Vários erros foram cometidos ao longo das várias gestões na administração federal, que empurraram o problema "com a barriga". Eles culminam agora na incapacidade brasileira de alçar vôos maiores na economia globalizada. Na tabela acima* pode-se ver, em porcentagem, a produção de energia de acordo com as matrizes energéticas. Fica claro que, apesar da redução significativa na participação das Hidrelétricas, o país ainda é refém dela. A segunda matriz energética mais utilizada é o gás, agora utilizado para cobrir deficiências no abastecimento hidrelétrico.
O problema na não diversificação das matrizes energéticas é que o potencial hidrelétrico diminui sensivelmente em épocas de estiagem, com redução dos reservatórios. Isso está acontecendo agora e a solução encontrada pelo governo foi desviar gás para a produção de energia em termelétricas, normalizando esse setor. Só que o gás que deixou de ser entregue, especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro, praticamente paralisou setores industriais inteiros, como o ceramista, além de atingir em cheio a maior frota de automóveis movidos a gás no país (o RJ tem mais de 700 mil carros usando essa fonte de energia).
Agora o governo diz que entregava mais gás do que estava nos contratos e que irá apenas cumprí-los. Esquece-se que ele próprio incentivou pessoas e indústrias a investir nessa matriz energética, o que agora pode significar um prejuízo de milhões de reais, especialmente para indústrias que não tem uma segunda opção de energia.
Como disse no começo, o Brasil não tem capacidade energética para crescer economicamente mais do que já cresce, por volta de 4,5% ao ano, muito atrás da Argentina, por exemplo, que cresce 9% ao ano. Que isso sirva de lição para os planejadores públicos, que esquecem-se das mais simples contas de matemática: o crescimento no fornecimento deve ser maior do que no consumo, senão corre-se o risco de um novo apagão (o que sinceramente não acredito). Mesmo não correndo o risco de sofrer um apagão como em 2001, acredito que os setores que dependem do gás vão sofrer um grande baque, prejudicando seu crescimento e afetando negativamente a balança comercial brasileira. Parece a velha história do cobertor curto, ou cobre os pés ou a cabeça. Seja lá o que for que ficar "descoberto", prejudicará o tal espetáculo do crescimento. Basta esperar para ver qual atitude o governo tomará, mas já adianto: será aquela que trouxer o menor prejuízo eleitoral possível.
*Fonte: www.aneel.gov.br (consultada em 03/11/2007)
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