Sei que não há muito o que falar a respeito da Festas Juninas, afinal são um marco da cultura brasileira, essencialmente nordestina, com comidas típicas, danças, roupas e uma alegria contagiante. Quando falamos dessas festas no nordeste falamos de grandes eventos. Aqui em São Paulo, por exemplo, temos apenas alguns lugares em que há festas grandiosas, como no Centro de Tradições Nordestinas, praticamente um pedaço do nordeste nessa cidade. Uma delícia! Mas na maioria são pequenas festas, isoladas.
Aí vão me perguntar: o que é que a geografia tem com isso? E eu prontamente respondo: Tudo.
Primeiro que muitas das tradições dessas festas vem de fora, de outros países. A palavra forró, por exemplo tem duas origens mais aceitas. Uma diz que vem do inglês FOR ALL. Outra diz que vem da palavra forrobodó, que significa bagunça e foi trazida da África. Mundo globalizado, já há muito tempo.
Outro detalhe que não podemos esquecer é que nas grandes cidades do centro-sul festa junina é aquela realizada nas escolas, o que é muito diferente do nordeste, onde cidades inteiras se preparam para as festividades e para receber o imenso número de turistas, que movimentam grandes quantias de dinheiro nesses locais. Bom para a economia.
Sem contar ainda que as festas que se mantém originais, pelo menos no geral, representam uma posição de defesa da cultura regional de um povo face aos ataques de uma cultura de massa que vem de fora e que tenta globalizar o Inglês como língua universal, o R&B ou RAP como música, o Mc Donald's como comida. O capitalismo globalizante ataca com todas as suas armas, grandes grupos, associações de países, transnacionais. E as culturas locais, não só no Brasil, resistem como forma de manter a sua individualidade e identidade como grupo cultural. No caso do Brasil, que os Bacamarteiros nos protejam!
Só para constar: queria ver traduzir isso para o inglês de forma que os agentes do capitalismo entendam...
O ABC do Sertão (Zé Dantas e Luiz Gonzaga)
Lá no meu sertão pros caboclo lê, têm que aprender um outro ABC
O jota é ji, o éle é lê, O ésse é si, mas o érre tem nome de rê
Até o ypsilon lá é pssilone. O eme é mê, O ene é nê
O efe é fê, o gê chama-se guê.
Na escola é engraçado ouvir-se tanto "ê"
A, bê, cê, dê, fê, guê, lê, mê, nê, pê, quê, rê, tê, vê e zê.