Cenário: Rio de Janeiro, túnel Zuzu Angel, que liga São Conrado à Gavea, zona sul. Com o túnel interditado para manutenção o músico e alguns amigos aproveitaram para andar de skate, por considerarem o local seguro. O que eles não contavam era que alguns amiguinhos, ao que parece brincando de pega-pega automotivo (leia-se racha, como é chamado em São Paulo a corrida entre carros feita de forma ilegal), entrariam no túnel interditado, sinalizado, por uma passagem proibida e colocariam suas vidas em risco. Não adianta o advogado do atropelador dizer que não dava para ser um racha pois os carros são muito diferentes em motorização. Basta ver os antecedentes na companhia de engenharia de tráfego desse pseudo piloto, com pelo menos cinco multas por excesso develocidade. Muito me admira esse tipo de gente (?): agora o que importa é que não era um racha e sim que os pobres-coitados fizeram o retorno proibido porque estavam com medinho de passar ao lado do morro. E daí se eles mataram uma pessoa nessa situação? Advogados assim me enojam.
Mas eu gostaria mesmo de chamar a atenção para outro fato: ao MATAR uma pessoa e ser abordado pela polícia, o que houve? Um acordo. Policiais acharam que 10 mil reais eram o sufuciente para que uma pessoa morresse sem socorro e um assassino escapasse do flagrante. Educação para que, não é mesmo? Aí o assassino e seu papai aceitaram pagar o suborno para FINGIR QUE NADA TINHA ACONTECIDO! O papai do assassino também mandou o carro bem cedo para a funilaria e exigiu urgência no trabalho de reparação, ou seja, destruição de evidências e obstrução do trabalho da polícia.
Trocando em miúdos: a família do assassino tem por hábito ENCOBRIR e SE RESPONSABILIZAR por todas as cagadas do seu filhotinho. Não importa o quão grande seja a burrada que ele fez, tudo fica certo com um pouquinho de cola, gritos, desrespeito e propina. São provavelmente daquele tipo de pais que brigavam com o professor quando o coitadinho do filho colava na prova e era pego em flagrante, ficando com zero de nota; brigavam com a escola quando o pobre-coitado era suspenso "apenas" por ter explodido o banheiro; entravam com processo na justiça contra os pais de outro aluno porque seu inocente filhinho jamais colocaria fogo no cabelo de alguém.
A péssima educação vem de péssimos exemplos. Não é à toa que vivemos em uma sociedade em que cada vez mais os jovens cometem crimes indescritíveis como matar os pais por herança ou atropelar alguém e fugir para se livrar da própria culpa. Esses jovens, a maioria da classe média alta e alta, estudaram em boas escolas e tiveram boa formação. O que não tiveram foi boa educação, pois seus pais não foram suficientemente homem / mulher para isso e não permitiram que alguém fizesse o serviço. O resultado? Um ser vivo que mata uma pessoa e só consegue pensar em uma coisa: COMO FAÇO PARA ME LIVRAR DISSO? Basta chamar o papai que ele resolve.
Infelizmente para eles a pessoa assassinada é conhecida e filho de uma atriz do principal canal de televisão do país. A mídia vai massacrá-los e exigir uma condenação, como no caso do jornalista Tim Lopes, assassinado no Rio de Janeiro também. Talvez, se os pais se dessesm conta de que dar educação aos filhos não é dar para eles tudo que eles querem, nem na hora, nem do jeito, nem com quem eles querem a história hoje fosse diferente e o músico ainda estivesse vivo. A vida atual exige que as pessoas se distanciem dos filhos por causa do trabalho, eu até entendo isso. Mas isso não é desculpa para que esses pais estimulem dentro de suas próprias casas a criação dos assassinos da nossa sociedade.
1 comentários:
Pois é, Professor. Isso é realmente vergonhoso. Fez-me lembrar de um autor (não lembro seu nome) que descreveu um belo exemplo de educação: uma vez passando de carro por uma rua, deparou-se, ao longe, com uma mulher carregando uma carroça recolhendo papelão com duas crianças dentro e, estas estavam super limpas e asseadas; a mãe também se mantinha assim. Mesmo na situação da qual se encontravam, eles eram felizes, sentia-se isso. Notou também que a mãe sempre os exortava das coisas, provavelmente ensinando-as a fim de que pudessem sobreviver mais tarde em um mundo tão hostil. Essa foi a imagem descrita no livro e que nunca me sai da mente. Sem dúvida, os responsáveis têm sim a incumbência de corrigir os filhos quando necessário, até porque, querendo ou não, são a motivação que molda a maneira de agir e pensar dos filhos.
Excelente postagem!
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