Mas de tudo o que ocorreu, ficou a marca da má gestão e do caos estabelecido pelo rompimento dos diques que seguravam as águas das represas em torno da cidade. Muitos mortos, desabrigados, destruição e pouca ajuda do governo federal. Muitas críticas foram a ainda são feitas ao governo de George W. Bush pela forma como foi feita a assistência à população carente da cidade.
A cidade, importante pólo cultural norte-americano, não foi devidamente preparada para suportar tal tragédia, mesmo depois da revista Scientific American divulgar, em 2001, um número especial com as previsões sobre o que aconteceria com a cidade se ela fosse atingida por um furacão de categoria 4 ou 5. Foi exatamente o que ocorreu.
Deixados de lado no planejamento, o que se viu depois da tragédia foi uma falta de eficiência na assistência que beirava a má vontade. Os desabrigados dependiam de que tudo viesse de fora, inclusive roupas, remédios, comida e água. Muitos morreram por falta de atendimento ou foram contaminados pela água que tomavam.
Hoje o que se vê em New Orleans é uma cidade reconstruída para o turismo. O centro histórico, com seus bares de Jazz e agitada vida noturna já voltaram a funcionar há muito tempo. Os bairros próximos, obviamente, foram reconstruídos. Aqueles que ficam mais distantes do centro só serão reconstruídos pelo governo se forem considerados viáveis, ou seja, se pelo menos metade dos moradores quiserem voltar. Como a infra-estrutura básica necessária (água, energia elétrica, esgoto encanado, etc) ainda não foi restaurada, dificilmente alguém vai querer voltar para seu antigo bairro.
O que mais me entristece é o fato de toda a reconstrução pensar no turismo e toda falta de reconstrução também. Ninguém pensa nas pessoas, nos antigos moradores. Nos bairros em ruínas são feitos roteiros turísticos, os chamados "Katrina tours", onde turistas de todo o mundo vão ver a destruição causada por um fenômeno natural extremo. E enquanto esse turismo responder por mais de 70% do turismo da cidade, com gente ganhando dinheiro com isso, o governo não vai se preocupar com reconstrução, afinal está se gerando lucro (para ele, inclusive).
Enquanto isso, os novos diques que represam as águas são reconstruídos, mas com previsões de estarem prontos entre 2011 e 2015. Até lá a população não estará completamente segura. Não adianta colocar a culpa na natureza se o ser humano não tiver a vontade e a capacidade de reconstruir aquilo que foi destruído.
Reconstrução apenas da parte turística, lucrar com a tragédia alheia, ser omisso, manter escolas e hospitais fechados ou funcionando parcialmente...acho que agora entendi as "férias" que Bush veio passar no Brasil. Aprendeu bem a lição tupiniquim de como não agir, levar a fama de ter agido e ainda se beneficiar política e economicamente do fato. Afinal, ninguém é tão eficiente nessa parte quanto a gente, não é mesmo?
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