Um turbilhão de ideias!

Mutreta no Irã

As últimas eleições presidenciais do Irã mostraram uma faceta antiquada mas ainda muito utilizada no mundo, a manipulação de resultados. Ato muito mal feito, por sinal, uma vez que a contagem manual dos votos deveria durar alguns dias e os resultados foram divulgados doze horas depois de terminada a votação. É muito querer que se conte os aproximadamente 40 milhões de votos daquele país em tão pouco tempo.
A revolta provocada no Irã está muito ligada à quantidade de pessoas que votaram nessas eleições, mais de 85% do total de eleitores. Todas as avaliações previam a derrota do atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad e foi muito estranho que ele tenha vencido em todas as unidades eleitorais, inclusive na cidade natal de seu principal adversário, Mir Hossein Mousavi. As pessoas se sentiram enganadas, é óbvio, por acreditar em um sistema eleitoral que demonstrou tamanha manipulação. Como consequência, uma onda de revoltas assolou o país, com manifestações gigantescas contrárias ao governo em que as pessoas reclamam do resultado das eleções.
O problema é que em muitos países os líderes estão cada vez mais chegados no poder, seja por ele próprio, pelo dinheiro que manipulam ou pelo status que os cargos lhes dão. Infelizmente, voltou a ser prática comum o desrespeito à democracia, como vemos em vários países da América Latina, por exemplo, em que atitudes antidemocráticas são disfarçadas por plebiscitos e consultas populares. Tudo bem que o Irã não é exatamente uma democracia, afinal o líder supremo, acima do presidente, é um cargo religioso e vitalício. Mas deve ser interessante manter o radical Ahmadinejad no poder, pois a reação de Ali Khamenei foi ordenar o fim dos tumultos e protestos, inclusive repreendendo violentamente as manifestações populares. Também tentou, aí sem muito êxito, impedir que as imagens dos protestos e da violência da polícia fossem mostrados para todo o mundo. Mas a internet se encarregou de impedir que os acontecimentos ficassem fechados naquele país e ganharam o mundo.
O que se vê são eleitores revoltados com o resultado manipulado das eleições, reagindo com veemência ao seu resultado e sendo por isso combatidos pelo governo. Os governistas, que exultaram o imenso comparecimento dos eleitores às urnas não imaginaram que isso viria a ser um problema tão grande. Afinal, quando um povo tem um pouco de senso crítico não fica quieto assistindo às palhaçadas que seus governantes fazem com seus votos, seu dinheiro, sua vida. Fica a lição, que talvez fosse aprendida em outros países se os programas de ensino público funcionassem: o povo é que manda no governo, não o contrário. Se Ahmadinejad ficar no governo, não será lembrado como o presidente eleito e reeleito do Irã e sim como mais um golpista que conseguiu se dar bem e, manipulando resultados, deu um "golpe de Estado", permanecendo no poder mesmo sem ter sido eleito. Ilegal, ilegítimo e antiético são as únicas descrições possíveis para o que está acontecendo agora no Irã. Veremos se farão aquilo que prometeram e executam os manifestantes, o que seria um massacre.
Em uma situação como essa, fica a pergunta: porque disfarçar? Assumam a ditadura de uma vez e matem os opositores. Pelo menos terão sido homens o suficiente para admitir as cagadas que fazem.
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3 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Olá Professor!!
Primeiro quero dizer que seu Blog é muito bom, ajuda muito quem entende pouco sobre política e assuntos do gênero e não dispõe de tempo suficiente.
Bom, agradecimentos a parte, vamos ao "ponto-questão".
Aqui o senhor diz que o Ahmadinejad deu um "golpe de estado" para continuar no poder, manipulando os votos muito claramente, certo!? Então seria exatamente assim uma maneira de sempre permanecer no poder, ou há outros meios desses líderes continuarem no poder com o golpe de estado!?
RESUMINDO: HÁ OUTRAS MANEIRAS DE DAR UM GOLPE DE ESTADO, OU É EXATAMENTE ASSIM COMO AHMADINEJAD FEZ?!

Segrel Epilético disse...

Façamos uma comparação:

O Brasil é a economia mais estável do mundo pela ausência de revolta, vontade, ou mesmo inteligência por parte de sua população, que observa (ou finge que não viu) o governo e segue sua vidinha.
Desculpem-me se estou sendo pessimista demais, mas gente matando cachorro a grito para ficar no poder sempre existiu e existirá por um bom tempo neste mundo.
Se o Brasil tivesse uma população como a do Irã esta nossa estabilidade econômica poderia converter-se em um crescimento (não só econômico mas também cultural) e vir a ser a chave para este país emergente tornar-se uma potência de fato.
O que mais me chama a atenção é a atitude dos eleitores iranianos, nem tanto da corrupção...

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"Quem não raciocina é fanático, quem não sabe raciocinar é um imbecil e quem não ousa raciocinar é um escravo"
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Sou apenas um brasileiro, professor de Geografia, crítico da Política e das "politicalhas" que vejo todos os dias por aí. Sou um cara simpático com meus alunos e amigos, totalmente antipático com e que não acredita mais em política, que gosta muito de dar aula, principalmente pela liberdade de expressar minhas opiniões e discutí-las com os alunos. Gosto de viajar, gosto do bom e velho Rock'n'Roll. Gosto muito de Geografia e de estudar os "matos" desse país. Acho mesmo que nasci no país errado: prefiro campo a praia, vinho a cerveja, frio a calor, morenas a loiras, honestidade ao famoso "jeitinho brasileiro". Enfim isso tudo. Quem quiser saber mais pergunte para meus amigos e alunos.

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Olá a todos.


Estamos caminhando por um mundo globalizado que não enxerga diferenças mais do que econômicas, por isso esse é um dos focos dos atuais estudos geográficos. Como amante, seguidor e professor dessa velha matéria, me sinto na responsabilidade de passar as idéias e atualidades desse contexto para os meus alunos e amigos, como quaisquer outros seguidores que vierem.

A visão é de uma pessoa que passou por diversas dificuldades e ainda passa, vivendo na periferia e tentando, a partir dela, criar certa resistência ao processo de desmonte da educação como um todo que acontece hoje no nosso país. Portanto, continuem se sentindo em casa, e não se esqueçam de comentar e dar suas opiniões sobre cada postagem. Como sempre, respondo aos comentários o mais breve possível.



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