Iniciou-se então um processo interessante e perigoso. O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes mandou soltar os acusados. Ficou provado então, com base em novas gravações, que pessoas ligadas a Daniel Dantas e ao seu comando tentaram subornar um delegado da Polícia Federal. Novamente foi preso o acusado e novamente Gilmar Mendes mandou soltá-lo, nitidamente como afirmação de seu cargo. Essa situação provocou um imenso mal-estar entre os magistrados do país, que apoiaram em grande maioria o Juiz Federal Fausto Martin De Sanctis, responsável pelos pedidos de prisão. Juro que gostaria de ver essa disposição no STF para julgar grandes injustiças que acontecem no Brasil, como por exemplo o governo federal não cumprir a constituição em muitos dos seus capítulos
Finalmente, o delegado Protógenes Queiroz, que comandou toda a operação, foi afastado repentinamente do cargo, o que mostra que parte da Polícia Federal ou alguém acima dela precisava que as investigações parassem nesse nível, afinal ninguém desvia dinheiro público sem alguém de dentro da administração pública estar no esquema. Então as investigações estagnaram, pois se elas continuassem encontrariam mais culpados, provavelmente dentro do próprio governo.
Essa operação da Polícia Federal serviu para mostrar várias facetas das pessoas nesse país: ainda há pessoas interessadas na verdade e na justiça; ainda há pessoas que não estão interessadas na verdade e justiça, fazendo de tudo para se livrar das próprias culpas; ricos quando são presos pela polícia são soltos pelo presidente do STF, enquanto pobres quando são presos sob qualquer acusação apodrecem na cadeia. Não consigo ver esse país de forma diferente: somos uma nau que deixou o porto com dois graus de erro nos cálculos de rota e navega há mais de 500 anos em rota cada vez mais errada. Se o leme não for virado para o lado certo, jamais voltaremos para o caminho que nos levará à construção de um país no mínimo digno. Porque pensar em justiça hoje acho que é pedir demais.
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