Como Começa?
No ano de 2001, uma outra crise estava se encerrando, a das empresas ligadas à internet, chamadas "pontocom". Como solução, o Banco Central norte-americano, o FED, passou a diminuir sistematicamente as taxas de juros, estimulando o consumo. Nesse cenário, financiar ou refinanciar uma casa tornou-se um grande negócio, algo parecido com o "troca-com-troco", que algumas concessionárias fazem para vender carros no Brasil: os bancos financiavam as hipotecas dos consumidores e devolviam uma parte em dinheiro, que voltava a circular e aquecia a economia. Como os juros eram baixos, uma parcela de classe mais baixa teve acesso aos financiamentos, com títulos de maior risco de indimplência, chamados "subprime". Os bancos venderam esses títulos para outras financeiras, atingindo todo o mercado americano e parte do mercado externo.
Inflação
Com o consumo em alta, aumenta a inflação nos EUA e as taxas de juros voltam a subir, encarecendo a vida e aumentando a inadimplência desses financiamentos. Sem os recebimentos, bancos, financeiras e seguradoras, que garantiam esses empréstimos, passaram a ter sérias dificuldades financeiras. A oferta de empréstimos ficou muito restrita e as empresas, geralmente bancos, que compraram títulos lastreados nas hipotecas imobiliárias anunciaram perdas milionárias.
Crise dos bancos e seguradoras
Para os bancos, as perdas foram maiores, afinal tiveram sérios prejuízos com a inadimplência dos financiamentos e com a desvalorização dos títulos lastreados em hipotecas imobiliárias. A falta de liquidez (acesso a dinheiro) fez com que muitos bancos como Merrill Lynch e Wachovia, ambos entre os dez maiores bancos dos EUA, fossem vendidos com prejuízo de até 50% do valor das suas ações. Outros grandes bancos foram deixados à propria sorte, como o Lehman Brothers e o Washington Mutual e pediram concordata.
No entanto, os dois maiores hipotecários dos EUA, Freddie Mac e Fennie Mae, também anunciaram prejuízos enormes e a possibilidade de falência. Somadas as carteiras de crédito, eles correspondem a metade dos US$12 trilhões em empréstimos imobiliários nos EUA. O governo não teve outra alternativa senão injetar US$ 200 bilhões nesses bancos (e tomar para si a administração). A maior seguradora do mundo, a AIG, também perto de falir, foi salva por US$85 bilhões do governo, que também a administra agora. Tudo para evitar um efeito cascata ainda maior do que o que está acontecendo nessa crise que se torna global por afetar quem investe nos EUA, de todo o mundo.
Crise de confiança
Com a inadimplência, surgiu uma crise de confiança no mercado mundial. Quem sobreviveu até agora não quer correr riscos e pára de emprestar dinheiro. Quem ainda está na corda bamba, precisa de dinheiro. Essa instabilidade faz com que ninguém tenha certeza do que está acontecendo e como a crise seguirá. Investir nas bolsas de valores se torna ainda mais arriscado e há uma fuga dos investidores. Mais gente tenta vender, ninguém compra, resultado: desvalorização em massa das ações das empresas. As empresas acabam descobrindo do pior jeito que arriscaram mais do que deviam em números na tela do computador e têm pouco de palpável. As perdas em alguns casos se tornam irrecuperáveis e há falências em vários países.
G 7
O grupo de países mais ricos do mundo se reuniram e, após já ter tomado medidas em conjunto, anunciaram uma série de medidas que serão tomadas em conjunto para evitar prejuízos ainda maiores em todos os mercados mundiais. Entre as medidas tomadas, que seguem o padrão norte-americano de crédito ao mercado (pacote de US$700 bilhões aprovado pelo congresso), estão evitar novas falências de instituições financeiras; aumentar a liquidez dessas instituições; reestabelecer a confiança do mercado, voltando a emprestar dinheiro; garantir os depósitos em bancos e reativar o mercado de hipotecas. Não se pode esquecer que é necessário aquecer a economia e gerar empregos para que as hipotecas voltem a ser pagas. Sem isso, vai ficar difícil.
Brasil no contexto
Apesar das declarações infelizes do nosso presidente, sim, a crise existe e pode afetar e muito o Brasil. Não é um problema apenas de George W. Bush, como pensa Lula.
A grande dificuldade no Brasil será, como no resto do mundo, o acesso ao crédito, necessário para sanear contas de curto prazo e investimentos de médio e longo prazo. Com a desaceleração do crédito, diminuem também créditos imobiliários e automotivos e a produção industrial. Consequentemente aumenta o desemprego. As empresas com ações na bolsa de valores de São Paulo valem hoje metade do que valiam em maio desse ano. Não, a crise não deve mesmo nos atingir.
Fica a lição para o governo brasileiro. Guido Mantega afirmou que a economia está sólida e que estaremos bem. Os números não mostram exatamente isso. E o presidente, que discursa muito bem para as pessoas que não sabem o que está acontecendo, me impressionou muito. Primeiro não sabia da crise, mandou perguntar para o Bush. Depois declarou que o governo está atento à situação das empresas. Agora fala mal da cartilha do FMI, que administra a nossa economia há anos, cartilha que fica sob o travesseiro do presidente, seja ele quem for.
Sempre mordendo e assoprando, como um morcego vampiro, para manter a elite feliz e os pobres na ignorância Lula continua administrando o país como se administra um sindicato. Só que um sindicato não é um país. Muito menos um país é um sindicato.
1 comentários:
olá professor..^^
muito obrigada, essa postagem me ajudou e vai me ajudar muito no trabalho..
humm..só queria comentar o que você já falou, sobre a crise afetar o Brasil.
Realmente, quem trabalha em empresas multinacionas [e não só nelas] está sentindo os efeitos da crise.
O meu tio é gerente na área de contabilidade de uma multinacional e ele estava comentando que as principais empresas que compram peças da empresa que ele trabalha, suspenderam as compras, ou as reduziram...e houve um aumento de 50% na matéria-prima que eles compram, [que é importada].
Ele me disse que estão pensando em dar férias coletivas para os funcionários, porque não estão produzindo e se não produzem, não tem porquê manter os empregados na empresa...
está complicado...e sim..dá pra perceber que o Brasil está sentindo essa crise.
mais uma vez, obrigada, Prof...hehe
vou ler as outras postagens agora..^^
desculpa a demora pra ver tudo..
bjooo*
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