Igualdade racial?
Propositadamente esperei alguns dias para me pronunciar a respeito das declarações da ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria especial de política pública da igualdade racial (seppir), no final de março. Isso porque depois de ter atuado por mais de três anos como professor do cursinho pré-vestibular Educafro (Educação para carentes e afrodescendentes), tenho sérias restrições a esse tipo de movimento, do qual não participo mais. As declarações da ministra foram no mínimo infelizes, e digo porque. Mas vamos começar do começo: pelo nome da secretaria. O que esperar de uma Secretaria especial de política pública da igualdade racial? No mínimo, deve ser alguma coisa relativa a promover a igualdade entre cães, gatos, seres humanos, papagaios, ratos de esgoto, girafas (todos as raças de animais). A partir do momento em que o governo federal assume o fardo de carregar uma secretaria com esse nome, assume a real existência daquilo que deveria combater: o preconceito racial. Traduzindo, o governo assume que é racista para tentar acabar com o racismo. Sem querer ser chato, mas o conceito de raças para a biologia é muito diferente, sendo considerada raça quando existem descendências férteis. Se um negro e uma branca tiverem um filho, este descendente será fértil, portanto eles são da mesma raça. Para essa ciência, a espécie humana apresenta uma variabilidade genética entre 93% e 95% entre todos os seus grupos continentais, comprovando então que não existem "raças humanas".
Começamos a discutir as afirmações da ministra, que diz categoricamente que considera uma reação natural um negro se insurgir contra um branco, isso por causa do histórico de tratamento dos negros no Brasil. Não estou dizendo que os negros foram bem tratados, muito pelo contrário. Mas gostaria de saber da existência de um negro, ainda vivo, que tenha tomada chibatadas quando escravo. A esse negro deve ser feita alguma reparação, os outros estão se aproveitando de um fato histórico para obter algum tipo de vantagem. Sinceramente não acredito em reparação para as pessoas que não passaram pela escravidão. Primeiro por que não há reparação para a escravidão, segundo porque os escravos não estão mais vivos. Vão falar então "esse cara deve ser branco". Se se pode dizer isso de um brasileiro, sou branco, pelo menos tenho o fenótipo de um branco. O resto, a parte de dentro, é a mesma bagunça misturada de todo o resto da população.
Enquanto a ministra afirma seu preconceito contra os brancos, outra deputada, Andréia Zito (PSDB-RJ) quer investigar se a declaração da ministra configura um crime de indução ou prática de discriminação ou preconceito, previsto no código penal. E o vice-presidente da república, José Alencar, afirma que não existe problema racial no Brasil. Para que existe essa secretaria então?
Toda essa discussão e nem mesmo uma palavra foi dita sobre os verdadeiros problemas do Brasil, a péssima distribuição de renda (apesar do Bolsa-Esmola), as mancadas da corrupção, o horror que é a educação pública no Brasil, os indicadores sociais...tudo isso AFETA A TODOS, INCLUSIVE OS NEGROS. Poderíamos então tentar resolver problemas ao invés de criá-los, que tal? Ao invés de discutir cotas raciais (ou de qualquer outro tipo), educação de qualidade para todos. Ao invés de discutir preconceito, promover inclusão social para todos. O preconceito existe? É claro que sim. Mas não vamos resolver esse problema incentivando a inversão das desigualdade raciais, manipulando informações nem utilizando-se cargos públicos para promover discussões inúteis. Façam-me o favor!
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