O bolsa-família é sim assitencialismo barato, usado como cabresto eleitoral no curral eleitoral nordestino, onde está a maioria dos cartões do programa. Ele é necessário e estratégico para a eleição da Dilma, o tapa-buraco providencial do Lula. E não estou dizendo que ele não seja importante para quem recebe, que fique bem claro, mas que ele deveria ser apenas um paliativo temporário e não uma moeda de troca eleitoral eterna, como é costume no Brasil.
Com o aumento dos valores anunciado hoje, a União vai gastar aproximadamente R$ 12 milhões com esse programa. Aí vão dizer: "tá reclamando de gastar dinheiro com os pobres..." e eu respondo: gastando dinheiro? Não estamos mesmo! No ano passado, só o governo federal arrecadou 701,403 bilhões de reais com impostos e contribuições*. Fazendo uma conta simples, podemos ver que o bolsa-família, orgulho do Lula, representa aproximadamente 0,017% desse valor. Façam a conta, é uma regra de três simples. Se é para ajudar, porque não ajudar de verdade? Dinheiro tem, não sabemos onde vai parar, pois não está onde devia (educação, saúde, etc). E o molusco ainda vem posar de santo.
Nossa anta de plantão também disse que "Somente uma pessoa ignorante ou uma pessoa de má-fé ou uma pessoa que não conhece o povo brasileiro será capaz de dizer que uma pessoa que recebe o Bolsa Família vai ficar vagabundo e não quer mais trabalhar. É não conhecer a sociedade brasileira". O Lula conhece mesmo a sociedade brasileira, tanto que falou logo a seguir que já registrou "gestos extraordinários" de pessoas que devolveram o cartão depois de conseguir um emprego. Isso não faz parte do programa? Ah, é que pessoas honestas são algo extraordinário mesmo nesse país.
Ele é muito bom em falar dos gastos do governo com o lado social da coisa, e como isso o distancia e o diferencia de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Mas no governo dele, além da corrupção e da distribuição de dinheiro e cargos públicos, a arrecadação de impostos só aumentou também. Isso significa dizer que a situação econômica do Brasil melhorou, a arrecadação aumentou e como recompensa pelos esforços da sociedade, a carga tributária aumentou também. Veja o gráfico** e compare os dois governos. Agora vejamos: eu me coloco na posição de criticar o programa, com embasamento teórico e experiências vivenciadas na realidade do cotiano; ele faz campanha eleitoral com o programa de distribuição de renda que o FHC inventou (e que o Lula só mudou o nome) e chama os críticos de ignorantes e imbecis.
Para quem começou no sindicalismo criticando os patrões, lutou por eleições diretas, foi candidato derrotado várias vezes à presidência do país até que ganhou, a trajetória parece ser importante. Ele antes dizia que Collor, Sarney e Maluf eram o que de mais podre existia na política. Hoje esses são seus principais aliados. Dizia que o seu partido era "dos trabalhadores" e que lutava contra a corrupção. Quando chegou ao poder, governou para os ricos e se mostrou o mais corrupto de todos, além de ser o mais incompetente em ocultar sua corrupção, seus dólares na cueca, os mensaleiros, os acordos escusos, os atos secretos e nem tão secretos em defesa do indefensável, como no caso Sarney. Disse que diminuiria os gastos do governo e eles aumentaram sem parar. Disse que faria as reformas necessárias para o país, mas nenhuma foi feita (política, do judiciário, tributária, entre outras). Para quem dizia que era diferente, que defenderia o povo, que lutaria contra a corrupção, me parece que caiu bem a carapuça de Ali Babá. A diferença é que aqui temos muito mais do que quarenta ladrões.
Enquanto isso, eu continuo trabalhando em três instituições de ensino diferentes para pagar as minhas contas, dividindo meus ganhos com o governo, o sócio macabro que todo brasileiro tem, que não faz nada mas rouba quase 40% do que eu ganho e não me devolve nenhum benefício em troca. Tento toda vez que entro em sala de aula preparar os alunos para que eles tenham uma postura mais digna e crítica perante os tantos ladrões que ocupam os principais cargos públicos brasileiros, pois foi a forma que eu encontrei de tentar ajudar nessa situação. E escrevo nesse blog para que as pessoas saibam a opinião de alguém que discorda das coisas como estão postas, mas com argumentos, tentando mostrar para todos o descalabro que é essa gestão, o quão podre é essa pessoa e esse partido. Mas como já diria Nelson Rodrigues: Nada é mais cansativo do que tentar mostrar o óbvio. E eu já estou ficando cansado.
* De acordo com dados da Receita Federal de janeiro de 2009.
** Fonte: Folha on line
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