Todos os dias quando saio de casa, seja para andar de carrro ou de ônibus, me sinto como se estivesse em um rally. Isso por causa da “qualidade” das ruas e avenidas nas quais eu trafego. E não são apenas em locais da periferia da zona sul de São Paulo, onde moro. Em outras áreas, mais ricas da cidade, isso também é normal. Mas esse problema não está restrito às ruas e avenidas, mas também às rodovias federais e estaduais. Em janeiro deste ano, o governo federal anunciou o investimento de R$ 440 milhões do dinheiro público (leia-se nosso dinheiro) para recuperar 26 mil quilômetros de estradas, na chamada Operação tapa-buracos. Uma operação com esse nome devia ser proibida apenas pela significado, afinal tapar buracos não significa resolver problemas! A oposição caiu matando no projeto, dizendo era gasto público sem concorrência, que a data era inapropriada para o recapeamento, entre outras acusações. Mas esquecem-se os tucanos que o senhor José Serra, eleito prefeito de São Paulo, fez a mesma coisa nessa cidade, inclusive com o mesmo nome. O site da prefeitura mostra que a cidade tem o maior programa de recapeamento da história (http://www.prefeitura.sp.gov.br/, em 18/01/2007), investindo quase R$ 164 milhões em asfaltamento. Aí me perguntam: “Mas não estão fazendo o serviço? Do que você está reclamando?” Reclamo da duração desses serviços.As empresas contratadas, ao que parece, não têm nenhuma responsabilidade pelo serviço prestado quando ele acaba. Por que não é possível que elas sejam tão incompetentes. Em uma economia capitalista, a empresa não sobrevive sem qualidade, e o que se vê são buracos que se abrem em ruas recém-asfaltadas ou que se abrem novamente em remendos recém-inaugurados. Ainda vou entender a lógica de pagar por um serviço que não tem garantias, se paga e acabou. Quando o buraco abrir de novo, se paga outra vez e acabou de novo.
E a culpa é das chuvas. Coitadas das chuvas. Em boa parte do “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”, chove copiosamente pelo menos seis meses por ano (quando não chove mais). Mas é querer demais que os administradores públicos saibam disso, não é mesmo? Vou então fazer aquilo que o ensino médio público não quis que eu aprendesse: conexões. Os financiamentos de campanha no Brasil passam de escusos para vergonhosos num piscar de olhos. Empresas que financiam campanhas ganham concorrências para prestar serviços públicos e resolver problemas que nunca são corrigidos de verdade.
É por isso, por exemplo, que existe a indústria do remendo, que remenda a rua para que o buraco se abra na próxima chuva, ou até antes. E mesmo com todo esse “investimento”, tudo o que se vê nas ruas são os remendos, correções de buracos, buracos e mais buracos, problemas nunca resolvidos.
Por isso eu disse no começo que fazemos rally quando saímos de casa. Enquanto houver a falta de respeito pelo cidadão, enquanto o cidadão não se fizer respeitar e enquanto houver indústrias especializadas em roubar dinheiro público (nosso, reitero), isso não vai mudar. Para resolver o meu problema pelo menos, acho que vou seguir o conselho de um grande amigo meu: vou comprar um jipe!












Propositadamente esperei alguns dias para me pronunciar a respeito das declarações da ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria especial de política pública da igualdade racial (seppir), no final de março. Isso porque depois de ter atuado por mais de três anos como professor do cursinho pré-vestibular Educafro (Educação para carentes e afrodescendentes), tenho sérias restrições a esse tipo de movimento, do qual não participo mais. As declarações da ministra foram no mínimo infelizes, e digo porque. Mas vamos começar do começo: pelo nome da secretaria. O que esperar de uma Secretaria especial de política pública da igualdade racial? No mínimo, deve ser alguma coisa relativa a promover a igualdade entre cães, gatos, seres humanos, papagaios, ratos de esgoto, girafas (todos as raças de animais). A partir do momento em que o governo federal assume o fardo de carregar uma secretaria com esse nome, assume a real existência daquilo que deveria combater: o preconceito racial. Traduzindo, o governo assume que é racista para tentar acabar com o racismo. Sem querer ser chato, mas o conceito de raças para a biologia é muito diferente, sendo considerada raça quando existem descendências férteis. Se um negro e uma branca tiverem um filho, este descendente será fértil, portanto eles são da mesma raça. Para essa ciência, a espécie humana apresenta uma variabilidade genética entre 93% e 95% entre todos os seus grupos continentais, comprovando então que não existem "raças humanas". 

