Análise fria dos números!
Terminadas as eleições 2010 posso começar a colocar no blog as análises e os resultados, que venho preparando há algum tempo. Isso foi possível pois algumas coisas foram bastante previsíveis, outras nem tanto. A maioria não apresentou nenhuma novidadade.
Vou começar pela análise dos números, puros e simples. Na campanha presidencial, a realização do segundo turno não era esperada, pelo menos para os institutos de pesquisa. É claro que houve uma resposta clara do eleitorado que não aceita o modelo de gestão do PSDB, representado por Serra e tampouco aceita o modelo do PT, representado por Dilma. Assim, Marina recebeu quase 20 milhões de votos e ajudou indiretamente Serra a ir para o segundo turno. Nesse pleito, deu o esperado: margem de aproximadamente 12% a mais para a candidata do PT à presidência, sendo assim eleita.
O governo fazer o seu sucessor não é nenhuma novidade no Brasil, assim como não seria se não o fizesse. O que me intriga e me leva ao questionamento é: na última pesquisa Ibope sobre o governo Lula, 83% responderam bom ou ótimo; Dilma, no entanto, teve 56% dos votos válidos. Isso significa que 27% daqueles que acham Lula bom ou ótimo não acham Dilma boa o suficiente? É uma boa questão.
Outra constatação a se fazer é que a abstenção foi ridiculamente grande. Em um país em que há quase 136 milhões de eleitores, quase 2,5 milhões votaram em branco, quase 5 milhões anularam seu voto e quase 30 milhões simplesmente não votaram. Somados, são mais de 36 milhões de eleitores que não acreditam em nenhum dos candidatos ou que não acham que votar para presidente seja mais importante do que curtir um feriado prolongado. Para comparação, Serra obteve cerca de 43 milhões de votos, pouco mais de 7 milhões de votos a mais. E a abstenção não foi tão diferente assim do primeiro turno, quando tivemos cerca de 101 milhões de votos válidos, enquanto no segundo turno o número foi de cerca de 99 milhões. Nem colocar a culpa no feriado podemos.
Para os governos estaduais, o que hoje é a oposição (PSDB e DEM) saiu vitoriosa por administrar 10 dos estados mais importantes economicamente o país e com mais de 52% do eleitorado. O PT ficou com 5 estados, o PMDB com mais 5 e o PSB foi o partido mais fortalecido, tendo sido base de apoio do governo, ficou com 6 estados. Mas quando comparada a uma análise do Congresso e do Senado, a oposição perdeu espaço, tendo sua importância bastante reduzida. Isso significa que o governo eleito terá maioria no Senado e Câmara dos Deputados para passar todas as suas propostas, uma maioria absoluta como nem mesmo Lula teve em seus dois mandatos.
No mais, a grande novidade foi a eleição de uma mulher para o cargo máximo do país, algo inédito na história do Brasil. Mas a realidade não deixou de ser a mesma para as candidatas no Brasil: pouco espaço, obrigatório por lei (30% dos candidatos de todos os partidos tem de ser mulheres) e pouca projeção. Basta contar o número de candidatas a governos estaduais e ver os resultados: 25 governadores eleitos contra 2 governadoras. Para o Senado, a mesma coisa: dos 54 eleitos, 8 mulheres e 46 homens. A mesma lógica se segue para os cargos de deputadas. Mas creio que esse seja um quadro a ser mudado, afinal a qualificação feminina tem avançado muito nas últimas décadas para combater os baixos salários e o preconceito, enquanto a qualificação masculina está em queda. Por outro lado a eleição de uma mulher para a presidência da República pode interferir diretamente nesse caso, positivamente.
Depois da análise dos números virão os comentários. Mas cada coisa a seu tempo.
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