre cada postagem. Como sempre, respondo aos comentários o mais breve possível.



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