Um turbilhão de ideias!

Taí o "espetáculo do crescimento"!!

Já há muito tempo falo em sala de aula que o Brasil não tem condições de crescer economicamente como o governo federal vive anunciando. O tal "Espetáculo do Crescimento" não pode acontecer, por motivos simples. Vivemos em um país onde, incrivelmente, é possível dissociar crescimento produtivo de crescimento econômico. Até temos certa capacidade de aumentar a produção, o que não representa necessariamente um reflexo positivo na balança comercial.
Tudo isso ocorre por causa dos gargalos na produção: redes materiais e imateriais, necessárias para o bom funcionamento do trinômio produção-transporte-venda são arcaicas, mal administradas, mal conservadas e insuficientes, impedindo um aumento nas exportações. Além disso, como bem mostra a atual crise do abastecimento do gás, não há energia suficiente para um crescimento mais acelerado do que temos visto nos últimos anos.
Vários erros foram cometidos ao longo das várias gestões na administração federal, que empurraram o problema "com a barriga". Eles culminam agora na incapacidade brasileira de alçar vôos maiores na economia globalizada. Na tabela acima* pode-se ver, em porcentagem, a produção de energia de acordo com as matrizes energéticas. Fica claro que, apesar da redução significativa na participação das Hidrelétricas, o país ainda é refém dela. A segunda matriz energética mais utilizada é o gás, agora utilizado para cobrir deficiências no abastecimento hidrelétrico.
O problema na não diversificação das matrizes energéticas é que o potencial hidrelétrico diminui sensivelmente em épocas de estiagem, com redução dos reservatórios. Isso está acontecendo agora e a solução encontrada pelo governo foi desviar gás para a produção de energia em termelétricas, normalizando esse setor. Só que o gás que deixou de ser entregue, especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro, praticamente paralisou setores industriais inteiros, como o ceramista, além de atingir em cheio a maior frota de automóveis movidos a gás no país (o RJ tem mais de 700 mil carros usando essa fonte de energia).
Agora o governo diz que entregava mais gás do que estava nos contratos e que irá apenas cumprí-los. Esquece-se que ele próprio incentivou pessoas e indústrias a investir nessa matriz energética, o que agora pode significar um prejuízo de milhões de reais, especialmente para indústrias que não tem uma segunda opção de energia.
Como disse no começo, o Brasil não tem capacidade energética para crescer economicamente mais do que já cresce, por volta de 4,5% ao ano, muito atrás da Argentina, por exemplo, que cresce 9% ao ano. Que isso sirva de lição para os planejadores públicos, que esquecem-se das mais simples contas de matemática: o crescimento no fornecimento deve ser maior do que no consumo, senão corre-se o risco de um novo apagão (o que sinceramente não acredito). Mesmo não correndo o risco de sofrer um apagão como em 2001, acredito que os setores que dependem do gás vão sofrer um grande baque, prejudicando seu crescimento e afetando negativamente a balança comercial brasileira. Parece a velha história do cobertor curto, ou cobre os pés ou a cabeça. Seja lá o que for que ficar "descoberto", prejudicará o tal espetáculo do crescimento. Basta esperar para ver qual atitude o governo tomará, mas já adianto: será aquela que trouxer o menor prejuízo eleitoral possível.

*Fonte: www.aneel.gov.br (consultada em 03/11/2007)
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Sou apenas um brasileiro, professor de Geografia, crítico da Política e das "politicalhas" que vejo todos os dias por aí. Sou um cara simpático com meus alunos e amigos, totalmente antipático com e que não acredita mais em política, que gosta muito de dar aula, principalmente pela liberdade de expressar minhas opiniões e discutí-las com os alunos. Gosto de viajar, gosto do bom e velho Rock'n'Roll. Gosto muito de Geografia e de estudar os "matos" desse país. Acho mesmo que nasci no país errado: prefiro campo a praia, vinho a cerveja, frio a calor, morenas a loiras, honestidade ao famoso "jeitinho brasileiro". Enfim isso tudo. Quem quiser saber mais pergunte para meus amigos e alunos.

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