Um turbilhão de ideias!

Quando a política entra no meio...

Historicamente, o MST tem atuado no Brasil, desde meados da década de 80, pela reforma agrária e o acesso à terra, altamente concentrada nas mãos de poucos proprietários. Mas de algum tempo para cá, alguma coisa mudou. Aquele movimento de ocupação, que visava mostrar à sociedade a grande quantidade de terras improdutivas no país virou algo parecido com um partido político. E isso, é claro, no pior sentido possível.
Ontem a estrada de ferro Carajás, no Pará, foi invadida pela terceira vez. A locomotiva, que manobrava no pátio, foi imobilizada, os funcionários retidos e depois de meia hora libertados. Faixas e bandeiras foram afixadas no trem, como mostra a foto acima*.
Esse tipo de manifestação deixa claro como as massas populares são facilmente manipuladas, convencidas a praticar atos ilegais, em que a emenda sairá pior do que o soneto. De acordo com o site do MST, várias eram as reivindicações. Entre elas, o aumento do repasse de verbas, investimentos em programas sociais, construção de moradias populares e hospitais, programas de educação com escolas convencionais e técnicas e a criação de um conselho deliberativo, com representantes da CVRD, governos e sociedade civil para determinar os rumos da exploração mineral na região. Só se esqueceram de uma coisa: a CVRD é uma empresa privada! Além das obrigações impostas por lei, ela não tem responsabilidade nenhuma para com a população local. Só fará alguma coisa nesse sentido se ela mesma decidir. Também é ingenuidade achar que uma empresa privada vai deixar a sociedade civil decidir os rumos da sua produção. Acreditar nesse tipo de história é para gente mal-informada ou mal-intencionada. E fazer essa empresa ter um prejuízo da ordem de US$10 milhões (segundo a CVRD) não é jeito mais inteligente de pedir alguma coisa.
Quando digo que deve-se tomar mais cuidado com ações desse tipo não é porque sou intransigente com movimentos populares. Muito pelo contrário. Ao parar a linha férrea, o MST faz exatamente aquilo que a CVRD queria: ser transformada em vítima. Ou o MST acha que a CVRD vai levar a culpa pela falta de abastecimento de combustível ou o transporte de passageiros? Ao ler o manifesto na página do movimento na internet, uma coisa fica clara: eles querem dinheiro. A Vale lucra como nunca e como não é mais estatal, não há roubos, propinas e corrupção. Alegam de forma correta que o processo de privatização foi vergonhoso, no que concordo. Mas uma vez realizado, não há volta. Ou será que conseguirão colocar na cadeia o ex-presidente da república Fernando Henrique Cardoso e a cúpula de seu governo? De outra forma não há legitimidade para anular a privatização.
Outra coisa que não entendo é o histórico do movimento, colocado na página da internet. Nele, há uma critica aberta ao período FHC: "O Brasil sofreu 8 anos com o modelo econômico neoliberal implementado pelo governo FHC, que provocou graves danos para quem vive no meio rural, fazendo crescer a pobreza, a desigualdade, o êxodo, a falta de trabalho e de terra". No entanto, defende o governo Lula: "A eleição de Lula, em 2001, representou a vitória do povo brasileiro e a derrota das elites e de seu projeto", apesar de que "mesmo essa vitória eleitoral não foi suficiente para gerar mudanças significativas na estrutura fundiária e no modelo agrícola". Se a luta era por acesso às terras e reforma agrária, porque defender um governo que é incapaz de gerar as reformas necessárias e atender às reinvidicações originais do movimento?
A verdade é que o governo Lula paga as contas do MST e por isso eles o defendem. A luta pela terra não importa mais, o movimento é mais importante do que as conquistas. Se hoje o governo decidisse fazer uma reforma agrária, eles seriam os primeiros a lutar contra. "E a fonte de renda, vai sair de onde? Da terra?", diriam eles. Estão acostumados a serem financiados, não querem mais trabalhar. E para que isso continue, é necessário que a manipulação da massa continue. Criticam empresários e industriais, assim como os políticos. No entanto fazem o mesmo que eles: prometem algo que não tem intenção nenhuma de cumprir, apenas para continuar recebendo as verbas federais, quase como um partido político. Não é mais um movimento popular. É uma máquina de fazer dinheiro.

*Foto: Divulgação (http://www.cvrd.com.br)
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Sou apenas um brasileiro, professor de Geografia, crítico da Política e das "politicalhas" que vejo todos os dias por aí. Sou um cara simpático com meus alunos e amigos, totalmente antipático com e que não acredita mais em política, que gosta muito de dar aula, principalmente pela liberdade de expressar minhas opiniões e discutí-las com os alunos. Gosto de viajar, gosto do bom e velho Rock'n'Roll. Gosto muito de Geografia e de estudar os "matos" desse país. Acho mesmo que nasci no país errado: prefiro campo a praia, vinho a cerveja, frio a calor, morenas a loiras, honestidade ao famoso "jeitinho brasileiro". Enfim isso tudo. Quem quiser saber mais pergunte para meus amigos e alunos.

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Estamos caminhando por um mundo globalizado que não enxerga diferenças mais do que econômicas, por isso esse é um dos focos dos atuais estudos geográficos. Como amante, seguidor e professor dessa velha matéria, me sinto na responsabilidade de passar as idéias e atualidades desse contexto para os meus alunos e amigos, como quaisquer outros seguidores que vierem.

A visão é de uma pessoa que passou por diversas dificuldades e ainda passa, vivendo na periferia e tentando, a partir dela, criar certa resistência ao processo de desmonte da educação como um todo que acontece hoje no nosso país. Portanto, continuem se sentindo em casa, e não se esqueçam de comentar e dar suas opiniões sobre cada postagem. Como sempre, respondo aos comentários o mais breve possível.



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